Uma data muito especial da vida do Pe. Nelson Rosselli Filho, 65 anos, é celebrada nesta quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022, o dia em que o presbítero completa 30 anos de sacerdócio, a serviço de Jesus Cristo e do povo de Deus, trabalhando pela evangelização e pela promoção humana.
“Tenho profundo amor pelo sacerdócio, por Jesus Cristo e pela Igreja, que é o povo de Deus. Quando escolhi meu lema de ordenação: “O Senhor me ungiu ministro do evangelho e pastor do seu povo” me comprometi em levar a Boa Nova, anunciar Jesus Cristo e o Reino de Deus para todos”, revela o pároco da Paróquia São Francisco de Assis, no Bairro Santa Maria, em São Caetano do Sul.
Neste bate-papo, o sacerdote conta como surgiu a vocação para entrar no ministério presbiteral, a sua caminhada pastoral na Diocese de Santo André e na CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), a paixão pela leitura e filmes, a espiritualidade, entre outros assuntos. Acompanhe:
Como surgiu a vocação para o sacerdócio?
Padre Nelson Rosselli Filho nasceu no dia 6 de outubro de 1956, na cidade de Uchoa (SP). Ele conta que desde a infância sempre quis ser padre. “Sempre foi meu grande desejo. Quando eu tinha cinco, seis anos de idade, as pessoas me perguntavam: o que vai ser quando crescer? Eu dizia: “quero ser padre”. E a família da minha mãe não queria. Pedia para tirar isso da cabeça. Já o meu avô (pai do meu pai) gostava”, revela o presbítero, que gostava desde pequeno de participar das missas, das orações nas casas e rezar o terço. “Frequentava muito as casas dos meus avós. Tinha a benção do Santíssimo Sacramento, a Via-sacra, era uma coisa muito bonita. Eu queria ser coroinha. Sou da época que a missa era rezada em latim. Não entendia nada, mas eu ficava encantado”, recorda.
No ano de 1971, quando sua mãe partiu para a Casa do Pai, Pe. Nelson, que viva com sua família em Uchoa, na região de São José do Rio Preto, interior do estado de São Paulo, decidiu vir para Santo André, no Grande ABC, com apenas 15 anos. “Comecei a procurar igrejas. Uma das igrejas que eu mais frequentava era a Santa Cruz (Bairro Silveira). Depois fui para a Vila Humaitá (Paróquia Nossa Senhora das Graças), em seguida para a Matriz (Igreja, na Vila Assunção), para a Catedral (Nossa Senhora do Carmo, no Centro). Enfim, foi onde me encontrei e fui amadurecendo esse desejo de ser padre, que foi ardendo no coração cada vez mais”, sintetiza.
Se não fosse padre, qual seria a sua profissão?
Antes de entrar para o Seminário, Pe. Nelson trabalhou 15 anos (entre 1973 e 1988) na TRW (empresa de equipamentos automotivos, que era instalada em Mauá). “Gostava do trabalho porque lidava muito com o público. Primeiro comecei atendendo as pessoas, depois fui transferido para a função de auxiliar administrativo e para o controle de produção. Então, minha vida de trabalho sempre foi se relacionar com as pessoas. Mas se por acaso o chamado ao sacerdócio não tivesse acontecido em sua vida? “Talvez iria mais para a área de humanas, mais para a assistência social”, confidencia.
Caminhada sacerdotal
Pe. Nelson foi ordenado diácono transitório no dia 4 de agosto de 1991 e presbítero no dia 23 de fevereiro de 1992, pela imposição das mãos do até então bispo diocesano Dom Cláudio Hummes (bispo da Diocese de Santo André, entre 1975 e 1996), na Catedral Nossa Senhora do Carmo, em Santo André. Ele atuou nas paróquias da Região Santo André – Utinga, como Santa Maria Goretti, Nossa Senhora de Fátima e São Camilo de Léllis; Nossa Senhora da Prosperidade, em São Caetano; como pároco na Imaculada Conceição, a Igreja Matriz de Mauá; em dezembro de 2015 foi nomeado como vigário paroquial na Paróquia São Judas Tadeu, na Região Santo André – Centro; em dezembro de 2016 assumiu como pároco na Paróquia São Jorge, na Região Santo André – Leste; em maio de 2019 tomou posse como pároco da Paróquia Nossa Senhora da Salete, também na Região Santo André – Leste. Em agosto de 2020 recebeu autorização para realizar tratamento de saúde. No primeiro semestre de 2021 retornaria à função, permanecendo até outubro do mesmo ano, quando assumiu no dia 23 de outubro de 2021, como pároco da Paróquia São Francisco de Assis, em São Caetano do Sul.
