Diocese de Santo André

Terceiro dia do Retiro do Clero aborda a felicidade do padre no projeto de Jesus

Na tarde, Dom Luiz Cáppio iniciou a meditação dizendo que é difícil falar de pobreza hoje.O poder econômico é um senhor soberano que coloca tudo a seu serviço. O ser humano só tem valor enquanto for instrumento que gera dinheiro. O padre é um discípulo de Jesus, o homem pobre que valoriza os pequenos e pobres, e membro da Igreja que deve ser pobre para os pobres. Este é um grande desafio, porque as forças dominantes do mundo vão no sentido contrário.

Diante do padre estão dois caminhos: ser fiel a Jesus ou seguir a ideologia deste tempo. É preciso fazer uma reflexão sincera e verdadeira sobre a pobreza de Jesus, que faça de nós pessoas que vivem no mundo e não perdem os valores da sua vocação; não desistem da opção de se despojar por amor a um ideal. Enquanto a riqueza se debate para ser cada vez mais poderosa, nós buscamos a pobreza. Padre, ninguém nos obrigou a escolher este caminho; fomos nós que optamos livre e espontaneamente por ele.

Será que, com o passar do tempo, não estamos esquecendo o compromisso inicial e nos encantando com os caprichos da riqueza? Será que, esquecendo as razões que nos motivaram a abraçar o sacerdócio, nos desencantamos com a vocação? Será que o esquecimento do ideal primitivo não é a causa que levam muitos de nós a desistir?

Distantes da espiritualidade de Jesus, muitos padres estão caindo na desilusão, na tristeza e na apatia. Isto deve nos questionar profundamente. É importante voltar ao primeiro amor, aquela força que nos trouxe a esta vida de discípulos de Jesus neste mundo que está aí. Após um silêncio profundo, Dom Luiz levantou-se e disse calmo e firme que o padre só será reconhecido neste mundo pela sua fidelidade ao que ele é; não mais pela batina ou pelo clégima que ostenta. Será que não estamos envolvendo demais com o projeto do mundo e afastando do projeto de Jesus, tomando o caminho contrário ao evangelho, na contramão da vocação, perdendo a sua beleza? Padres pensem nisso e se vocês perceberem que entraram na contramão, ainda dá tempo de voltar; se vocês permanecerem na contramão, o desastre está próximo.

Dom Luiz Cáppio lembrou que o Papa Francisco é um homem de valor que, à frente da Igreja, está buscando a fidelidade a Jesus e criando condições para que os ideais do evangelho aconteçam. É um tempo difícil e bonito, porque está brilhando uma luz de esperança para a Igreja e para o mundo.

Clareza de conceitos e inteligência na compreensão servem para não cair em posições simplistas e intimistas. A miséria é fruto do pecado social, que a Igreja, desde o início, combateu com todas as suas forças. A instituição do diaconato com a nobre missão de suprir as mesas dos necessitados, é um sinal da sua preocupação com o pecado social da miséria. A pobreza é uma bem-aventurança. É a saudável capacidade de se contentar com o necessário para uma vida digna, sem a maldita preocupação de acumular. Que o Senhor nos ajude a não perder o ideal de uma vida simples e sóbria que muitos de nós trouxemos de nossas famílias. Que o Senhor nos livre de cair nos interesses mesquinhos do poder.

Por fim, Dom Luiz concluiu a meditação ressaltando a obediência de Jesus à vontade do Pai. Jesus tinha uma determinação de fazer a vontade do Pai. Padre, você está buscando a fidelidade a Jesus, porque a felicidade mora na busca da fidelidade a Jesus, concluiu Dom Luiz Cáppio.

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Jesus, pobre e solidário com os pobres

Dom Luiz Cáppio começou a meditação da manhã nos convidando a conhecer Jesus de Nazaré, um homem pobre! Os textos bíblicos dizem que na plenitude dos tempos, Deus enviou o seu mensageiro a uma cidade da Galiléia, chamada Nazaré, a uma jovem chamada Maria (Cfr. Lc 1, 26-27). Dom Luiz enfatizou os contrastes visíveis nas entrelinhas da passagem bíblica. O Deus da Bíblia, Senhor do céu e da terra, envia o seu mensageiro a uma jovem mulher, habitante da periferia da periferia do mundo para pedir o seu consentimento. Ali, na periferia da periferia do mundo, está o Senhor Deus todo-poderoso pedindo autorização de jovem mulher para realizar a sua maior obra na história da salvação. Ali, de uma vez por todas, o Senhor Deus deu voz e dignidade à mulher, este segmento marginalizado na sociedade. Jesus, homem pobre de Nazaré, entra na história da humanidade se solidarizando com os marginalizados.

A familiaridade com a Palavra de Deus permite que nos coloquemos no lugar dos personagens e vejamos o que está sendo dito nas entrelinhas. Deparamos com os dramas humanos detrás das palavras. A família de Jesus é uma família pobre que foi obrigada a fugir às pressas da violência ignorante do desvairado Herodes para sobreviver. Jesus tornou-se um refugiado, apropria-se do sofrimento da humanidade, por isso é solidário com os refugiados que abandonam a terra, a casa, os parentes e os amigos, para tentar viver numa terra estrangeira. Realidade constante na história da humanidade.

Neste drama do evangelho e da vida dos pobres, dom Luiz assegurou calmo e solene que o padre é um homem feliz quando está a serviço da paróquia mais necessitada, na periferia da Diocese, porque ali estão os prediletos de Jesus; porém, o padre que está procurando poder, preocupado com aspirações tão mesquinhas, não entendeu nada; não tomou consciência da sua vocação.

No evangelho de Lucas, os trinta anos da vida de Jesus são resumidos num pequeno versículo. Ao dizer que Jesus crescia em estatura, sabedoria e graça, diante de Deus e diante dos homens (cfr. Lc, 52), Lucas afirma que ele viveu a vida escondida do seu povo, sem um único gesto extraordinário. O povo foi o mestre de Jesus! O povo é nosso mestre sábio! Dom Luiz enfatizou que o padre que tem humildade e se faz discípulo do povo é feliz.

Mais tarde, na vida pública, Jesus escolheu homens do povo para formar a sua comunidade. Não escolheu poderosos do sinédrio para facilitar o diálogo com a religião oficial. Não escolheu ricos para facilitar as suas ações pastorais. Não escolheu romanos para facilitar a sua entrada na grande e poderosa cidade de Roma. Jesus, solidário com os pobres deste mundo, escolheu homens pobres do povo para segui-lo e dar continuidade ao Reinado de Deus.

Dom Luiz Cáppio concluiu a meditação com algumas perguntas inquietantes. Padre, por livre e espontânea vontade você se tornou discípulo de Jesus, então, como está sua pobreza? Padre, como está o seu espírito de homem despojado? Padre, até que ponto você está comprometido com os pobres deste mundo? Padre, até que ponto você assume a dor dos excluídos da sociedade? E por fim lembrou os proféticos exemplos do Papa Francisco que está indicando, ensinando e testemunhando a busca da pobreza de Jesus na solidariedade com os pequenos deste mundo.

 

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