O papa Leão XIV acaba de declarar “santo”, o jovem Carlo Acutis, conhecido hoje mundialmente, principalmente, pelos jovens cristãos. Nasceu em 03 de maio de 1991 e morreu com quinze anos em 12 de outubro de 2006. Viveu quinze anos. Por que esta atração mundial que exerce, em especial, sobre os jovens? Porque é um jovem santo acessível, de calças jeans e mochila nas costas, como tantos jovens que se identificam com ele. Se identificam na sua juventude, na sua leveza e proximidade, na vivência do dia a dia de um jovem de nossa época.
Mas somente isso? Claro que não. Carlo Acutis tocou no coração dos jovens que buscam algo mais, além do prazer, da fama e do glamour do poder. Ele tocou na fibra íntima do coração de todo jovem: ser feliz! Carlo Acutis foi um jovem feliz no seu encontro com Deus, que iluminou sua vida e o fez iluminar a vida dos que o rodearam.
Não foi luz de holofote, mas uma luz suave e persistente que permite a travessia da vida sem medo e sem apagão. Ele encontrou em Jesus Cristo e no Evangelho a razão de sua vida. Procurou viver no seu dia a dia, o que Cristo ensinou. Pequenos atos de bondade, lealdade, alegria e generosidade que ele não fazia questão de mostrar, mas dos quais não desistia.
Chama a atenção por ter usado sua capacidade de trabalhar no computador para divulgar pela internet mensagens maravilhosas com um profundo sentido cristão. Por isso, também é tão próximo dos jovens.
Na biografia que escreveu de seu filho, a mãe de Carlo, que é viva e, juntamente com seu marido e o casal de filhos pode assistir à canonização, deixa muitos testemunhos desta vida breve, mas profundamente enraizada na fé e no amor de Cristo. Seus pais não eram católicos praticantes, mas aos poucos, com o exemplo do filho, foram atraídos para a vivência da fé. Na biografia, sua mãe escreve: “Há alguns anos, meu marido e eu nos aproximamos da fé. Nós a redescobrimos graças a Carlo. Foi ele quem nos levou para perto do Senhor. Em minha vida, eu tinha ido à missa três vezes: no dia do meu batismo, no dia da minha primeira comunhão e no dia do casamento. E assim, também meu marido. Não éramos contrários à fé. Simplesmente nos acostumamos a viver sem.” (Antonia Acutis, O segredo do meu filho, 2022, p.10).
Muitas pessoas, ao conhecerem a história e o testemunho deste jovem, estão voltando a crer em Deus, a praticar a fé cristã e buscar a vida na santidade. O cristão do século XXI, ou será místico ou não será cristão, afirmou um teólogo famoso. Sua profecia nunca foi mais oportuna que hoje. A vida santa, ou seja, a vida em união com Deus, para o qual fomos criados, é a vida mística, capaz de realizar a pessoa a partir do seu íntimo, dando assim sentido a todas as coisas.
O materialismo de nossa cultura cansou. Há um ressurgimento da espiritualidade. O ser humano não é somente matéria, tem alma também. Há um combate entre espiritualistas e materialistas no mundo científico, contudo, no âmbito do senso comum, no meio do povo, o espiritualismo renasce em detrimento do materialismo. Existe fome de transcendência, fome de Deus!
E é isto que este jovem santo nos lembra, indica com seu testemunho de vida que a vida vale a pena se a alma não é pequena, e aspira uma felicidade que ninguém e nada pode tirar, porque é eterna.
+Dom Pedro Carlos Cipollini
Bispo de Santo André