Diocese de Santo André

Dom Nelson: a trajetória e histórias de um homem de Deus

“Sem mim nada podeis” (Jo 15,5). Esse é o lema episcopal de Dom Nelson Westrupp, scj, que completa 30 anos da ordenação como bispo no próximo dia 20 de julho. Um dia antes, 19 de julho, uma live com o próprio e convidados recordará a trajetória e as passagens de Dom Nelson por três dioceses (Santo André, São José dos Campos e Lages). A transmissão ao vivo acontecerá às 20h, nas páginas diocesanas do Facebook e YouTube que serão compartilhadas nas paróquias de cada diocese.
Confira os grandes momentos de emocionante entrevista com muitos fatos marcantes e histórias inesquecíveis da trajetória de Dom Nelson:

Vida atual
“Me considero num estado livre e, ao mesmo tempo, disponível para acolher os pedidos que me fazem em todo sentido, sobretudo no campo da pregação de retiros, palestras, formação para pastorais e grupos, apresentando a espiritualidade dos diversos tempos litúrgicos do ano. Os convites também são bem frequentes. E nada mais importante do que ter um bom acompanhamento médico e estar atento à saúde para viver a vida com alegria e disposição”

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Relação com os livros
“Atualmente, também dedico bastante tempo a leitura. Porque dizem que o livro é o melhor amigo. Aproveito o tempo no escritório para ler, escrever, elaborar. Leio livros que me ajudam a preparar os temas que me pedem para discorrer sobre eles. Sou muito de vasculhar as livrarias e ver o que está saindo de novidades”

Paixão pelo futebol
“Desde criança, o sonho era ganhar uma bola no Natal. Daquelas de borracha. Antes fazíamos bolas de meia e depois de couro. Ouvia rádio e irradiava os jogos na infância. Pratiquei bastante futebol até os 33 anos. Era centroavante e dos bons. Chutava com os dois pés, com a bola em movimento. Cabeceava bem. Participei de campeonatos universitários, em Roma. Uma vez montamos um time somente de brasileiros. Empatamos apenas uma partida e ganhamos as demais de goleada. Até hoje gosto de assistir futebol. Sou torcedor do Vasco e do Santos. Quando estudei em Taubaté, entre 1961 e 1964, certa vez estive num Sansão (clássico Santos e São Paulo), no dia 5 de dezembro de 1962, no Pacaembu. O jogo estava 2 a 0 para o São Paulo. Muitos estavam comemorando na arquibancada. Disse, ‘calma, quem ri por último, ri melhor’. O jogo terminou 5 a 2 para o time de Pelé, Pepe, Coutinho e cia (nota – este foi o jogo do título santista do Campeonato Paulista)”

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Viagens
“Passei 12 anos da minha vida trabalhando num ofício em que exigia muita viagem. Período em que eu fazia parte do governo geral da minha congregação (Padres dos Sagrado Coração de Jesus – Dehonianos), cuja sede está em Roma. E um dos compromissos era visitar vários países. Todas as casas da congregação. Ficava um mês mais ou menos para fazer o relatório em cada país e voltava à sede para relatar aos colegas. Devo ter viajado mais de mil horas de avião e de carro, no mínimo, mil motoristas diferentes. Hoje tenho mais tempo para visitar e ficar com meus familiares em Santa Catarina”
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Residência na Diocese de Santo André
“A decisão foi espontânea e natural. Onde trabalhamos por último é que fica mais normal a permanência. Porque, pessoalmente, nunca tive problemas em me adaptar a algum lugar. Saí de casa com 11 anos e meio. Passei por várias cidades estudando. Fui para o exterior. Então, me habituei a gostar do local onde estou morando. Onde estou, procuro tornar meu habitat. Permanece o vínculo e a amizade com as pessoas. Isso é uma boa preparação para o lugar definitivo”
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Envolvimento com a música
“Tenho um violino do meu pai que guardo com muito carinho. Era regente de coral na capela onde frequentávamos, em Santa Catarina. Isso ele fez por mais de quarenta anos. Quando fiz 70 anos, minha irmã trouxe como relíquia para guardá-lo. Sempre gostei de música. Raiz, sertaneja, clássica, de um coral bem afinado. Também cantei em coral e toquei clarinete por cinco anos, numa banda. Arranhei violão, harmônio. Uma história que me recordo é quando eu estava em Stuttgart, na Alemanha, no ano de 1968, os Beatles faziam turnê por lá. Era uma experiência maluca. Mobilizam multidões”

