Reverendíssimos senhores padres aqui presentes, a quem saúdo na pessoa do  Padre Joel Nery, Coordenador de Pastoral da Diocese e pároco da Catedral. Sr. Deputado Thiago Auricchio na pessoa do qual saúdo os deputados aqui presentes. Excelentíssimo senhor prefeito municipal de Santo André, Sr. Paulo Serra, também presidente do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC, na pessoa do qual saúdo todos os prefeitos aqui presentes. Senhores vice prefeitos e vereadores, a quem saúdo na pessoa do Vereador Pedrinho Botaro, presidente da Câmara municipal de Santo André. Saúdo e acolho com muita gratidão pela presença, a todos vocês presentes nesta igreja mãe da Diocese, de onde exerceram seu ministério todos os bispos do Grande ABC, desde a criação da Diocese em 1954 e que, neste ano portanto, completa 65 anos.

Estamos felizes porque vieram para rezarmos juntos pedindo a Deus que abençoe nossos políticos e nosso povo. Que abençoe também os esforços feitos pelos membros dos poderes públicos, para servirem e melhorar a vida da população, neste momento de crise que vivemos, e no qual os mais fracos são os que mais sofrem.

Em uma Nota da CNBB de junho de 2007 podemos ler: “Queremos estimular os cristãos que, em nome de sua fé, se engajam no mundo da política, dizendo-lhes que vale a pena dedicar-se à nobre causa do bem comum. O exercício responsável da cidadania é um imperativo ético para todos”. Em uma outra Mensagem datada de 21 de abril de 2012, a mesma CNBB assim se exprimia: “Para o cristão, participar da vida política do município e do país é viver o mandamento da caridade como real serviço aos irmãos, conforme disse o papa Paulo VI: A política é uma maneira exigente de viver o compromisso cristão ao serviço dos outros (AO n. 46). Só assim seremos fermento que leveda toda a massa”.

Portanto, esta celebração Eucarística quer ser um momento de ação de graças a Deus pela vida de cada um de vocês, e pelo bem que estão fazendo em benefício da população, promovendo o “bem comum”, e não os interesse particulares de pessoas, grupos e entidades, que visam somente o lucro e desfrute dos bens públicos.

Todos nós sabemos que “a missão própria confiada por Cristo à sua Igreja não é de ordem política, econômica ou social. A finalidade que Cristo lhe fixou é de ordem religiosa”(Vaticano II, GS n.42). Mas desta missão religiosa decorre a obrigação da Igreja, de iluminar a vida da sociedade com o Evangelho de Jesus Cristo, a fim de que a Comunidade Humana viva em conformidade com a lei divina.

São muitos os desafios que devemos enfrentar no nosso querido Grande ABC, tais como: defesa da vida e dignidade humana que inclui o empenho por moradia, emprego, segurança, educação, principalmente infraestrutura e preservação ambiental (em especial a preservação da represa Billings). Mas o maior desafio é manter a união de todos em torno de objetivos comuns. E aqui entra a preservação a todo custo do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC.

É neste contexto que a palavra de Deus que ouvimos nos ilumina. A primeira leitura (1Rs 3,11-14), nos fala do Rei Salomão que no início de seu reinado pediu a Deus a sabedoria necessária para governar com justiça. Deus ficou contente com seu pedido, sabedoria para governar com justiça, tão contente que lhe deu até o que ele não pediu: riqueza e vida longa. É sempre assim, quando fazemos a nossa parte que é trabalhar pelo bem comum em respeito à lei de Deus, Ele faz a dele nos dando a abundância de seus dons.

E no Evangelho (Mt 5, 1-12), Jesus propõe a todos, o caminho da felicidade que é a prática das bem aventuranças. Estas bem aventuranças são o coração do Evangelho. Elas foram traduzidas na Oração de São Francisco, composta por este grande santo que viveu o Evangelho de modo extraordinário. As bem-aventuranças nos mostram que todos somos chamados a cuidar da fragilidade do povo e do mundo em que vivemos. Elas mostram que: “Deus em Jesus Cristo não redime somente a pessoa individual, mas também as relações sociais entre os homens” (Compêndio da Doutrina Social da Igreja n. 52).

Não é nada fácil viver este itinerário de felicidade que Jesus propõe, principalmente para os políticos. São muitas as tentações. Aponto duas tentações do político: a) possuir muitas coisas, dirigindo tudo do seu jeito (autoritarismo); b) deixar as coisas correrem afirmando que é necessário ser realista e fazer o que todos fazem, porque não se pode mudar o mundo.

A primeira tentação se vence com a modéstia de possuir o que é necessário e com o diálogo aberto a todos. Somos todos irmãos. A partir da certeza da única paternidade de Deus, se pode convencer as pessoas a viverem na fraternidade e solidariedade.

A segunda tentação se vence com a esperança, a qual ensina a contar com a parceria de Deus nas decisões e empreendimentos. Uma fé autêntica, comporta sempre um profundo desejo de mudar o mundo, transmitir valores, deixar a terra um pouco melhor, depois da nossa passagem por ela.

Este Evangelho que ouvimos é proclamado no dia de todos os santos e na celebração dos santos em geral. Podemos nos perguntar: é possível a um político ser santo? Sim é possível.  Existiram muitos como o rei São Luiz IX de França, que viveu no século XIII e São Tomaz Moro, primeiro ministro ou chanceler da Inglaterra no século XV.

Santa Catarina de Sena que conviveu e orientou muitos políticos, diz que o político para ser santo, deve aprender a dominar-se a si mesmo, para poder governar os outros, governar a cidade. Governar a si mesmo é viver com honestidade, perseverando no bem, renunciando à corrupção, fruto do egoísmo e da ganância. O político santo é aquele que não só crê na vida eterna com Deus no céu, mas acredita que pode ajudar a estabelecer na terra uma sociedade mais justa e fraterna. E luta por isso!

Caros gestores, membros do poder público e políticos, exorto-vos a serem santos: amigos de Deus e amigos do povo em especial dos mais pobres entre os quais está Jesus.

Quero encerrar com um pensamento do Papa Francisco, escreve ele: “Rezo ao Senhor para que nos conceda mais políticos, que tenham verdadeiramente a peito a sociedade, o povo, a vida dos pobres…Estou convencido de que, a partir duma abertura à transcendência, poder-se-ia formar uma nova mentalidade política e econômica que ajudaria a superar a dicotomia absoluta entre a economia e o bem comum social” (Evangelii  Gaudium n. 205)

“Tudo o que é construído por um político cristão, que trilhou o caminho da santidade, permanecerá para sempre e ninguém poderá destruí-lo. Suas realizações terão a força de mudar uma sociedade difícil e sofrida como a nossa” (Card. Martini in Meditazione allíncontro di spiritualita dei politici – 23 outubro 1992).

Agradeço mais uma vez a presença de todos vocês e também da imprensa de nosso Grande ABC que pela divulgação torna toda nossa população participante deste evento, ampliando o grau de informação, sem a qual se enfraquece nossa democracia.

Desejo a todos os senhores que se dedicam à arte da política, que tenham prudência e coragem, os dois remos com os quais se navega o barco da sociedade impulsionando-o para a meta!

Que assim seja. Amém!