Diocese de Santo André

Encontro com a Ordem das Viúvas e das Virgens Consagradas

 11 de fevereiro de 2017 – Dom Pedro Carlos Cipollini

VOCAÇÃO PARA A FELICIDADE: LIBERDADE PARA AMAR!

Neste momento de encontro e reflexão, gostaria de colocar alguns pontos luminosos da tradição espiritual de nossa Igreja que possam servir para iluminar a caminhada de vocês e ejudar a perceber que o chamado que vos foi feito, é um chamado todo especial de vida na intimidade com Deus, para servir a Igreja com liberdade. Vou pontuando alguns tópicos e refletindo com vocês!

  • Somos seres que possuem um impulso vital para o gozo em plenitude. Experimentamos nosso ser como num processo contínuo de busca do prazer e da realização. Assim tomamos o prazer como princípio do comportamento. No entanto, S. João da Cruz diz que “o sabor do bem finito cansa e estraga o paladar” (P 11 vv. 5-8) e ainda: “quem se move pelo gosto de sua vontade é como quem come fruta estragada” (D 45), “como quem puxa a carroça encosta acima é o que caminha para Deus com seus apetites” (D 55) eles cansam, atormentam, obscurecem, sujam e enfraquecem (1S 5). Por que?
  • Nossa busca por prazer supera o prazer sensível. Buscamos a felicidade, a PAZ. O ser humano busca mais que o prazer sensível ele deseja um prazer que jamais termina: tem sede de infinito, sede de Deus. O ser humano não se satisfaz com menos do que Deus.Somente repousando em Deus o ser humano atinge o prazer e a alegria verdadeiros. Do contrário mergulha no vazio, na solidão, na amargura, (nihilismo).
  • Fomos criados para amar e somente quando entrarmos no dinamismo do amor estaremos no caminho seguro da vida que não tem fim. A busca egoísta de prazer e bem estar não nos dá a felicidade, somente nos engana, é um paliativo, um alívio momentâneo da tensão interna provocada pela exigência de felicidade. O amor, este sim nos torna livres.
  • “A alma tem capacidade infinita” (2S 17,8) ela quer algo que dure infinitamente e este algo é o amor pois, “ o amor jamais passará” (1Cor 13, 8).E o amor é um sair de si, um esquecer-se de si, uma oblação total: “Quem ama, é certo que já não possui o coração, pois o deu ao amado” (C IX, 2). O amor é capaz de saciar o ser humano. É preciso descobrir o amor. Para nós cristãos o amor se revelou totalmente em Jesus Cristo, caminho, verdade e vida! Em Jesus tudo é amor e Ele nos revela que Deus é amor ( 1J0 4,8).
  • O Evangelho é boa-nova, anúncio de felicidade, plenitude de alegria:“Assim como o Pai me amou, também eu vos amei. Permanecei em meu amor. Se observardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor, como eu grardei os mandamentos de meu Pai e permaneço nosmeu amor. Eu vos digo isso para que minha alegria esteja em vós, e vossa alegria seja plena. Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros como eu vos amei” (J0 15,9-12)
  • Seria a felicidade, a alegria, algo somente possível na outra vida? Para nós cristãos não, a vida eterna já começa aqui. A mística tem um tema central que é a união com Deus já a partir desta vida. Vida mística significa uma antecipação da felicidade eterna na qual o ser humano se realizará plenamente em Deus. Deus infinito quer ser amado pelo ser humano o qual ele criou com capacidade para amá-lo: “Um só pensamento do homem vale mais que o mundo todo; portanto só Deus é digno dele” (D 34). E porque nossa pátria é Deus, nossa vocação é o amor, único caminho para atingi-lo. E o amor é Jesus, revelador da felicidade profunda!
  • Alguns discípulos seguiram tão perfeitamente a Jesus que se tornaram mestres porque souberam viver e interpretar os ensinamentos de Jesus em sua época. Assim é S. João da Cruz, um mestre do crescimento transpessoal: pensador, teólogo e sobretudo místico.
