“Fazei tudo o que Ele vos disser” (Jo 2,5)
Na Bíblia, todos os evangelistas, de acordo com a realidade da sua comunidade de fé, apresentam um retrato de Maria. Mas, todos eles nos apresentam Maria como Discípula e Mensageira do Evangelho.
Marcos apresenta um retrato de Maria como a convidada a fazer parte do discipulado tornando-se uma “peregrina da fé”. Mateus a destaca como a perfeita discípula e modelo de seguimento. Lucas a apresenta como mulher ativa, comprometida, a mulher missionária que abre caminho em meio às dificuldades.
Em João, a presença de Maria, a Mãe de Jesus e Mãe da Igreja, é inspiradora de vida missionária, que ensina a contemplação, a escuta da Palavra de Deus e a presença atenta às necessidades do povo.
Maria é a mestra de vida espiritual. Ela que caminhou na fé e abraçou de todo coração a vontade salvífica de Deus, como serva do Senhor, dedicou-se totalmente a pessoa e a obra de seu Filho, serviu e continua a servir ao mistério da redenção, socorrendo perpetuamente o povo de Deus em Cristo. O SIM de Maria, sem reservas a Deus, sua solicitude para com os necessitados, sua fidelidade até a cruz, sua presença junto aos discípulos, nos dá a garantia de tudo aquilo que a Copiosa Redenção consegue realizar numa criatura humana que se deixa amar por Deus, como Ele nos quer amar. Maria é a missionária que nos ajuda a dar uma resposta de amor ao amor infinito que Deus tem por nós.
Ela é a Memória viva do Cristo humano. Vivenciou a Kénosis do Filho de Deus passo a passo com a existência de Jesus. É a que está mais próxima do Filho, por isso, mais do que ninguém pode interceder junto a Ele por nós. Sua intercessão é nossa garantia de misericórdia infinita por parte de seu Filho. Sua ternura de Mãe é o caminho da docilidade afetiva de Deus.
Maria é a missionária, a continuadora da missão de seu Filho e formadora de missionários. É um modelo do seguimento de Cristo que nos conduz e nos fortalece no caminho ao Criador. Por isso, ela atrai multidões para a comunhão com Jesus e sua Igreja.
Nesses tempos de pandemia, Maria nos ensina a manter viva as atitudes de atenção, de serviço, de entrega e de gratuidade. Ela é fonte de Sabedoria que nos anima a cultivar virtudes de reciprocidade, de fraternidade, de criar comum-união.
Diante dos desafios da pandemia encontramos nela um manancial de amor e docilidade que nos faz superar o egoísmo que brota constantemente no coração humano. Maria é solícita e atenta às necessidades de cada filho e filha que a ela recorre em busca de alívio para corpo e para a alma.
Papa Francisco na Exortação Apostólica Evangelii Gaudium (2014, p. 225) disse que “como uma verdadeira mãe, Maria caminha conosco, luta conosco e aproxima-nos incessantemente do amor de Deus”. Ela cuida dos seus filhos e filhas em tempos de calamidade. A crise instaurada pela pandemia do coronavírus exige de nós a consciência humanitária. O observar as recomendações sanitárias de higiene pessoal e coletivas que se tornam expressões de amor consigo e ao próximo. Quem cuida de si mesmo, cuida e protege a sua família e toda sociedade. Esta é uma característica de Maria. Ela se preocupa com todos. É prestativa, está sempre disponível para cuidar da vida e do bem comum. Em tempos de grandes tribulações é imperativo que nós nos aproximemos mais de Deus, por meio de Maria.
O Sim de Maria a fez participante da missão de Jesus. Ela nos aponta diretamente para o Cristo, pois a sua vida está voltada exclusivamente para aquele que ela santamente concebeu. Por isso, devemos recorrer a ela com confiança, fé e amor, em todas as circunstâncias de nossas vidas, na certeza que ela escuta atentamente a cada pedido e oração que fazemos, e ela as deposita nas mãos de seu Filho, Cristo Jesus. Nestes tempos de pandemia, Maria nos ensina a ter um coração generoso voltado para o bem das pessoas, em favor das necessidades pessoais e comunitárias, sem esquecer-se das pessoas em situação de rua, os indígenas, os quilombolas, os povos nômades, os que vivem nas periferias das grandes cidades e por todos os que carecem de proteção.
Maria, a missionária do Pai, olhai por nós!
Artigo por Padre Antônio Carlos Barreiro CSsR, pároco da Paróquia Menino Jesus – Região Pastoral Diadema