“Eu dou a vocês um novo mandamento: amem-se uns aos outros. Assim como eu amei vocês, vocês devem se amar uns aos outros.
Se vocês tiverem amor uns para com os outros, todos reconhecerão que vocês são meus discípulos.”
Jo13, 34-35
O Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa é celebrado em 21 de janeiro. Foi instituído no ano de 2007 pela Lei nº 11.635. A data rememora o dia do falecimento da ialorixá Gildasia dos Santos, conhecida como Mãe Gilda, vítima de ataques de ódio por ser praticante de religião de matriz africana na Bahia. A Constituição Federal Brasileira, no artigo 5º, VI, estipula ser inviolável a liberdade de consciência e de crença, assegurando o livre exercício dos cultos religiosos e garantindo, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e as suas liturgias.
Infelizmente, nem mesmo a lei consegue conter o crescente número de ações violentas físicas ou verbais entre as diferentes práticas religiosas no Brasil. Desde 2011, o governo recebe denúncias contra esse tipo de violação de direitos humanos, contabilizando os casos de intolerância religiosa através do número “Disque 100”. No primeiro ano, foram contabilizados apenas 15 casos. Entre 2015 e o primeiro semestre de 2018, registraram-se 1729 casos de intolerância religiosa, uma média de 42 por mês. Vale lembrar que muitos são os casos que nem são registrados e só merecem destaque na mídia quando há vítimas fatais.
Mas afinal o que caracteriza a intolerância religiosa? Trata-se de um conjunto de atitudes ofensivas contra crenças e práticas religiosas, ou mesmo contra aqueles que preferem não seguir nenhuma religião. É um crime de ódio, muitas vezes manifesto através de agressões físicas ou verbais que ferem a liberdade e a dignidade de quem as pratica.
Quanto a nós, que cremos na Igreja Católica Apostólica Romana, cabe seguir os ensinamentos de Jesus. É muito claro o mandamento expresso no Evangelho que nos orienta a amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Em síntese, Cristo nos pede para amar a todos, portanto não excluindo os não-crentes ou todos aqueles que manifestam suas crenças de um modo muito diferente do nosso. Ao mesmo tempo, não é possível dizer que se ama Deus e menosprezar ou agredir qualquer outro ser humano porque pratica outra fé ou não acredita em Deus.
Enfim, vivemos tempos difíceis atualmente. Um vírus invadiu o mundo e muitas pessoas estão se deixando levar pela cultura do ódio, da impaciência, da falta de fé, da intolerância. É mais do que necessário nos voltarmos para a união de todos os povos e crenças, em nome do amor, da solidariedade, das diferentes manifestações de fé. Respeitemos as diferenças em nome do amor à humanidade, assim como fez Nosso Senhor Jesus Cristo, que em nenhum momento fez distinção entre as pessoas. Apenas amou!
*Paula Rosa de Oliveira
Coordenadora Diocesana da Equipe de Ecumenismo e Diálogo Inter-Religioso