Falar da Santíssima Trindade pode ser um grande desafio, se tentarmos compreender a natureza de Deus em sua infinitude. Como poderíamos entender, com nossa razão, que um só Deus são três “pessoas” e, mesmo sendo três, são um só, indivisível? Na natureza, Deus é único (o Pai é Deus, o Filho é Deus e o Espírito Santo é Deus), mas é trino no modo como se manifesta na história da salvação; cada um com sua missão específica: o Pai cria, o Filho redime e o Espírito Santo reúne e santifica. Nem sempre esta dinâmica é tão fácil de se compreender, mas é possível que façamos a experiência de encontro e aprendizado com a Trindade.
Claro que o fato de não compreendermos plenamente a natureza de Deus não deve ser motivo de preocupação ou crise de fé. Diz uma história atribuída a Santo Agostinho que, ao caminhar pela praia, ele encontra um menino tentando depositar toda a água do mar num pequeno buraco. Questionou a criança, dizendo ser algo impossível e, para sua surpresa, o menino respondeu-lhe que seria mais fácil colocar toda a água do oceano naquele pequeno buraco do que a inteligência humana compreender o mistério da
Santíssima Trindade. Assim nós também entendemos que tal compreensão é inacessível com nossa razão, só Deus pode nos revelar seu mistério. Mas não é porque não compreendemos plenamente que não podemos refletir profundamente sobre esse mistério. Se Jesus nos convida a sermos como o Pai (cf. Mt 5,48), amando-nos mutuamente, podemos nos inspirar nessa unidade em nossa experiência comunitária; vivendo uma união profunda uns com os outros e valorizando as nossas individualidades.
Que essa perfeita união divina nos inspire e nos conduza a sermos uma só comunidade, caminhando juntos e trabalhando na construção do reino Deus através do amor.
* Artigo por Bruno Melato Perrote (Seminarista Diocesano)