Diocese de Santo André

Entrevista: Frei Nestor exalta São Francisco de Assis e a espiritualidade do Santuário Senhor do Bonfim

No período das comemorações do padroeiro Senhor do Bonfim e de São Francisco de Assis, o pároco reitor do Santuário Senhor do Bonfim, Frei Nestor Marin, concedeu entrevista exclusiva para a Diocese de Santo André, diretamente do centro de espiritualidade, no Parque das Nações, no Segundo Subdistrito da cidade andreense.

Ele participou recentemente do 11º Capítulo Provincial Ordinário, em Campo Largo-PR, realizado em setembro, para analisar os últimos quatro anos e traçar metas e objetivos da Província de São Francisco de Assis, ocasião em que também foi constituído o novo conselho, do qual Frei Nestor integra como definidor.

Neste bate-papo, o religioso gaúcho comenta sobre os desafios da Igreja Católica na região, as devoções ao Senhor do Bonfim e a São Francisco de Assis, além da experiência de quase três anos da elevação da paróquia a santuário.

Vale lembrar que a Paróquia Senhor do Bonfim é administrada, desde 1949, pela Ordem dos Frades Menores Conventuais, da Província São Francisco de Assis. O Santuário Senhor do Bonfim funciona das 6h30 às 20h30, sempre com duas missas diárias. Mais informações pelo telefone: (11) 4472-8444.

 Conheça mais sobre o Frei Nestor Marin e acompanhe a entrevista:

Nome: Nestor Marin

Cidade Natal: Nova Pádua (RS)

Data de Nascimento: 15/08/1962 (55 anos)

Formação: Filosofia e Teologia

Atua desde 2014 como pároco reitor do Santuário Senhor do Bonfim, em Santo André. Entrou no seminário aos 20 anos, em 1985, ao fazer o noviciado, na cidade de Caçapava (SP). Entre os anos de 1986 a 1989, cursou Filosofia na Paróquia Senhor do Bonfim, no município andreense. Fez um ano de estágio em Itaberá (BA), em 1990.  Voltou para Santo André, onde estudou Teologia durante 4 anos (1991 a 1994). Retornou ao estado baiano por dois anos. Esteve em Cascavel (PR) no período de 3 anos. Já na década de 2000, atuou como frei nas cidades de Guaraniaçu (PR) – 6 anos, divididos em duas paróquias – , Mogi das Cruzes (8 anos) até o retorno ao Grande ABC.

Entrevista e fotos: por Fábio Sales

1 – Como tem sido a experiência durante esses quase três anos em que a Paróquia foi elevada a Santuário Senhor do Bonfim pela Diocese de Santo André?

Tem sido uma experiência maravilhosa. Essa paróquia vai completar 75 anos, em 2018. Por isso, em 2015, a edificação do santuário foi muito propícia porque tornou o local um centro de espiritualidade. Digo isso porque aqui, onde moramos (no Parque das Nações), não tem mais tantas famílias. Existe mais o comércio. E o comércio é de pessoas que não moram no bairro, normalmente. A maioria que frequenta o santuário vem de fora.

Porque aqui na frente (do santuário) passa o trólebus. Todo o transporte coletivo passa pela Rua: Oratório e principais vias, ligando São Paulo a Santo André. E com isso se tornou um centro. A porta do santuário está aberta, as pessoas param e entram. Participam da missa. Fazem uma oração. Mesmo que tenham uma paróquia fixa, tem o momento devocional, mas depois vão embora.

2 – E como tem sido a rotina depois que a paróquia se tornou santuário?

Claro que para nós franciscanos é um desafio. Você tem que se empenhar e se desdobrar para atender confissões, aconselhamentos e a própria espiritualidade (no santuário). Enquanto em uma paróquia tem os horários fixos, aqui tem uma espiritualidade contínua toda a semana.

Por exemplo, segunda, às 15h, temos a missa; na quarta, momento de oração e liturgia, na parte da tarde; na sexta, ocorre a via-sacra; missas nos períodos da manhã e noite… Mas um dos pontos principais que prezamos neste roteiro é a pontualidade de nossas ações.

3 – Como é a estrutura de trabalho e quais os próximos projetos do Santuário Senhor do Bonfim?

Contamos com 40 frentes de trabalho no santuário, entre pastorais, movimentos e ações. É um desafio divulgar todas as iniciativas num único momento. Se eu fosse dar o aviso de que tudo que acontece na semana, seriam mais duas homilias do padre (risos). E a minha homilia não é tão curta. Por esse motivo tem que concentrar as atividades num mesmo espaço.

