PADRE ODAIR BEZERRA
Missa Exequial – 31/03/2022
Paróquia Nossa Senhora do Bom Parto – Santo André
Leituras Sab 3,1-9; Rm 6,3-9; Mt 5,1-12
Homilia Dom Pedro Carlos Cipollini, Bispo diocesano
Estimados irmãos aqui presentes e todos os que nos acompanham pela internet. Minha saudação e acolhida aos padres, diáconos e religiosos do nosso Clero de Santo André aqui presentes, e de outros lugares e seminaristas.
Uma saudação toda especial à mãe do Padre Odair D. Raimunda Delfina da Cruz, aqui presente com seus irmãos, irmãs e demais familiares do Pe. Odair. À Sra. Da. Raimunda nossa solidariedade na sua dor, nosso abraço, nossa prece.
Uma saudação a todos os paroquianos desta paróquia de Nossa Senhora do Bom Parto e das demais paróquias onde exerceu seu ministério o pranteado Pe. Odair, e que estão rezando conosco neste momento: Paróquia Coração de Jesus, em São Caetano do Sul, Nossa Senhora do Rosário, em Santo André, São João Batista também em Santo André, onde pastoreou por onze anos, e agora aqui nesta paróquia por um ano.
Prezados irmãos e irmãs, o Padre Odair nasceu em Malhada-BA em 25/10/1974, (faleceu com 47 anos de idade e 16 anos de sacerdócio). Padre Odair representou uma grande quantidade de brasileiros que migram para o Grande ABC em busca de uma vida melhor. E aqui ele foi chamado por Deus para exercer o sacerdócio. Disse seu sim generoso. Percorreu as etapas da formação até ser ordenado presbítero em 19/11/2005. Sabe Deus com quanto sacrifício, mas também com quanta alegria, a alegria de ter sido escolhido.
Sua morte nos chocou e trouxe a nós a lembrança da advertência de Jesus: “Estais preparados pois não sabeis nem o dia nem a hora”(Mt 25,13). E de fato é assim. Nestes momentos o que nos conforta é a solidariedade. E aqui estamos unidos e solidários a partir de nossa fé e de nossa esperança!
Somos envolvidos pelo mistério da vida e também da morte. E aqui estamos para rezar sobre estes acontecimentos. Agradecer a Deus a vida do Padre Odair. Suplicar a Deus que pela passagem da morte, ele seja levado até a morada eterna com Jesus e Maria, que tanto ele amou nesta terra.
O que nós rezamos para os irmãos falecidos é uma oração sofrida, mas cheia de esperança. A morte para o cristão é um momento único e muito importante, pois neste acontecimento ele se encontra definitivamente com Deus e pode ter também, pela primeira vez, seu encontro total consigo mesmo. É o momento do encontro amoroso com o Pai misericordioso, que acolhe o filho. Filho que fez uma longa peregrinação em busca da felicidade, muitas vezes caindo e se levantando, sofrendo e se alegrando. Esta é a caminhada de todos nós e foi também a caminhada de Padre Odair.
Tudo agora será colocado nas mãos de Deus através desta santa eucaristia, para ser definitivamente assumido e redimido de forma total. “A vida dos justos está nas mãos de Deus, e nenhum tormento os atingirá. Aos olhos dos insensatos parecem ter morrido; sua saída do mundo foi considerada uma desgraça, e sua partida do meio de nós, uma destruição; mas eles estão em paz”, ouvimos na 1ª. Leitura.
São João escreve numa de suas cartas que Deus é luz! A morte é o momento de entrar na luz eterna. Após a peregrinação desta vida, na qual passamos pelo sofrimento purificador da Cruz de Cristo (que é morrer para o pecado), nós ressuscitamos iluminados e transformados em Deus.
No Evangelho Jesus nos exorta a viver as Bem-aventuranças porque elas nos conduzem ao céu. As bem-aventuranças são o retrato de Jesus. Quem as vive, fica parecido com Ele, vai se assemelhando com Ele, e assim poderá ser reconhecido pelo Pai e abraçado na hora da morte. Será contado entre os que pertencem a Deus para sempre. O Padre Odair quis viver estas bem aventuranças como todos nós. E sabemos que Deus é tão bom que, se contenta muitas vezes com nossa vontade sincera, quando não conseguimos realizar tudo. “Aos olhos dos homens parecem ter sido castigados, mas sua esperança é cheia de imortalidade; tendo sofrido leves correções, serão cumulados de grandes bens, porque Deus os pôs à prova e os achou dignos de si”.
Como é consolador também, ouvir neste momento as palavras de São Paulo da carta aos romanos aqui proclamada: “Se, pois, morremos com Cristo, cremos que também viveremos com ele. Sabemos que Cristo ressuscitado dos mortos não morre mais; a morte já não tem poder sobre ele”.
O ano passado conversei com padre Odair na Cúria, ele me relatou que concluiu seu curso de direito. Parabenizei-o pelo esforço! Meu último contato com padre Odair foi dia 17 de março deste ano, por WhatsApp, quando entrei em contato para saber dele, dado que não o vi na Reunião Geral do Clero. Ele me colocou a par de seu tratamento intensivo do coração. Recomendei-lhe que cuidasse bem da saúde, que usasse o plano de saúde.
Quero, porém, terminar com as próprias palavras de Padre Odair, da sua fala no ato penitencial, na última missa que celebrou aqui mesmo nesta igreja matriz, na terça-feira (29/03), e que eu transcrevo aqui:
“Que você sinta o amor de Deus em sua vida. O Senhor é a única luz que nós temos, a luz que nosso povo tem. Senhor atendei-nos! Na escuridão de nossos pecados, arranque de nós todos os medos, todos os sentimentos de impotência, arranque de nossa vida toda maldição e as palavras malditas, toda condenação… Porque Tu Senhor somente és Deus, o Deus em quem acreditamos e confiamos. E hoje vos pedimos a cura para nossos corações feridos, a cura da opressão do Maligno sobre nossa vida, nossos pensamentos e sobre nossa mente. Queremos nesta noite clamar a teu poder Jesus: que teu sangue possa lavar, possa me purificar das impurezas deste mundo e salvar minha alma. Porque sei que tu Senhor tens poder para isso”.
Meus irmãos e irmãs aqui está um belo testemunho da fé que animou o Padre Odair e o fez elevar a Deus esta prece, para si e pelo povo. E nós cremos que na sua misericórdia Deus o atendeu. Que realizou na sua vida, na hora de sua morte, o que ele pediu nesta última prece.
Por isso, temos mais motivos de nos alegrar na esperança do que chorar na tristeza.
Que brilhe para o Padre Odair, Senhor, a vossa luz sem fim.
Amém.
