No próximo dia 22 de agosto, celebramos em todo o território diocesano a Dedicação da Catedral Nossa Senhora do Carmo. Está é uma celebração muito bonita, mas às vezes, pouco conhecida, seja sua simbologia, seja sua importância para a nossa vida de fé. Neste dia, recordamos, de maneira especial, a importância do Templo que nos reúne para celebrar os mistérios de nossa salvação.
No Antigo Testamento, vemos a construção do Templo pelo Rei Salomão (cf. 2Cr 3,1-5,1), conforme a vontade de seu pai Davi, para ser a Casa de Deus, onde se ofereciam os sacrifícios ao Senhor. Com a Encarnação de Jesus, presente no meio do povo, Deus não fica restrito ao Templo; o próprio Jesus se apresenta como o verdadeiro templo da Nova Aliança (cf. Jo 2,18-22), congregando todo o Povo de Deus n’Ele. A partir de Jesus, o templo também passa a se referir a comunidade dos fiéis, sua Igreja que, pelo batismo, também se tornam templos do Espírito Santo e são as pedras vivas da Igreja (Cf. 1Pd 2,5), participando da missão de Cristo, missão esta que se fortalece pela assembleia reunida em oração.
Para ajudar a comunidade a bem rezar, é conveniente um local bem preparado, que expresse o espírito orante dos fiéis. As primeiras comunidades se reuniam nas casas, sempre arrumando o local com símbolos da fé. Começam a surgir cômodos e alguns edifícios específicos para o culto, geralmente doados por aqueles que tinham muitas posses e se convertiam ao cristianismo, sendo de grande valia, visto o aumento do número dos fiéis. A partir do momento em que o cristianismo tem a liberdade de culto dentro do Império Romano, as comunidades poderiam se organizar melhor para celebrar sua fé. O primeiro lugar dedicado ao Senhor foi a Basílica de São João de Latrão, a Catedral da Diocese de Roma, considerada a Mãe de todas as igrejas. Sua importância é tamanha que toda a Igreja celebra a festa de sua consagração, no dia 9 de novembro, sinal de comunhão da Igreja espalhada no mundo inteiro.
Assim, começou-se a reservar certos lugares para os ritos litúrgicos, dedicados ao culto sagrado; dedicar uma igreja é consagrar aquele local para as celebrações da comunidade reunida em torno do Senhor. A dedicação é realizada em uma celebração solene própria, após a conclusão da construção da igreja, sinal visível de Cristo e da Igreja que peregrina na terra e imagem da Igreja celeste.
O Rito da Dedicação apresenta alguns gestos próprios: a aspersão de água benta do povo, das paredes da igreja e do altar, para que o povo e a igreja sejam lavados por Deus; a invocação dos santos, através da Ladainha e da deposição das relíquias de santos no altar, pedindo a intercessão daqueles que foram nutridos pelas graças que serão manifestadas naquela igreja; a oração de dedicação, proferida pelo bispo, pedindo que aquela igreja seja verdadeira casa de oração e de misericórdia; a unção, com o óleo do Crisma, do altar e das paredes da igreja, consagrando o local e recordando que devemos exalar o bom odor de Cristo (cf. 2Cor 2,15); a incensação do altar, da igreja e do povo de Deus, para que as nossas preces sejam elevadas a Deus; o revestimento do altar com as toalhas e demais objetos, expressando o zelo pelo mistério ali celebrado; a iluminação da igreja, recordando Cristo como luz das nações. Além disso, o rito acontece dentro da celebração eucarística, que, por si, já demonstra a finalidade do templo construído.
A Igreja deve ter um Titular pelo qual ficará conhecida, que poderá ser a Santíssima Trindade, Jesus Cristo ou algum dos mistérios de sua vida, o Espírito Santo, a Virgem Maria ou algum dos seus títulos, os Santos Anjos ou algum Santo. Nossa Igreja-mãe é dedicada à Virgem do Carmo, por influência da colônia italiana presente em Santo André, sendo solenemente dedicada em 22 de agosto de 1958, pelo Cardeal Dom Jaime de Barros Câmara. No altar principal, constam as relíquias de Santa Maria Goretti e São Sebastião, relíquias que recordam a doação destes mártires, que seguem o exemplo de entrega do próprio Cristo. A partir desta data, em todos os anos, nossa diocese se alegra em celebrar nossa Igreja-Mãe, símbolo de nossa comunhão e unidade diocesana em torno de Jesus.
Ao celebramos a Festa da Dedicação da Catedral Diocesana, alegremo-nos pela infinita bondade de Deus, que se manifesta nos mistérios que ali e em todas as igrejas celebramos: a acolhida de novos filhos de Deus, a misericórdia derramada, o alimento para a caminhada, a unção da maturidade na fé, a amor de Deus no amor dos esposos. Que tenhamos o amor e zelo pelas nossas igrejas, sinal visível da Igreja, expressando o mesmo respeito pelos nossos irmãos, pedras vivas do Corpo Místico de Cristo.
Artigo desenvolvido pelo seminarista Gustavo Laureano