Por isso, vamos implementar, em breve, um painel (monitor de vídeo) na entrada do santuário, com as atividades e todos os avisos semanais, além das celebrações e festas especiais. E o nosso objetivo é atuar em sintonia com o jornal, o site e as redes sociais para divulgação de tudo que acontece no santuário aos frequentadores e futuros visitantes do centro de espiritualidade e de encontro com Deus.

4– Além da Festa do Senhor do Bonfim, em setembro, também teremos celebrações especiais pelo Dia de São Francisco de Assis, em outubro?

Exatamente. Realizamos com alegria e amor as comemorações que antecedem os 70 anos da procissão pela fé e devoção ao Senhor do Bonfim, que acontecerá no próximo ano. Encerramos a Festa do Bonfim, já começamos o momento bonito de São Francisco de Assis, celebrado neste dia 4 de outubro.

Realizamos o tríduo nos dias 1º, 2 e 3 de outubro. Antes, no dia 30 de setembro, aconteceu a Feira Franciscana, como preparação ao tríduo, com atrações musicais, representando a mística franciscana. E nesta dia 4 de outubro acontece a benção dos animais, às 15h (no dia 8 de outubro, também ocorrerá a benção dos animais, para aqueles que não puderem comparecer no dia 4), e a missa solene, às 19h30.  É uma tradição que reúne milhares de devotos de São Francisco de Assis.

5 – Frei Nestor, quais os desafios da Igreja Católica, principalmente na região do Segundo Subdistrito de Santo André?

Creio que um dos desafios aqui é a multiplicidade de religiões, crenças e meios de se ter uma intimidade com Deus. Há muitas religiões e também a indiferença religiosa. Hoje em dia, Deus já não está mais presente no coração de todas as pessoas. Muitas pessoas acreditam que o dinheiro e o próprio Deus.

Acreditam que o templo é o próprio Deus. Então, quem faz a intimidade com Deus acaba sendo a própria pessoa. E com isso, se torna a indiferença religiosa. Precisamos dialogar mais e entender o pensamento e a consciência do próximo. Nesse sentido, a acolhida e a reaproximação da Igreja com a sociedade são fundamentais.

6 – Por falar em intimidade com Deus, como avalia a devoção e a participação dos fiéis na devoção ao Senhor do Bonfim?

Primeiramente, como o Senhor do Bonfim é o padroeiro do santuário tem um marco todo especial. Como diz o próprio nome: Senhor do Bonfim. Significa que todo mundo deseja buscar um bom fim. E com isso nós fizemos a novena e cada noite tendo um tema diferente. E tentamos envolver também (nas atividades) os 300 anos da aparição de Nossa Senhora Aparecida, aqui no Brasil. E juntamos Nossa Senhora, com seu próprio filho (Jesus), na cruz.

(A Festa do Senhor do Bonfim) É uma expressão de fé do povo e também uma maneira de buscar, trazer para mais perto de Deus, o próprio povo de Deus. Porque o sofrimento de Jesus na cruz está muito parecido com o sofrimento do povo em nossos dias. É o desemprego, o abandono das pessoas da terceira idade, a indiferença na Saúde, a insegurança que existe em nosso país. E aqui em nosso bairro não é diferente. Então, quando a gente busca um marco como o do próprio Cristo, o povo tem uma referência na vida.

E na procissão observamos que o povo sente a necessidade de que Deus esteja morando em seu coração. E nada mais apropriada do que a liturgia do dia (17 de setembro). Não é guardando rancor, raiva e ódio no coração que a gente encontra a paz. A paz se encontra na medida que ela é semeada para com o seu semelhante.

7 – E como o bispo Dom Pedro disse, durante a homilia, o perdão se torna o primeiro passo para um mundo de paz…

O perdão é o primeiro passo para que a paz aconteça. Se não houver perdão, não há paz. Porque o perdão faz com que as pessoas se aproximem, as pessoas se ajudem mutuamente. E assim surge a solidariedade. Então, esse é um desafio em nosso tempo. O convite de perdoar a si mesmo e depois ao próximo. Porque não se consegue perdoar o outro, se antes não se faz a experiência do perdão em você.

8 – Frei Nestor, agradecemos a disponibilidade para esse bate-papo com a Diocese de Santo André. Deixe uma mensagem às comunidades da região do Grande ABC.

Agradeço a Diocese de Santo André pela oportunidade de expor um pouco do nosso trabalho no Santuário Senhor do Bonfim e falar sobre projetos, desafios e da espiritualidade franciscana. Que a nossa missão seja dialogar e converter cada vez mais pessoas para Jesus Cristo e, consequentemente, o reino de Deus. Que o Senhor do Bonfim conceda muitas graças e que o exemplo de São Francisco de Assis interceda e se faça presente no coração de nossa sociedade. Deus abençoe a todos e a todas.

Texto e fotos de Fábio Sales

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