Sede localizada na Vila Pires exala o carisma de São Francisco de Assis para a população de rua que necessita de alimento, espiritualidade e moradia
A casa é simples, mas o atendimento é de coração! Acolhe Jesus através dos pobres! Uma iniciativa com inspiração divina! Assim, a Fraternidade Casa de Assis (Casa Betânia), situada na Rua: Coimbra, 307, na Vila Pires, em Santo André, se dedica ao acolhimento de moradores de rua, dependentes químicos e do alcoolismo, na busca de resgatar minimamente a dignidade perdida com o modo de vida em condições muitas vezes deploráveis embaixo de viadutos do município.
Mais informações sobre como colaborar com a obra no telefone: 4451-7243.
Um pouco dessa missão foi contada pelos irmãos franciscanos Valter Washington Ferreira, 35 anos, e Gilberto de Paula Queiroz, 45 anos, ambos nascidos em São José dos Campos, onde a organização religiosa foi fundada pelo irmão Reinaldo Fernandes Leite, e chegaram à cidade andreense, no ano passado, para contribuir no trabalho desenvolvido na sede local.
A Fraternidade Casa de Assis, que ainda tem sedes em Mogi das Cruzes, Igaratá, Bragança Paulista e Jacareí, tem como principal objetivo a doação em prol dos menos favorecidos e excluídos da sociedade. Por isso, mesmo, a manutenção do local é feita por meio de doações, caridade e providência divina para pagamento do aluguel do imóvel e custos como água, energia elétrica, telefone e gás. Também recebem cestas básicas e produtos de limpeza.
Atualmente, a residência comporta 45 pessoas. Acolhidos e acolhidas têm direito às refeições diárias (café da manhã, almoço e jantar) e participam de momentos espirituais, como a devoção mariana, por meio da reza de quatro terços.
A dupla de missionários franciscanos também integrou a equipe da Diocese de Santo André, que organizou no dia 19 de novembro, a primeira edição do Dia Mundial dos Pobres, uma ação em sintonia com o pedido do Papa Francisco, para atendimento e acolhimento à população de rua.
Despidos de qualquer vaidade, com suas vestes humildes, pés descalços, munidos de terços, crucifixo empunhado nas mãos e sem preguiça para caminhar pelas vias da cidade, ao lado da missionária da Missão Belém, Inácia Bernadete, dialogaram com migrantes, haitianos, desempregados, travestis, jovens, crianças, mulheres grávidas e dependentes químicos, cujo objetivo é sempre dar o pontapé inicial na transformação da vida dessas pessoas em situação de vulnerabilidade social.
Saiba mais sobre a atividade aqui: https://diocesesa.org.br/2017/11/21/no-dia-mundial-dos-pobres-diocese-de-santo-andre-restaura-dignidade-e-esperanca-de-centenas-de-pessoas/
Para Washington, que relembrou a ajuda voluntária da Casa de Assis, juntamente à Pastoral de Rua, na distribuição de “quentinhas” pela cidade, a experiência desta data acrescentou mais esperança para aqueles que estão marginalizados na sociedade.
“Senti muita alegria no coração em ter recebido esse convite para participar deste dia, ouvindo testemunhos, histórias de vida, o sofrimento de cada um, suas necessidades. Podemos nos identificar com o sofrimento, mas enxergar uma ponta de esperança. Mesmo estando nas trevas, dentro deles há uma luz, que acredita em Deus”, confidencia.
“Peço ao Nosso Senhor Jesus Cristo que derrame bênçãos infinitas a esses moradores de rua, consolando e os ajudando a encontrar oportunidades na sociedade, reencontrando a família e tendo uma vida normal”, ora.
Por outro lado, Gilberto recorre ao trecho bíblico “A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos” (Mateus 9,35-38), ao fazer um apelo para que mais voluntários se apresentem ao acolhimento dos mais carentes, a fim de que esse trabalho se torne permanente na sociedade.
“Na realidade, esse dia veio expandir mais a realidade que nós vivemos na Casa de Assis. Moramos com pobres vítimas de todo tipo de pobreza, da alma, financeira, do abandono. Vejo o quanto são necessárias mais vocações. Creio que para ter uma ação contínua nessa área social, precisamos de mais voluntários”, conclama, ao expressar preocupação com o aumento da população em situação de rua.
Dados do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) divulgados em 2017 revelam que, em todo o Brasil, 101 mil pessoas vivem nas ruas. O número cresceu nos dois últimos anos, em virtude do aumento de desempregados no país: cerca de 13,5 milhões de pessoas fora do mercado de trabalho no segundo semestre deste ano, indica levantamento do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Reportagem e fotos: Fábio Sales