Eis o Tempo do Advento que se cria-se uma grande expectativa para a chegada de Jesus e a experiência de montar um presépio reproduz o conceito de coletividade e partilha em torno de uma humanidade mais justa e fraterna. E num gesto de solidariedade ao próximo, uma iniciativa presente na Diocese de Santo André se tornou especial para centenas de famílias.
Desde 2003, Aparecida Guimarães, 71 anos, organiza o projeto do Presépio Social Natal Sem Fome, juntamente com o seu filho Eduardo Ferreira Guimarães, 43 anos, que prossegue o legado do seu pai (Olavo Guimarães, falecido), e a Comunidade Maria de Nazaré (Rua Araújo Viana, 230 – Jardim Silvina, em São Bernardo) da Paróquia Jesus de Nazaré. “O presépio começou na minha casa. Desde que casei fazia na minha casa. Num certo dia, a catequista veio trazer as crianças para fazer visita no presépio e aí ela deu a ideia para meu marido de a gente fazer o presépio na igreja e arrecadar alimentos para fazer cestas básicas às pessoas menos favorecidas”, confidencia Cida. No ano passado, cerca de 300 cestas básicas foram distribuídas às famílias carentes da região. “O objetivo do presépio é evangelizar e promover a ação social. Todos os dias temos que fazer a nossa partilha, mas durante o Natal, um tempo em que as pessoas ficam mais sensíveis, todo mundo fica feliz em dar a sua contribuição. Essa é a parte mais positiva”, destaca Cida, que tem uma coleção de cerca de 100 miniaturas de presépios em sua casa.
Um mês antes, cerca de dez pessoas se mobilizam para iniciar a construção do Presépio Social Natal Sem Fome, que foi inaugurado no sábado (30/11). Como ação solidária, os visitantes são convidados a doarem panetones, brinquedos e um alimento não perecível para a elaboração das cestas básicas. As arrecadações prosseguem durantes as visitações, que estarão abertas ao público, de segunda a domingo, das 14h às 18h, e após as missas dominicais da manhã e noite, até o dia 6 de janeiro. O presépio fica na Comunidade Maria de Nazaré (Rua Araújo Viana, 230 – Jardim Silvina, em São Bernardo). O presépio tem aproximadamente 10 metros quadrados com casas, montanhas, árvores, barracos, capelas, água corrente e, inclusive, peixes. Ele conta uma história do nascimento de Jesus.
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Coleções
De São Bernardo, Felipe Andriani, 38 anos, é apaixonado por presépios desde a infância. Daí veio a sua inspiração para colecionar
modelos de diferentes países. “Tenho mais de 150 peças. Todo ano adquiro um diferente do outro e suas particularidades é que cada um é especial. Cada presépio é diferente do outro. Por exemplo, tenho presépio feito em caixa de fósforos”, conta ele, que expõe no Museu Histórico e Cultural de Jundiaí – Solar do Barão. Felipe recorda quando criança registrava fotos nos presépios do Paço Municipal da cidade são-bernardense e da Catedral Nossa Senhora do Carmo.
“Para mim, o presépio significa o verdadeiro símbolo do Natal, muito mais que árvore de natal e demais decorações que também são bonitas, mas nenhuma se compara ao presépio”, destaca.
Produtora cultural e diretora do Grupo Cênico Regina Pacis, Hilda Breda, 67 anos, revela que a fascinação pelos presépios fez com que começasse a coleção, mesmo que de repente. Hoje ela conta com um acervo de cerca de 900 peças, de quase todos estados brasileiros e de 57 países. “Esse número pode aumentar, pois é o período que mais recebo de presente”, atesta. Em sua galeria, particularidades interessantes, como presépio do Peru em que as figuras vestem poncho e gorros andinos e os animais são lhama e alpaca; um da Argentina, de Ushuaia, em que as imagens são pinguins; do Canadá, as figuras são bonecos de neve; do Amazonas, a Sagrada Família são indígenas e os animais são onça e o bicho preguiça; Da Guiné-Bissau, em madeira, as figuras têm vestimentas de tribos africanas e os animais: girafa, elefante e leão.
“Assim, muitos revelam a cultura, vestimenta, animais de seus países ou regiões. Os materiais de que são feitos também seguem tendências: um de Veneza, na Itália é de vidro (murano) e está dentro de uma gôndola ou um de Manaus, que foi confeccionado dentro de um tucano. São muitos estilos: tradicionais, contemporâneos, de acordo com a criação do artista ou artesão”, comenta.
Exposições
Para Hilda, que também expõe a coleção em sua casa, o presépio representa a vida, a esperança, a fé e o amor. “É o verdadeiro sentido do Natal”, frisa.
As exposições “Presépios do Mundo” em São Bernardo, com acervo de Hilda Breda, podem ser visitadas na Chácara Silvestre até o dia 11 de janeiro, de segunda a domingo, das 10h às 16h (exceto os finais de semana que antecedem o Natal e o Ano Novo). Endereço: Av. Wallace Simonsen, 1800 – Nova Petrópolis. E na Câmara de Cultura Antonino Assumpção até o dia 9 de janeiro, de segunda a sábado, das 9h às 17h (exceto os sábados que antecedem o ano Novo). Endereço: Rua Marechal Deodoro, 1325 – Centro.