Diocese de Santo André

Coleta para os Lugares Santos beneficia peregrinos e ‘pedras vivas’ na Terra Santa

“Poderíamos nos perguntar: O que uma estreita faixa de terra, no mediterrâneo tem, que atrai tanto, os mais diversos olhares de pessoas de todo o mundo? Posso dizer que sou um entre tantos, que sentem essa irresistível atração, rendendo-se a ela, não conseguindo resistir.”

A reflexão do diácono Luciano José Dias expressa o sentimento de milhões de peregrinos e turistas que visitam anualmente a Terra Santa (em 2019, cerca de 4,5 milhões de pessoas estiveram nos locais sagrados em Jerusalém e Tel Aviv, segundo dados do Ministério do Turismo de Israel). E para manter a conservação desses lugares santos e a ajuda aos cristãos do Oriente Médio, a Diocese de Santo André, em comunhão com a Igreja no Brasil e no mundo, num sinal de unidade com a Igreja de Jerusalém, realiza neste domingo (13/09), a Coleta para os Lugares Santos em todas as missas das 106 paróquias das dez regiões pastorais, localizadas no Grande ABC.

A iniciativa aconteceria em abril, tradicionalmente na Sexta-feira Santa, mas teve que ser adiada em razão da pandemia da Covid-19. O principal objetivo da ação é ajudar na manutenção dos locais sagrados, das obras de caridade na Terra Santa e dos cristãos, as ‘pedras vivas’ que vivem em Jerusalém, Líbano, Jordânia e Síria.
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Trabalho permanente

Para falar sobre a importância dessa contribuição, membros de nossa Diocese que trabalharam ou peregrinaram pelo berço do Cristianismo relatam suas experiências, o legado e o aprendizado na Terra Santa.

Um deles é o Pe. Mário Alessio da Silva Ferreira, 41 anos, que chegou à Diocese de Santo André no final do ano passado. O sacerdote do Instituto do Verbo Encarnado trabalhou durante oito anos no Patriarcado Latino de Jerusalém, mais precisamente na Faixa de Gaza, no território da Palestina, na Terra Santa. Segundo Pe. Mário, os cristãos são minoria na Terra Santa, não chegando a 5% da população local. “Por isso, a igreja local, o patriarcado junto com os franciscanos realiza um trabalho muito bonito e muito difícil de conservar os cristãos ali, na Terra Santa”, revela. “Porque em meio a todas as dificuldades é importante para nós manter os cristãos ali. Por isso, grande parte desta coleta que se faz para a Terra Santa vai dirigida diretamente aos cristãos, uma grande ajuda da igreja aos cristãos locais, ou seja, a primeira missão dessa coleta é tentar conservar os cristãos no lugar onde cristo nasceu, a presença cristã, a presença da eucaristia”, acrescenta.
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Conservação dos locais sagrados

Pe. Mário também destaca o trabalho exemplar dos franciscanos da Custódia da Terra Santa para conservar os lugares sagrados, onde se encontram muitos santuários importantes como a igreja do Santo Sepulcro, em Jerusalém; a Basílica da Natividade de Cristo, em Belém; o Santuário-Basílica da Anunciação, em Nazaré; e o Santuário de São Pedro, em Jaffa, na cidade de Tel Aviv. “Todos são extremamente bem cuidados pelos franciscanos, por isso outra parte dessa coleta, uma grande parte vai para a manutenção dos lugares sagrados. Lembremos que esse é um benefício para todo mundo, porque pessoas de todos os continentes viajam anualmente para visitar os lugares sagrados e ali rezar, sendo muito bem atendidos pelos franciscanos. Esse é basicamente o trabalho que os franciscanos fazem ali na acolhida dos peregrinos”, sintetiza o atual administrador paroquial da Quase-Paróquia Nossa Senhora de Fátima, em Ribeirão Pires.
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Missão humanitária

Pe. Mário atuou como pároco da Paróquia Sagrada Família, a única na Faixa de Gaza, na Palestina, de 2012 a 2019, onde promoveu uma grande ação social, humanitária e evangelizadora em meio aos tantos obstáculos econômicos como altos índices de desemprego e ausência de serviços básicos. Sem falar que a região localizada no Oriente Médio é palco da guerra entre israelenses e palestinos do Hamas, e sofreu uma escalada da violência em meados de 2014, o que deixou centenas de desabrigados que se refugiaram em escolas e igrejas.
“O pior são os efeitos da guerra e a falta de perspectiva para muitas pessoas. Por outro lado, realizamos uma ajuda social muito grande. A igreja em Gaza, por exemplo, dava painéis solares, água potável, trabalho e ajudava financeiramente com cestas básicas muitas famílias”, confidencia Pe. Mário, que completou 15 anos de sacerdócio no último dia 7 de setembro.
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Desafios da Igreja
Chanceler do bispado na Diocese de Santo André, Pe. William Mariotto Torres, 31 anos, reforça que a Coleta para os Lugares Santos auxilia na manutenção destes locais sagrados, além de fortalecer as comunidades cristãs ali existentes. “Mesmo com as dificuldades do tempo presente, é preciso ajudar nossos irmãos cristãos que residem na Terra Santa”, conclama.

O presbítero recorda a peregrinação que fez recentemente por lá, em janeiro de 2020. “É claro que ali os desafios não faltam: primeiramente, há poucos cristãos. Não é fácil o diálogo com outras denominações religiosas na chamada Terra Santa. Além disso, os cristãos vivem do acolhimento dos peregrinos, porém, em tempos de pandemia, estes praticamente não existem”, atesta o pároco da Paróquia São Vicente de Paulo, em Mauá.

Entretanto, Pe. William guarda lembranças inesquecíveis, como a vista do Mar da Galiléia e a cidade de Naim, e diz que de fato, ir à Terra Santa é uma grande alegria, como mergulhar de forma sensível nas Sagradas Escrituras. “Como diz o Salmo: “Alegrei-me quando me disseram: ‘Vamos à Casa do Senhor'” (Sl 121/122, 1)”, medita.
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Respirar espiritualidade
Diácono Luciano José Dias, 48 anos, ressalta que a experiência de viver na Terra Santa é diferente de uma peregrinação. “É um lugar, talvez o único no mundo, em que se respira espiritualidade todo o tempo. Onde se encontram todos os credos, cores e cheiros. Lugar para onde se convergem todas as religiões, convivendo e partilhando o centro de suas crenças e vidas”, avalia.

Atuando na Paróquia Santa Luzia, em Ribeirão Pires, o diácono destaca que esta procura pela experiência de Deus, do sagrado, que faz desse lugar, um lugar tão especial. “E são exatamente essas pessoas, em busca de um encontro com o sagrado, que mantém viva a necessidade da manutenção dos lugares santos, para desta forma, outros, em todos os tempos, continuarem suas buscas; fazerem também sua própria experiência de fé”, garante ele, sobre a importância da Coleta para os Lugares Santos que propicia a continuidade e manutenção deste ponto de convergência, para onde se volta os olhares de toda a humanidade.

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