Diocese de Santo André

Homilia de Dom Pedro na missa do segundo dia do tríduo preparatório para celebração do Jubileu de Prata Sacerdotal do Pe. Roberto Alves Marangom (Pe. Beto)

 3.12.2017

Tema Proposto:

O PRESBÍTERO E A COMUNHÃO ECLESIAL

           “Dar-vos-ei pastores segundo o Meu coração” (Jer 3, 15). Com estas palavras do profeta Jeremias, Deus promete ao seu povo que jamais o deixará privado de pastores que o reúnam e guiem:  “Eu estabelecerei para as minhas ovelhas, pastores, que as apascentarão, de sorte que não mais deverão temer ou amedrontar-se” (Jer 23, 4). A Carta aos Hebreus afirma claramente a “humanidade” do ministro de Deus: ele vem dos homens e está ao serviço dos homens, imitando Jesus Cristo: missionário do Pai (cf. Heb 4, 15).

Deus chama sempre os seus sacerdotes a partir de determinados contextos humanos e eclesiais, com os quais estão inevitavelmente ligados e aí mesmo recebem o chamado e são mandados para o serviço do Evangelho de Cristo. Deus chamou Pe. Beto quando já adulto tinha outra perspectiva de vida como biólogo de formação. Ele pode dizer como São Paulo: Deus me encontrou, laçou-me e trouxe para esta missão (cf. Fl 3,12). Muitas renúncias teve de fazer, mas valeu a pena! Pe. Beto tem experiência como pároco em várias paróquias, somente nesta de S. João Batista está há dez anos. Foi reitor de seminário e vigário geral. Ele está bem dentro do tema proposto aqui, pois é um homem de comunhão eclesial, reconhecido por todos. Sempre fiel a Cristo, à Igreja, a seus bispos, aos colegas padres e aos leigos e leigas confiados a seu pastoreio. Creio que ao completar os vinte e cinco anos de ministério sacerdotal Pe. Beto pode dizer que a “graça de Deus, a graça do sacerdócio para ele, não foi em vão”(2Cor 6,1).

E onde é o local, a base, o ponto de partida do sacerdote? É a família sim, mas a família está inserida em um âmbito maior que é a Igreja. A família é a Igreja Doméstica. Assim, Igreja, a comunidade eclesial, é o“habitat” do sacerdote. É na Igreja, mistério de comunhão e missão, que o sacerdote se desenvolve e cumpre sua vocação. A Igreja brota do mistério da Trindade, por isso falamos que ela é comunhão. “A identidade sacerdotal, como toda e qualquer identidade cristã, encontra na Santíssima Trindade a sua própria fonte”, que se revela e auto-comunica aos homens em Cristo, constituindo a Igreja como “gérmen e início do Reino” (LG 5). A Igreja “é mistério de comunhão e missão. Por isso não existe presbítero autêntico sem que viva em comunhão eclesial. Comunhão com seu bispo, seu presbitério, sua comunidade unida a todas as outras da Diocese.

Não se pode, então, definir a natureza e a missão do sacerdócio ministerial, senão nesta múltipla e rica trama de relações, que brotam da Trindade Santíssima e se prolongam na comunhão da Igreja. Não pode haver separação entre Cristo, Reino e Igreja (cf. RM 18). Os presbíteros são, na Igreja e para a Igreja, uma representação sacramental de Jesus Cristo Cabeça e Pastor. Eles existem e agem para o anúncio do Evangelho ao mundo e para a edificação da Igreja em nome e na pessoa de Cristo Bom Pastor cujo desejo é que todos sejam um.

“Enquanto representa Cristo Cabeça, Pastor e Esposo da Igreja, o sacerdote coloca-se não apenas na Igreja, mas também perante a Igreja. O sacerdócio, enquanto unido à Palavra de Deus e aos sinais sacramentais a cujo serviço se encontra, pertence aos elementos constitutivos da Igreja. O ministério do presbítero existe em favor da Igreja. Existe para a promoção do exercício do sacerdócio comum de todo o Povo de Deus. Ordena-se não apenas para a Igreja particular, mas também para a Igreja universal, em comunhão com o Bispo e o ministério de Pedro (cf. Presbyterorum ordinis, 10)

Não se deve, pois, pensar no sacerdócio ordenado como se fosse anterior à própria Igreja, porque ele existe totalmente em função do serviço da mesma Igreja; nem muito menos se pode pensar como posterior à comunidade eclesial. A Igreja e o sacerdócio ministerial surgem juntos na Última Ceia e no Calvário. A Igreja é o rebanho de Cristo do qual o sacerdote faz parte com uma missão específica: a de ser pastor que mantem o rebanho unido e bem alimentado. Portanto, um presbítero deve sempre construir comunhão. Caso não trabalhe em favor da comunhão eclesial, seu sacerdócio não pertence a Cristo, mas a si mesmo.

Pelo fato de participar da ‘unção’ e da ‘missão’ de Cristo, ele pode prolongar na Igreja a sua oração, a sua palavra, o seu sacrifício e a sua ação salvífica. É servidor da Igreja comunhão porque – unido ao Bispo e em estreita relação com o presbitério – constrói a unidade da comunidade eclesial na harmonia das diferentes vocações, carismas e serviços. É finalmente servidor da Igreja missão, porque faz com que a comunidade se torne anunciadora e testemunha do Evangelho” (cf. PDV 16).

“O ministério ordenado, em virtude da sua própria natureza, pode ser exercido somente na medida em que o presbítero estiver unido a Cristo mediante a inserção sacramental na ordem presbiteral e, conseguinte, enquanto se encontrar em comunhão hierárquica com o próprio Bispo. O ministério ordenado tem uma radical “forma comunitária” e pode apenas ser assumido como “obra coletiva”… O ministério do presbítero é, antes de mais, comunhão e colaboração responsável e necessária no ministério do Bispo, na solicitude pela Igreja universal e por cada Igreja particular para cujo serviço eles constituem, juntamente com o Bispo, um único presbitério”(PDV n.17).

Finalmente os presbíteros, pela sua figura e seu papel na Igreja, não substitui, mas antes promovem o sacerdócio batismal de todo o Povo de Deus, conduzindo-o à sua plena atuação eclesial. O padre deve ter uma relação positiva e promotora com os leigos, e isto Pe. Beto demonstra-o bem. O padre esta a serviço da fé, esperança e caridade dos cristãos leigos. Reconhecem e sustentam a sua dignidade de filhos de Deus como amigos e irmãos, ajudando-os a exercitar em plenitude o seu papel específico no âmbito da missão da Igreja.

O que é ser um presbítero em comunhão eclesial hoje? É aquele que valoriza a unidade construída na verdade da cruz de Cristo, a qual é muito exigente e está longe do mero sentimentalismo. A comunhão eclesial se faz na renúncia e na missão, e sobretudo no amor capaz de dar a vida, para que todos tenham vida (Jo 10,10).

Obrigado Pe. Beto, porque o senhor tem feito tudo isto entre nós, e tem dado o seu belo testemunho de unidade com o bispo, em especial com Dom Nelson de quem foi vigário geral. Testemunho de comunhão eclesial com os seus colegas padres e sobretudo com os leigos e leigas colocados sob seu pastoreio.

Que Deus continue abençoando-o com sua graça e seu amor, conduzindo seu ministério à plena realização.

+ Dom Pedro Carlos Cipollini

Bispo Diocesano de Santo André

 

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