Semana Bíblico-Catequética indica o resgate da Catequese que promova o encontro pessoal com Jesus

“A missão principal da formação é ajudar os membros da Igreja a se encontrar sempre com Cristo, e assim reconhecer, acolher, interiorizar e desenvolver a experiência e os valores que constituem a própria identidade e missão cristã no mundo”, diz o Documento de Aparecida (nº 279).

Destacando a preparação dos catequistas para uma exitosa Iniciação à Vida Cristã, a Semana Bíblico-Catequética Diocesana 2022 deixa um grande legado por meio das palestras apresentadas entre os dias 21 e 25 de fevereiro pelas mídias da Diocese de Santo André. Temas como o Ano Litúrgico, a Catequese Inclusiva, a Perseverança e o Projeto de Formação com Catequista foram apresentados pelos padres Guillermo Daniel Micheletti (membro da Comissão Teológica da Diocese de Santo André e assessor diocesano da Pastoral da Criança), Jordélio Siles Ledo, CSS (superior provincial dos Estigmatinos) e Eduardo Calandro (coordenador da Comissão Diocesana de Animação Bíblico-Catequética da Diocese de Santo André e Membro do Grupo de Reflexão Bíblico-Catequética da CNBB Nacional – GREBICAT), além dos membros do CEFOPE (Centro de Formação Permanente), Rozeangela Guimarães Barbosa, Arthur Paes Pierosi, Nelcelina Barbosa dos Santos e Isabel Cristina Corsi Janota Pellegrino.

Uma Catequese para quem quer ser cristão

Na palestra de abertura que contou com o tema: “A importância da Iniciação à Vida Cristã para toda a Diocese de Santo André”, o bispo diocesano e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Doutrina da Fé da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), Dom Pedro Carlos Cipollini, durante a palestra recordou o Documento de Aparecida (nº226) que propõe uma catequese com características que incluam a experiência religiosa, o encontro com Jesus, vivência comunitária, formação bíblico-doutrinal e compromisso missionário de evangelizar o Reino, ao dizer que é preciso uma mudança de foco, de método e de visão sobre a iniciação à vida cristã.

“A Catequese é como uma árvore. Você planta aquela sementinha da fé no batismo, ela tem que ir crescendo para se tornar uma grande árvore que te dê sombra, te dê frutos…A Catequese é para quem quer ser cristão, para quem quer conhecer Jesus, para quem quer seguir Jesus a vida inteira. Precisamos propor um itinerário, um caminho de fé que se faça conforme as idades. Essa mudança é a missão de todos nós”, salienta o bispo, ao mencionar o Ministério do Catequista instituído pelo Papa Francisco.

“Então temos que dar esse passo, fazer essa mudança. Deixar a Catequese como preparação para receber sacramento e passar a catequese como um processo de quem quer se tornar cristão autêntico, consciente, praticante”, aponta.

Cinco passos para a Iniciação à Vida Cristã

O palestrante prossegue a reflexão citando a Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe, realizada em novembro do ano passado, que dentre os 12 desafios elencados para a Igreja, um deles é promover um encontro pessoal com Jesus Cristo encarnado na realidade do continente.

“É preciso resgatar uma Catequese que seja um encontro com Jesus”.

Dom Pedro enumera os cinco passos, a partir do Documento de Aparecida (nº 278), que tem como proposta primeiramente de favorecer o encontro com Jesus, que transforme a vida das pessoas, assim como mudou a vida dos apóstolos, da samaritana, da mulher adúltera, entre outros exemplos bíblicos.

“Primeiro, o encontro com Jesus. Segundo, a conversão. Esse encontro deve mudar alguma coisa na tua vida. Terceiro, o discipulado, se fazer discípulo. Quarto, descobrir o valor da comunhão, da vida comunitária. Jesus sempre manda para a comunidade. Quando Paulo encontra com Cristo no caminho de Damasco, aquele que encontro misterioso, ele se converte, quer ser discípulo. E por último, a missão. Quem encontra Jesus, se converte, se torna discípulo, vive em comunidade, sente necessidade de ser missionário. Missionário do amor, da esperança, da caridade e da justiça”, explica o bispo.

