O Sínodo dos Bispos para a Região Pan-Amazônica aconteceu entre os dias 6 e 27 de outubro, no Vaticano. O Documento Final das atividades foi elaborado e está à disposição aqui. Pároco da Igreja Matriz de Santo André durante nove anos (1995 a 2003), Pe. Sidnei Marco Dornelas, 58 anos, também atuou como assessor da Comissão para Ação Missionária da CNBB, entre outras funções. Pe. Sidnei atualmente reside em Buenos Aires, na Argentina, onde exerce o ofício de Diretor do CEMLA (Centro de Estudos Migratórios Latino-Americanos).
Ele foi nomeado pelo Papa Francisco para participar do Sínodo da Amazônia como um dos indicados pela União dos Superiores Maiores que congrega as Congregações religiosas e missionárias. O sacerdote relata a profunda experiência de integrar os debates nesta entrevista exclusiva à reportagem da Diocese de Santo André:
Como foi a experiência de ter participado do Sínodo? E a condução dos trabalhos pelo Papa?
A experiência de participar do Sínodo dos Bispos para a Amazônia foi muito rica. Fui como um dos indicados pela União dos Superiores Maiores que congrega as Congregações religiosas e missionárias. Assim pode-se dizer que fui representando a Congregação dos Missionários de São Carlos (padres scalabrinianos). Papa Francisco foi quem convocou o Sínodo para escutar as Igrejas da Amazônia e todos que vivem a sua caminhada de fé nesse território. O Sínodo foi um grande exercício de escuta com Pedro e sob a autoridade de Pedro. Assim, o Papa acompanhou todo o processo, sempre buscando escutar a todos e compartilhando vários momentos de encontro com todos os participantes. Deu uma atenção especial aos representantes dos povos indígenas e às mulheres presentes. Sempre de maneira muito fraterna compartilhou suas reações ao que era expressado pelos participantes.
Destacaria quais pontos principais do documento final?
O conteúdo do que foi discutido no Sínodo está muito bem sintetizado no documento final aprovado pela Assembleia Sinodal e entregue ao Papa. Esse documento foi publicado já no dia 27, dia da celebração de encerramento. Em poucas palavras, diria que é um convite e um compromisso com uma grande conversão: a “conversão integral “. Se o tema do Sínodo foi “Novos caminhos para a Igreja e para a Ecologia Integral “, a conclusão é que para salvar o planeta e a Amazônia, e passar a novos caminhos de evangelização todos temos que entrar no caminho de uma grande conversão. Uma conversão em quatro momentos simultâneos: conversão pastoral e missionária; conversão cultural; conversão sócio ambiental; e conversão Sinodal.
Quais os desafios para se colocar em prática?
Esse compromisso vale em primeiro lugar para a própria Igreja missionária que caminha na Amazônia. Várias ideias e propostas foram aprovadas nesse sentido: um observatório socio ambiental; uma Universidade Católica para a Panamazônia; a criação de um Conselho Episcopal para a Panamazônia; um rito amazônico; etc.
E para toda a Igreja esse apelo para uma conversão integral também é válido, em seus 4 momentos simultâneos. Principalmente em vista de uma Ecologia Integral, e a salvaguarda de nossa casa comum, como nos ensina a ‘Laudato Si’ [encíclica ecológica do Papa Francisco].