Criação de novo grupo da juventude na Catedral reforça as propostas dos itinerários de missão e oração, trazendo inclusão e momentos de descontração
Música, oração, louvor, reflexão do Evangelho, inclusão e momentos de descontração. Tudo isso foi observado e vivenciado durante as duas horas de reunião do Grupo “Jovens do Carmo”, que iniciou as atividades na manhã do sábado (25/05), no salão da Catedral Nossa Senhora do Carmo, no Centro de Santo André.
Os encontros ocorrerão todos os sábados, das 10h às 12h, no espaço ao lado da Cúria Diocesana. A iniciativa é aberta para todos e todas que desejam construir por meio da juventude, esse trabalho de evangelização na Catedral.
O retorno de um grupo de jovens ao local também é simbólico, uma vez que em 2018 foi celebrada seis décadas da dedicação da Igreja Mãe, a Catedral Nossa Senhora do Carmo, na Diocese de Santo André. Também resgata o aspecto de se trabalhar a base da evangelização e formação para os sacramentos do Batismo, Eucaristia e Crisma.
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Educação inclusiva
“Gostei do grupo de jovens. Vou crescer cada vez mais na fé. Hoje aprendi como evoluir no meio da sociedade. Pretendo continuar no encontro e ver como serão os próximos”, conta a estudante Mariana Manfredi Facciolli, 22 anos, pessoa com deficiência auditiva e que sonha em cursar fotografia.
O estudante e cerimoniário na Catedral, Felipe Costa, 15 anos, atua como intérprete do Setor Inclusão, inclusive fez a linguagem brasileira de sinais (Libras) na entrevista com Mariana. De acordo com ele, a necessidade de um grupo de jovens que acolha pessoas com algum tipo de deficiência é ponto positivo a ser destacado na Catedral.
“Existem muitos surdos e cegos na Diocese e muitos acabam não conhecendo o grupo de jovens pela falta de acessibilidade e muitos locais. Hoje, a Catedral por ser uma igreja central dá esse exemplo de que é possível evangelizar para todos e com todos sair em missão, em nome de Jesus Cristo”, sintetiza.
Coroinha da Catedral do Carmo, Heitor Bonacina, 13 anos, em breve cursará o Crisma, mas já ensaia os primeiros passos para atuar permanentemente no grupo.
“O conjunto das pessoas que se interessa pelo assunto e animação me chamou muita atenção. É muito interessante e vale muito a pena vir para conhecer os Jovens do Carmo”, convida.
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Itinerários do 8º Plano de Pastoral
Catequista de Crisma e cerimoniária na Catedral, Dayana Panassi Geraldo, 31 anos, afirma que a ideia do Grupo “Jovens do Carmo” surgiu com a proposta de resgatar a necessidade de incentivar adolescentes a praticarem os ensinamentos da vida cristã, por meio da continuidade nos caminhos de Cristo, na igreja e na sociedade.
Diante disso, a iniciativa atende ao 8º Plano Diocesano de Pastoral, na aplicação dos itinerários 1,2 e 3 – como ações voltadas à cultura e espiritualidade do acolhimento – como a convivência e oração comunitária, a formação para o discipulado com o objetivo de proporcionar um itinerário de vivência com Jesus; e ações que buscam a conversão para o acolhimento por meio do fortalecimento das estruturas para bem acolher; e o itinerário 5, com foco na ação missionária, através de ações de formação para missão, objetivando o desenvolvimento da consciência missionária.
“O jovem é fundamental para evangelizar, pois ele tem força, disposição e está cheio de vida e energia. Contudo, atualmente, eu vejo que eles são tragados como presas fáceis ou de extremismos ideológicos, seja qual ideologia for, ou dotados de uma apatia muito forte. A Igreja precisa ser o farol que os direciona para o caminho correto, que é o caminho de Cristo, o caminho do amor, do equilíbrio, do respeito e da compaixão”, elucida.
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‘Carinho de mãe’
A bacharel em Direito, que também estuda na Escola Diocesana de Teologia, acredita que esse trabalho deve ser de acompanhamento e escuta dos anseios e demandas dos jovens.
“E isso deve ser feito com carinho de mãe, mas também na linguagem deles, compreendendo e tocando sua alma, senão é impossível haver conversão e crescimento. Tenho nisso minha missão, e deposito essa confiança nas mãos de Nossa Senhora, pois ela guiou Jesus para ser o homem que transformou o mundo. E é nossa função guiarmos os jovens para ser os agentes que transformaram a sociedade sendo imitadores de Cristo. E é esse papel que vejo o Jovens do Carmo desempenhar na Catedral, para a sociedade e para Deus”, sintetiza Dayana.
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Importância da música
A música é um importante instrumento de evangelização e de propagação da Palavra de Deus. Buscar a felicidade e superar os momentos tristes são desejos de muitas pessoas. E a opinião de quem esteve com os jovens na manhã de sábado, protagonizando a animação musical, ilustra bem o poder das canções e louvores na vida daqueles que procuram o porto seguro para a evangelização.
“A música cura, evangeliza, como a comunicação também tem uma grande missão. Ambas levam a Palavra de Deus aos corações, nos confins de toda a terra. Mas principalmente, a música nos aproxima de Deus. A minha aproximação com Deus foi assim. A música intermedia essa relação, seja na igreja, nos encontros e no dia a dia”, conta a psicóloga Carla Cristina de Almeida, 37 anos, que também é organista na Catedral.
Agente de correios, Luciano Santos, 37 anos, também é músico e toca na ‘Igreja Mãe’. Segundo ele, sob o aspecto litúrgico, a comunidade é o agente principal nas celebrações.
“Quem está à frente cantando e tocando é apenas um instrumento e o padre Zezinho sempre lembrou bem disso. Quando você trabalha com comunicação, você nunca é o foco, e sim, apenas o instrumento. Nunca se expor demais. Tem que saber moderar. Na igreja não é diferente. E na liturgia, pensando nisso quem participa é o povo, quem faz é o povo e quem canta deve ser o povo”, explica.
Caçula do grupo musical, a estudante Julia Resende Carli, 14 anos, é apaixonada pela arte e também acompanha os passos da dupla acima na Catedral.
“A música é importante para os jovens, porque muitas vezes passam por fases difíceis. E uma canção toca de maneira diferente o coração e isso faz com que participem mais das atividades e queriam estar junto dos músicos, como nesse encontro”, opina.