“Somos todos convidados e vocacionados a sermos uma Igreja profética, que proclama a palavra de Deus. Mesmo que isso nos faça sofrer diante das injustiças e perseguições, temos a certeza da vitória que Cristo conquistou e nos fará participantes dela, se formos fiéis.”
Na celebração matutina do 12º Domingo do Tempo Comum (21/06), o bispo da Diocese de Santo André, Dom Pedro Carlos Cipollini, refletiu sobre os desafios e dificuldades para ser discípulo de Jesus, no testemunho do projeto de deus no mundo, em meio a incompreensão e perseguição presentes nos tempos atuais.
“Porém, Jesus garante que Deus não abandona o discípulo e a discípula, seguidores Dele com amor e fidelidade”, atesta.
Coragem e determinação
O tema central da homilia do Evangelho (Mt 10,26-33) deste domingo aborda a necessidade de termos coragem de anunciar e defender o projeto de Deus na sociedade. “Não tenhais medo”, frase que se repete três vezes ao longo do texto também relembra outra passagem do testemunho do mesmo apóstolo (Mt 28,20), em que o Filho do Pai diz “Eis que estou convosco todos os dias, até o fim dos tempos.”
De acordo com o pastor da Igreja Católica no Grande ABC, esse projeto vivido com radicalidade e coerência não é uma proposta simpática, aclamada e aplaudida pelos “grandes” do mundo e pela união pública, mas é um projeto radical, questionador e provocante que exige a vitória sobre o egoísmo, o comodismo, a injustiça e a opressão.
“É um projeto capaz de abalar os argumentos da ordem deste mundo construído sobre a ganância, o ódio, a violência e as injustiças contra os fracos”, reitera Dom Pedro, que tem presidido missas todas as quartas e domingos desde a segunda quinzena de março, em virtude da realização de celebrações sem a presença de fiéis, sendo transmitidas pelo Facebook da Diocese, diretamente da residência episcopal.
Convocação no batismo
Dom Pedro ressalta que anunciar o Reino de Deus na humanidade é tarefa assumida desde o sacramento do batismo, quando somos ungidos como profetas e seguidores de Cristo.
“No evangelho, Jesus envia os discípulos e avisa que enfrentarão perseguições e injustiças, assim como Ele sofreu ao vir ao mundo. Jesus não trabalha com propaganda enganosa. Ele avisa que vai ser difícil, mas ao mesmo tempo, garante presença contínua, a solicitude e o amor ao longo de toda a caminhada”, medita o bispo diocesano sobre a missão de cada batizado.
Lembranças dos mártires
Em sua homilia, Dom Pedro também fez uma breve introdução sobre a primeira leitura do profeta Jeremias (Jr 20,10-13), que destaca o modelo de projeto sofredor que experimenta a perseguição, solidão e abandono por causa da palavra de Deus que ele prega e acaba sendo perseguido.
“Mas ele não deixa de confiar em Deus e anunciar com coerência fidelidade o caminho do reino de Deus. O profeta fala em nome de Deus. O mundo não gosta do profeta, porque o profeta critica o pecado do mundo, a falsa promessa de felicidade, a paz de cemitério que o mundo oferece e questiona injustiças e desigualdades”, sintetiza o bispo diocesano ao citar mártires símbolos desta missão profética.
“Temos que ter coragem de assumir esse caminho que Deus nos chama a percorrer, assim como tantos cristãos assumiram, como Dom Óscar Romero (1917-1980), profeta da solidariedade e da justiça [que foi arcebispo de San Salvador, capital de El Salvador, na América Latina]; Martin Luther King (1929-1968), que proclamou a paz e a harmonia entre as raças e os povos [e morreu assassinado nos Estados Unidos, sendo considerado um dos ícones do ativismo negro pelos direitos civis] são profetas do nosso tempo, assim como Madre Teresa de Calcutá (1910-1997) [que foi uma missionária católica macedônia e dedicou toda sua vida aos pobres]”, comenta Dom Pedro.
Nossa Senhora do Perpétuo Socorro
Antes do encerramento da Santa Missa, Dom Pedro rezou o quarto dia da novena de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, em unidade com a paróquia de São Bernardo que leva o nome de um dos títulos mais conhecidos da Mãe de Deus e difundidos pelos missionários redentoristas, a pedido do Papa Francisco. O tema da série de nove dias de oração é “Com Maria sejamos Igreja viva e acolhedora neste tempo de pandemia”.