O mês de setembro é conhecido pela Igreja no Brasil como o “Mês da Bíblia”. Isso se deve à memória de São Jerônimo, no dia 30, que muito trabalhou para a organização do cânon bíblico, ainda na aurora da Igreja.
Vale lembrar que o mês da Bíblia não deve ser celebrado apenas na liturgia, até mesmo porque, na liturgia, Jesus fala pela Palavra, que vai muito além do livro. Precisamos que toda a nossa vida de fé e por que não dizer a vida como um todo – precisa ser animada biblicamente. Este ano, somos chamados a nos dedicar à Primeira Carta de João. O tema é “para que n’Ele nossos povos tenham vida” e o lema, “nós amamos porque Deus primeiro nos amou” (1Jo 4,19).
A primeira carta atribuída a João, a maior e mais densa que as outras duas, aborda claramente a dimensão humana de Jesus, sobretudo porque associa a experiência de fé à contemplação sensorial: ouvir, ver, apalpar. Nos tempos em que a carta foi composta, havia grupos que, na comunidade, desprezavam a encarnação do Verbo.
Hoje, embora isso nem sempre seja levado em conta, sabemos que Jesus tem natureza humana e divina e que sua humanidade é a medida para a nossa. Desse modo, nossa fé consegue ser traduzida muito mais eficazmente em gestos concretos de amor e fraternidade: “não é possível amar a Deus sem amar o próximo” (Centro Bíblico Verbo. Jesus Cristo veio na Carne, é de Deus. São
Paulo: Paulus, 2019, p.11).
Amar é próprio de quem tem fé, de quem reconhece a centelha divina que habita no coração. “É o amor fraterno que nos possibilita conhecer a Deus. A única forma de permanecer em Deus é no amor” (p.20).
Nesse sentido, as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil 2019-2023 insistem eloquentemente na fraternidade como modo de evangelizar o mundo urbano. Onde estão as vozes proféticas da Igreja hoje? Certamente esta voz não está mais em pessoas, mas sim no griAto de uma comunidade unida. “Torna-se urgente um testemunho de amor fraterno muito eloquente, que ajude a superar o escândalo da divisão existente entre os seguidores de Jesus” (DGAE 2019-2023, n.20).
Incentive em sua comunidade a leitura, o estudo e a oração em torno da Primeira Carta de João, no desejo de que o mês da Bíblia seja bem aproveitado e que consigamos nos amar com o amor de Jesus. Para sermos Igreja de acolhida e missão, precisamos, primeiro, acolhermo-nos uns aos outros, como nos pede Jesus.
*Artigo elaborado pela Comissão Diocesana de Liturgia