Diocese de Santo André

Homilia da ordenação presbiteral dos diáconos Cauê e Jorge

ORDENAÇÃO PRESBITERAL DIÁC. CAUÊ E DIÁC. JORGE LUIS

Dia 08/10/2022 – Igreja Matriz de Santo André

Dom Pedro Carlos Cipollini

(Jr 1,4-9; Jo 10,11-16)

 

 Prezados irmãos e irmãs, vindos de toda nossa Diocese para este dia de graça, sejam todos acolhidos no amor de Cristo. Que momento feliz e jubiloso estamos vivendo. Repletos de ação de gratidão, queremos bendizer o Senhor porque Ele é bom. Bom para nossa Igreja, dando-nos a alegria de ter hoje mais dois sacerdotes: o Cauê e o Jorge.

Saúdo a todos os presentes, em especial esta coroa luminosa de presbíteros que rodeiam o altar, os diáconos, seminaristas, religiosos e religiosas e todos os irmãos e irmãs no santo batismo aqui presentes e os que nos seguem pela internet. Uma especial saudação aos familiares dos ordenandos: a Sra. Evelin Gomes e Sr. Áureo Moretti Bonfim (in memória) pais do Diácono Jorge Luis; Sra. Sandra Ribeiro Fogaça e Sr. Edvaldo Fogaça (in memoriam) pais do Diácono Cauê e todos os demais familiares.

A santa missa que celebramos é o momento sublime e sagrado, no qual, junto com a oferta do pão e do vinho estamos ofertando ao Senhor duas vidas para trabalharem na sua vinha. É isto que serão: operários da vinha do Senhor! Colocar-se a serviço do Senhor Jesus, com gratuidade,  por amor ao Reino de Deus, é o que desejam fazer solenemente, estes dois diáconos que ordenaremos. Vocês desejam servir e não serem servidos a exemplo de Jesus. Não é verdade? Tudo isto é graça divina, é o dom da gratuidade: servir por amor, amar e servir!

O Evangelho que foi proclamado fala do bom pastor que dá a vida pelas ovelhas, ao contrário do mercenário que não é pastor, pois não conhece as ovelhas…O ideal de ser bom pastor está presente a vocês nos lemas que escolheram: “Onde estiver seu tesouro, aí está teu coração” e “Viu, sentiu compaixão e cuidou dele”! É todo um ideal de estar unido a Cristo numa aliança de amor,  de acompanhá-lo na sua função de bom samaritano da humanidade sofredora, indo ás periferias existenciais para socorrer e amparar.

Quero recordar-vos que para serem bons pastores deveis viver esta aliança com Cristo para estarem unidos a Ele. Hoje é dia de consolidar esta aliança. Ninguém é bom pastor se não estiver unido a Cristo. A referência a Cristo é a chave absolutamente necessária para se compreender o sacerdócio. O padre é na Igreja e para a Igreja, uma representação sacramental de Jesus Cristo Pastor. De fato, o ministério ordenado, somente pode ser exercido eficazmente, na medida em que o presbítero estiver unido a Cristo. É o desejo de corresponder ao amor de Cristo, que faz do padre um homem de Deus. Ser um homem de Deus é tudo o que o povo espera do padre!

Prezados diáconos, Cauê e Jorge Luis. Esta união com Cristo começou para vocês no batismo. O Cauê batizado em 18/06/1995 e o Jorge batizado em 19/05/1996. O batismo fez de vocês cristãos, uniu-vos a Cristo de forma indelével. E agora, pelo sacramento da Ordem, Jesus passa chamando, para que vocês como batizados, possam receber um ministério especial: a missão de serem configurados a Cristo Jesus. A missão de tornar Jesus presente na comunidade, não só com a celebração da Eucaristia mas, com o vosso bom exemplo. O sacerdote é cristão encarregado de manter viva a memória de Jesus, do Evangelho, da justiça do Reino. “Porque não são coisas diferentes amar a Deus e amar a justiça”(S. Leão Magno in Sermão 95,6).

Permitam-me recordar algo essencial que o Papa Francisco não se cansa de repetir, como o fez para nós bispos na recente visita ad limina, são as quatro proximidades do padre. Quais são as quatro proximidades dos sacerdotes?

A primeira proximidade é com Deus na oração. Sem vida espiritual, oração, espiritualidade, o padre não se sustenta. A segunda proximidade é com o bispo. A característica do sacerdote diocesano é a diocesaneidade, e a diocesaneidade tem seu ponto fundamental na relação frequente com o bispo que é pai na fé dentro da sucessão apostólica. A terceira proximidade é com o presbitério. Vocês não tenham a ilusão de pensarem que serão bons sacerdotes, somente unidos ao povo ou a um determinado grupo. A partir de hoje farão parte do Presbitério. A quarta proximidade do sacerdote é com o Povo, pois, o bom pastor tem “cheiro de ovelha”.

Enfim, meus caros filhos que estais para serem ordenados presbíteros, permitam-me repetir o que o papa Francisco falou-nos no encontro que os bispos tivemos durante a visita ad limina: “a Igreja precisa de pastores não de clérigos”.

Mediante a ordenação, Cauê e Jorge, recebereis o mesmo Espírito de Jesus Cristo que vos tornará semelhantes a Ele, a fim de que possais agir em seu nome e viver em vós os mesmos sentimentos de Cristo. Lembrem-se que as rosas tem espinhos. Assim vossa missão não será fácil, em uma sociedade que não dá mais relevância aos padres. É preciso ter fé e coragem. Sejam resilientes nos momentos de cruzes, se desejam ser pastores verdadeiros, porque: “Pertence à firmeza do cristão não apenas fazer o bem, mas também tolerar os males”(Sto. Agostinho,  Sermão sobre os Pastores in Sermão 46,13).

Nossa Igreja Diocesana se alegra pelo vosso sim. Nossa Igreja Diocesana não pede coisas extraordinárias de vocês, mas somente que cumpram as promessas que irão fazer daqui a pouco, de forma solene e pública, nesta assembleia santa, na qual o céu se une à terra, vindo todos os santas e santas de Deus em nosso auxílio, como pediremos na ladainha.

No mais caríssimos, recordem-se por toda a vida, das palavras do profeta Jeremias que escolheram para a primeira leitura aqui proclamada: “Não tenhas medo, pois estou contigo para defender-te”(Jr 1, 8).

Que assim seja. Amém.

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