Momentos com o Papa
“A convivência maior foi com o Papa João Paulo II, entre 1979 a 1991. Foram muitas passagens marcantes. Ele me deu esse anel (aponta para o símbolo no dedo) quando fui nomeado bispo e estava terminando meu trabalho de 12 anos, em Roma. Estava voltando para o Brasil. Pedi para concelebrar com o Papa numa capela. E naquele dia, ao final da missa, veio com esse anel e me entregou pessoalmente. Outra lembrança marcante é quando ele visitou uma de nossas paróquias, na periferia de Roma. Ficou quatro horas conosco, jogou na cancha de bocha e depois fomos para a casa paroquial jantar com os padres. Um momento que a gente não esquece nunca e enxerga a simplicidade neste grande homem santo”

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Amizade com Padre Zezinho
“Fomos colegas de Seminário, desde 1955. Eu com 15 anos, ele com 13. Já tinha tendência para poeta. E depois mais adiante, quando terminou a filosofia, foi fazer a teologia, nos Estados Unidos, e quando voltou, justamente nos anos 70, também voltei de Roma e nos reencontramos. Foi aí que começou a compor as primeiras músicas. ‘Estou pensando em Deus’ [cantarola]. Cheguei a acompanhá-lo em shows, pregação para juventude, formação para casais. No tempo que fiquei em Roma, ajudei a traduzir oito cassetes para o italiano. Acompanhei uma turnê na Alemanha, como tradutor simultâneo. E é um motivo de muito alegria ter a participação deste amigo no livro “Miudezas da Vida”

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Chico e Dinamite
“Em Brusque (SC), no período de férias, uma vez acolhi na Casa da Congregação, o time do Fluminense com Rivelino e cia. Mas o que me marcaria seria três meses depois, com a equipe do Vasco da Gama. Na época do Roberto Dinamite

(maior ídolo da história do clube carioca), o presidente do time me convidou para dar o pontapé inicial. E para quem dei o toque? Imagina, passei para outro camisa 9 (a foto está no livro sobre a biografia de Dom Nelson)”
“No meu tempo de estudante em Roma, cheguei a jogar com Chico Buarque (cantor e compositor), quando ele estava no exílio (em 1969). Formamos um time somente de brasileiros para jogar, no campo do Colégio Pio Brasileiro, e cada um fez um gol. Ganhamos o jogo por 4 a 2”

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Atuação da igreja
“Há um esforço grande da Igreja em promover a prática da fé. E a fé se mede pela participação, pela vivência da religião. Pela presença nas missas dominicais. Por que no Brasil, já se chegou a 93% de católicos e hoje se reduziu bastante esse número, por volta de 60%, além de muitos se tornarem evangélicos? Porque muitos filhos não receberam uma formação íntegra, consistente e solida dos pais. De ter essa frequência na Igreja. Os pais são os primeiros educadores na fé. E o mundo de hoje não oferece nada atrativo neste sentido para se ter esse sentimento de pertença. É um grande desafio”
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Filmes e gastronomia
“Meu filme preferido é ‘Os Dez Mandamentos’ (produção norte-americana de 1956, dirigido por Cecil B. DeMille com Charlton Heston no elenco). Foi muito marcante. Sempre gostei de filmes bíblicos. Mas também de faroeste, comédia e filmes policiais. Assistia Doutor Jivago (filme britânico de 1965), Promessi Sposi (Itália, 1941), uma história muito linda, e Don Camillo e Peppone (comédia franco italiana de 1955), que me divertia muito”
“Durante o tempo que viajei bastante pela Europa, gostei muito da comida italiana e espanhola. Massas, frutos do mar. Porém, nunca tive problemas de adaptação com a culinária de cada região”
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Novas tecnologias
“Existe um pequeno escrito sobre o celular e a bíblia. Se me detivesse em ler a bíblia, como ocupo meu tempo com o celular. E a bíblia não precisa ser recarregada, não falha nunca. Já o celular precisa de cuidados. Digo que tudo na vida, não somente as tecnologias, quanto mais foi progredindo no lado cientifico, dá impressão que foi regredindo moralmente nos bons costumes. Como a sociedade se comporta hoje? Um período que a convivência é com a tecnologia, e não com o técnico. Está presa as coisas que estão longe de mostrar os valores transcendentes. O ser humano é livre. Somos tentados todos os dias para o mal, mas solicitados para o bem. Precisamos falar mais de Jesus e de sua importância para nós”

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