Nordestino e fã do saudoso cantor e compositor Belchior organizou viagem para comemorar “oportunidade única” de assistir MasterClass com a soprano, de quem é fiel seguidor do seu trabalho, durante encerramento da primeira edição do evento diocesano, realizado em fevereiro
A noite daquele sábado seria mais que especial para uma pessoa. O espaço do auditório do Instituto Sagrada Família, no Bairro Paraíso, estava ocupado predominantemente por músicos/ cantoras/ cantores/ compositores/ compositoras dos sete municípios do Grande ABC. Porém, lá estava ele, na primeira fileira – no gargarejo como nos referimos aos espetáculos de shows e peças de teatro – para transformar um sonho em realidade: acompanhar uma aula presencial com a renomada soprano Natália Áurea.
Regente e professor de música, o também estudante Samyr Pereira Pontes, 29 anos, saiu de Fortaleza para visitar o seu tio, na zona sul de São Paulo, e aproveitou a estadia para realizar um dos sonhos de sua vida, que foi possível graças à primeira edição do Congresso de Músicos Católicos da Diocese de Santo André.
“Já estava mais ou menos programada (a viagem), mas apareceu uma oportunidade de trabalho em Fortaleza e iria desistir da viagem. Mas pensei comigo: Cara, a Natália vai estar lá. Tenho que ir. Muitas coisas aconteceram para eu não desistir da viagem. Mas a principal delas foi conhecer a Natália”, confessa.
Ele estuda educação musical na Universidade Federal do Ceará. “Toda a galera que estuda lá segue os vídeos dela. A Natália é como se fosse nossa guia. Muitas vezes usamos as listas dela para seguir o andamento do aquecimento vocal, principalmente, nas aulas básicas para iniciar o canto”, diz, orgulhoso.
O contato foi realizado pelo próprio Samyr com a coordenadora diocesana do Setor Música, Fernanda Marqui. “Foi sem querer. Enviei e-mail para organização e não estava conseguindo efetuar a inscrição. Disse, por favor, me ajude! E a Fernanda retornou o contato”, revela. “Acabamos conversando por e-mail, mas eu não sabia que ele estaria aqui (no Congresso). Se soubesse tinha batido palma (risos). Vir de longe para acompanhar o Congresso é muito gratificante para nós”, comenta.
Ao final do encontro, Samyr não escondeu a emoção e o aprendizado que levará para sempre do encontro com um ídolo. “Ter a possibilidade de conversar com ela (Natália Áurea), marcar uma aula, tirar uma foto. Tudo isso foi muito importante para mim”, celebra, ao atualizar o Instagram (https://www.instagram.com/
Belchior e as influências
Samyr se interessou por música desde cedo. Na infância, ouvia as canções tocadas na vitrola dos seus pais. Um repertório de qualidade com músicas e cantores do quilate de Luiz Gonzaga, Roberto Carlos, Amado Batista, Maria Bethânia, Elba Ramalho, Alceu Valença, Geraldo Azevedo, Zé Ramalho, Caetano Veloso, apenas para citar alguns da lista de notáveis.
“Cresci escutando as músicas sertanejas e nordestinas que meus pais colocavam desses artistas. Tem muita gente boa, mas sou fã mesmo do trabalho do Belchior. Aquela poesia e capacidade de transmitir a mensagem por meio das canções é de um sentimento inigualável”, conta sobre o cantor e compositor conterrâneo, que faleceu aos 70 anos, em abril do ano passado.
Samyr canta e gosta de tocar violão. “Meu gosto vai sendo moldado com o tempo. Dá para tirar algumas letras no instrumento, menos as extensões mais elaboradas,
De quebra, Samyr realizou o sonho de conhecer o Allianz Parque, no domingo (04/02), e levou uma vitória na bagagem, de volta à capital cearense, ao presenciar entre os quase 38 mil torcedores o triunfo do Palmeiras contra o Santos, por 2 a 1, válido pela 5ª rodada do Campeonato Paulista. Ainda sobrou tempo para adquirir uma camisa do Verdão e saborear uma bela pizza paulistana.
Uma viagem completa e inesquecível!
Relembre!
Organizado pelo Setor Música, o I Encontro de Músicos Católicos da Diocese de Santo André reuniu aproximadamente 400 pessoas (383 inscritos e inscritas) em cada um dos três dias de evento (31 de janeiro e 1º e 3 de fevereiro).
Em cerca de quatro horas, o encerramento contou com a aula teórica e prática – dividida em duas partes – apresentada pela renomada soprano Natália Áurea abordou a temática “Técnica Vocal: A Voz como Instrumento na Sagrada Liturgia”, num contexto dinâmico e interativo com os participantes.
No primeiro bloco da exposição, Natália aprofundou a teoria, por meio de slides, sobre a Fisiologia da Voz, as formas corretas de cantar e todo o processo de produção vocal, dentre outras particularidades, como o funcionamento das pregas vocais e o controle da respiração.
A soprano interagiu bastante com o público presente, sempre respondendo as perguntas de forma bem-humorada e didática.
Na volta do intervalo, a parte prática se fez ainda mais notável, com a participação de cantores e músicos, na autocrítica e identificação de erros na condução do canto e as respectivas correções para a harmonia vocal, ou seja, olhar na direção da congregação, posicionamento correto do microfone e abertura da boca. “O objetivo da liturgia é fazer com que todos cantem com você. Por isso, a voz da melodia tem que ter um líder”.
Leia também a cobertura do I Congresso Diocesano de Músicos Católicos
https://diocesesa.org.br/2018/
Reportagem: Fábio Sales
Foto: Reprodução/ Instagram Samyr Pontes