O palestrante afirma que a partir das orientações da Igreja no Brasil, somos convidados a repensar nossa ação catequética. “O mesmo Documento de Aparecida (nº 287) nos faz pensar: ou educamos na fé, colocando as pessoas realmente em contato com Jesus Cristo e convidando-as para o seu segmento ou não cumpriremos nossa missão de catequistas, de evangelizadores”, alerta.

Participação expressiva dos catequistas

Organizada anualmente pela Comissão Diocesana de Animação Bíblico-Catequética, a Semana Bíblico-Catequética, os encontros contaram com participações de catequistas paroquiais da Iniciação à Vida Cristã que trabalham todas as fases da vida: Catequese com o Ventre Materno, com Crianças, com Adolescentes/ Jovens, Pais e Padrinhos do Batismo, Adultos e catequistas que atuam com a pessoa com deficiência.

As transmissões chegaram a contabilizar simultaneamente, por dia, entre 600 a 800 catequistas das 106 paróquias das sete cidades do Grande ABC (Santo André, São Bernardo, São Caetano, Mauá, Diadema, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra) e de outras localidades do Brasil (arquidioceses de São Paulo – SP, São Salvador – BA, Feira de Santana – BA, Vitória – ES, Manaus – AM e Brasília – DF; dioceses de Nossa Senhora do Livramento – BA, Sobral – CE, Santos – SP, Óbidos – PA, entre outras).

Palestras que trazem grandes ensinamentos

“A abertura com Dom Pedro foi extraordinária. Deixou bem claro sobre a unidade na diversidade. O encantamento por Jesus tem que nos perpassar e ir ao encontro do outro na missão. E um dia foi complementando o outro. O Pe. Guillermo e a catequese litúrgica fantástica. Pe. Jordélio com seu carisma de nos envolver e nos educar em uma fé clara e sem preconceitos. A equipe do CEFOPE com os materiais com que podemos contar para a Perseverança. E por fim, Pe. Eduardo, outro catequista nato que nos engrandece com suas orientações e ensinamentos. Levanta vários desafios e se coloca à disposição para resolvermos juntos”, avalia a catequista com crianças, Magali Nogarol (Santuário Senhor do Bonfim – Região Santo André – Utinga).

Inclusão, oração e a partilha do conhecimento

A equipe de Catequese com Crianças da Paróquia Nossa Senhora da Candelária (Região São Caetano do Sul) fez um balanço dos principais pontos apresentados nas palestras:

√ Iluminar com reflexões

√ Oração fazendo parte da vida/missão

√ Enriquecimento dos projetos

√ Acalento humano com a acolhida empática

√ Reforçar nosso compromisso de missão

√ Olhar nossos irmãos com os olhos de Jesus

√ Unidade entre as diversas catequeses/diocese

√ Inclusão com muito amor das pessoas com necessidades específicas, fazendo parte da comunidade/pastorais.

“Para nós que estamos começando a inclusão de uma forma concreta esse ano em nossa paróquia, a palestra do Padre Jordélio (A necessidade de formar catequistas para a Catequese Inclusiva) nos ajudou a controlar essa ansiedade com relação ao novo. Vencer pré-conceitos.”

Renovar e fortalecer a vocação de anunciar Jesus

“A Semana Bíblico Catequética Diocesana renova e fortalece em cada coração a vocação de anunciar a mensagem e a ternura de Jesus para todos. Os catequistas são a terra fértil que a Igreja precisa mais do que nunca para tornar os catequizandos discípulos e missionários da paz e da alegria em viver a ressurreição de Cristo”, analisa o catequista com adultos, Marcos Becker (Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro – Região SBC – Centro), casado com Sandra, também catequista (Paróquia Santíssima Virgem – Região SBC – Rudge Ramos).

Uma catequese itinerante que chegue a todas as comunidades

“O que eu mais gostei foi a certeza de que a base da catequese é o mistério Pascal. Que devemos preparar o encontro uma semana antes e ir estudando o conteúdo. Assim, nós teremos segurança no que estamos catequizando. O mais importante pra mim foi saber que é necessário incluir a todos, independente de qual seja situação. E a proposta do bispo de os catequistas mais experientes visitarem as paróquias apresentando como se faz o itinerário, o caminho da catequese informar a todos para a gente se formar”, revela o catequista com adultos, José Maria Damião da Silva (Paróquia Nossa Senhora Aparecida – Região Mauá).