Acolhimento diz respeito à ação, ao ato de acolher, e o verbo acolher designa recepção, hospitalidade, hospedagem. Vale lembrar a Carta aos Hebreus, que diz “Não vos esqueçais da hospitalidade, porque por ela alguns, não o sabendo, hospedaram anjos.” (Hb 13,2). O acolhimento é uma atitude cortês, inclusiva, de aprovação, de quem olha não o exterior, mas é capaz de ver Cristo naquele que se está enxergando. Por isso, não se trata apenas de uma “acolhida” nem de uma “pastoral da acolhida”, mas de uma atitude a ser aprendida, transmitida, comunicada e vivenciada por meio de gestos, por amor e temor a Deus, por se fazer obediente ao mandamento do Senhor, que diz, “amai-vos” (Jo 15).
A extensão da acolhida se faz a tantos quantos Deus ama, aos quais é nossa missão acolher. Mas a quem ele ama? Ele ama a todos que criou em seu amor. Deste modo nossa acolhida deve ser a todos a quem devemos chegar no desejo de realizar nosso sonho missionário (cf. EG 31). Faz-se urgente gerar no interior de nossas comunidades tanto a cultura como a espiritualidade do acolhimento porque, por um lado, é necessário criar postura educacional para lidar com as pessoas, com as situações e mesmo com o mundo em que vivemos.
Por outro lado, tudo isso deve ser movido por um temor ao Senhor, por uma percepção de que há um Deus que nos ama, que nos quer perto, cujo modo de O reconhecermos é no culto (Sacramentos), no acolhimento das pessoas como se acolhêssemos o próprio Jesus, sendo o modo de fazer isso a vivência dos Mandamentos (Caridade) e na intimidade com o Senhor (Oração). O verdadeiro acolhimento passa por uma unidade entre essas três dimensões: Sacramentos-Mandamentos-Oração e gera comunidades humanizadas e humanizadoras, na perspectiva do Reino de Deus.
Essa urgência se justifica em razão de nossa realidade, que demonstra não se amar verdadeiramente a Jesus por não se amar o irmão como se deve; por não cultuar a Deus como se deve e por não viver a intimidade com Deus como se deve. Enquanto alguns
estão sedentos, outros estão querendo “preservar” a sua água para que ela não se acabe e poucos estão dispostos a dar de beber.
*Artigo por Centro Diocesano de Pastoral