Atuações na Diocese e na CNBB
Na Diocese de Santo André foi coordenador do Centro Catequético, assessor diocesano da Pastoral Familiar, coordenador diocesano de Pastoral, coordenador da Pastoral Presbiteral, membro do Conselho Econômico da Diocese e do Colégio de Consultores, reitor do Seminário de Filosofia, formador do Seminário Propedêutico e coordenador das regiões pastorais Santo André – Leste e Utinga. Na CNBB foi secretário do Regional Sul 1 – São Paulo durante oito anos, subsecretário da Sub-Região Pastoral SP 2, membro do Projeto Missionário Sul 1-N1, e também assessor das Campanhas da Fraternidade e da Evangelização da CNBB, em Brasília.
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A paixão pela música e um show memorável
Pe. Nelson é um grande apreciador de estilos musicais, que vão desde o sertanejo raiz e a música latino-americana até canções da MPB e ópera. “Também gosto de músicas instrumentais para relaxar e descansar um pouco”, conta. Ainda como seminarista, o presbítero relembrou que toda segunda-feira à noite gostava de ir para São Paulo assistir concertos de música clássica e orquestra sinfônica, no Theatro Municipal ou no Memorial da América Latina. No entanto, ter assistido o show de uma das maiores cantoras de todos os tempos foi um privilégio. “O show que mais me marcou foi o da Elis Regina (1945-1982)”, atesta. Seus artistas favoritos são Chico Buarque, Renato Russo (1960-1996), Caetano Veloso, Maria Bethânia, Mercedes Sosa (1935-2009), Andrea Bocelli, Luciano Pavarotti (1935-2007) e Plácido Domingo.
Filmes e o gosto pelo cinema
Damião: O Santo de Molokai (Paul Cox, 1999) é um dos filmes que mais tocaram o coração de Pe. Nelson. “Conta a história de São Damião, que vai cuidar dos leprosos na Ilha de Molokai. É bem profundo”, revela. Pe. Nelson recorda uma história dos tempos de seminarista. “Numa quaresma, uma das penitências era ir ao cinema. Mas acho que vou fazer de novo para estar por dentro dos filmes que estão por aí. Faz tempo que não vou ao cinema. A gente vai ficando desatualizado”, afirma.
Construindo uma visão crítica
Pe. Nelson gosta de ler livros, jornais e assistir noticiários para se manter atualizado e estar por dentro de tudo o que acontece no mundo. “Assim vamos construindo uma consciência crítica sobre vários assuntos”, afirma. Em relação aos livros, a Bíblia e a Liturgia das Horas são os favoritos, mas também aprofunda pesquisas sobre documentos da Igreja e publicações que falam de espiritualidade.
As viagens inesquecíveis
Na memória afetiva de Pe. Nelson, as viagens de trem (de São José do Rio Preto para São Paulo, e de Corumbá – MS a Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia). “Também tivemos as viagens do Projeto Missionário Sul 1 e Norte 1, quantas visitas ali, muito marcantes. As viagens para o próprio Nordeste, que é muito bonito”. Seu lugar preferido é Fátima, em Portugal, mas também recorda com carinho das viagens para a Itália (Roma e Assis), Grécia e Terra Santa. “Já fui três vezes e pretendo ir mais uma vez”, projeta.
O esporte como superação
Assistir aos Jogos Paralímpicos é uma tradição para Pe. Nelson, que o deixa emocionado. “Vejo os exemplos de superação. Quanta dedicação, quanto esforço. Torço muito para todos que estão participando. Esses atletas ensinam muito para cada um de nós”, destaca. Algo que recorda com muito carinho da sua vida infantojuvenil eram as aulas de educação física e as coleções de figurinhas de jogadores de futebol. “Gostava de ginástica e de natação. Até hoje se vou procurar fazer é uma dessas duas modalidades para desenferrujar um pouco. E na infância gostava de colecionar figurinhas”, ressalta.
A passagem bíblica
Para encerrar nosso bate-papo em grande estilo, Pe. Nelson comenta sobre essa passagem bíblica marcante em sua vida. “Antes de formar você no ventre de sua mãe, eu o conheci; antes que você fosse dado à luz, eu o consagrei, para fazer de você profeta das nações” (Jeremias 1, 5). “Tem outras passagens significativas também como o Livro de Samuel, a Conversão de São Paulo (Capítulo 9, Atos dos Apóstolos), as Cartas de São Pedro, São Lucas, no Capítulo 24, dos discípulos de Emaús que transmitem a boa notícia do Cristo Ressuscitado. Também gosto bastante da reflexão da Paixão de Jesus Cristo”, finaliza.
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