  • Para ele, a alma “em si é uma formosíssima e acabada imagem de Deus” (1S 9,1). S. João da Cruz é um mestre que sabe dirigir-nos para descobrir este tesouro e assim atingir a felicidade que buscamos. Humanamente falando foi um fracassado, mas diante de Deus é um vitorioso que a Igreja reconhece como “Doutor Místico”.O que ele nos propõe? Felicidade verdadeira é união com Deus.
  • “Foi para a liberdade que Cristo nos libertou” (Gl 5,1). A causa de nossa infelicidade está na perda da liberdade. Se somos escravos, cativos, não podemos ser felizes.Tudo o que nos escraviza nos infelicita: fumo, álcool, drogas, trabalho, sexo, moda, dinheiro, pessoa amada, praticas religiosas, etc… Sem liberdade deixamos de nos comportar como pessoas, regredimos e voltamos á imaturidade infantil não raro nos reduzindo a objeto.
  • O centro da concepção judaico-cristã do ser humano está na liberdade: diante de Deus e dos outros somos responsáveis pela nossa liberdade de amar. Sem liberdade não somos responsáveis por nossos atos. “A alma que está escrava dos apetites está entenebrecida, não deixa que a ilumine nem a razão natural nem a sabedoria de Deus” 1S 8,1-3.
  • Quando atamos nossa liberdade a alguma cousa ou pessoa, perdemos nossa capacidade de infinito. Fabricamos nosso próprio mundo e nele nos aprisionamos. Em razão da dependência ou apego a uma criatura, nos convertemos em escravos. Enquanto estivermos apegados a algo teremos um absoluto relativo no lugar do ABSOLUTO que é Deus. Absolutizamos o relativo e acabamos por relativizar o Absoluto (DEUS). Oferecemos ao objeto de nosso apego uma dependência radical que só Deus merece.
  • Ao usar as criaturas como ídolos somos dominados por elas. Elas nos possuem e nós não as possuímos, somos escravos: “estando apegado pela vontade, nada possui, antes, de todas as coisas é possuído, e o seu coração como cativo sofre” (3 S 20,3). Enquanto existir o apego a algo ou a alguém, a relação com esse Deus que nos ajuda é impossível. A razão disso é que não tratamos Deus como Deus (amando-o acima de tudo) mas como algo a mais.
  • Somente quando cortamos toda dependência voluntária do que quer que seja poderemos alcanças a união com Deus. A união com Deus é a libertação total, estar unido a Deus é estar livre já na terra e depois definitivamente no céu. “A verdadeira liberdade de espírito se alcança na união com Deus”(1S 4,6).
  • Nossos apegos se sustentam sobre uma necessidade. A satisfação exagerada, desmedida e desordenada da mesma, se transforma em uma dependência. Um apego puxa outro. Graças ao apoio da vontade, o apego cresce e aumenta suas exigências, se torna despoticamente insaciável: “O apetite é como fogo que colocando lenha, cresce” (1S 6,6). Estando apegados, somos opressores de nós mesmos pois colocamos tudo, nosso corpo e inteligência a serviço do objeto de nosso apego.
  • No desapego de tudo e de todos há condição para nossa união com Deus a qual nos torna livres e conseqüentemente, felizes. “O amor não consiste em ter grandes coisas, senão em ter grande desnudez” (D 114). Para buscar a Deus requer-se um coração despojado (C3,5). Amar é desnudar-se por Deus de tudo o que não é Deus”(2S 5,7).
  • Depois que me pus em nada, nada me falta. Quando nada quero com amor de propriedade, tudo me é dado sem que o busque. Pelo nada se chega á plenitude do tudo. A vida é caminho de plenitude, nós conseguimos a plena felicidade na transformação em Deus. Sem e renúncia não nos transformamos e não chegamos ao cume do monte onde seremos livres e unidos em Deus na sua intimidade.

 

Que Deus abençoe e consolide a vossa vocação!

 

 

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