HOMILIA
Missa de Posse Pe. Vagner Franzini Na Paróquia Santíssima Virgem
21/12/2025 18:30h -n Dom Pedro Carlos Cipollini
Leituras: Is 7,10-14 Rm 1,1-7 Ev. Mt 1,18-24
Carissimos irmãos e irmãs. Pe. Vagner, demais padres presentes, diáconos, todos vocês que vieram participar desta celebração Eucarística, que marca o início do ministério paroquial do novo pároco. Prezado Sr. Isaías e Da. Aparecida, pais do Padre Vagner.
Neste domingo temos o ponto culminante na preparação para a festa de Natal que se avizinha. As leituras de hoje nos mostram a iniciativa extraordinária de Deus preparando este evento, que ele imaginou e realizou para nossa salvação. Em Jesus Deus se faz presente em meio a nós. Maria e José O acolhem de modo exemplar e nos convidam a imitá-los.
A primeira leitura mostra como o profeta diz ao rei Acaz para pedir um sinal a Deus. Sinal de que Ele salvará seu povo. O rei não ousa pedir nada, mas o profeta diz que Deus toma a iniciativa e dá o sinal: “Uma virgem conceberá e dará à luz um filho que se chamará Deus conosco (Emanuel)”. E assim sucederá. Para nós é motivo de grande consolação saber que Deus sempre toma iniciativas para nos ajudar e salvar.
O Evangelho nos mostra como este sinal prometido será realizado. O evangelho aqui proclamado concentra-se na inesperada gravidez de Maria, por obra do Espírito Santo, no dilema de José e na intervenção divina que leva José a uma decisão de fé e entrega nas mãos de Deus.
Maria e José são noivos. O noivado durava um ano e era já como um casamento, cujo contrato havia sido assinado. Porém os noivos não moravam juntos. José percebe que Maria estava grávida. Ele a ama e sabe da sua honestidade. Então o que pensar, o que fazer? Sendo justo, José não quer aplicar a lei friamente. Lei que condenava à morte uma mulher nesta situação. Ele resolve abandoná-la. Diante da palavra do anjo porém, José aceita entrar nos planos de Deus como colaborador. Para isto, com base na misericórdia, faz uma renúncia radical. Aceita a mudança que Deus faz em sua vida: será pai sem que o filho seja seu, terá uma esposa virgem, por vontade de Deus. Porém, nesta renúncia a possuir a esposa e o filho, ele viverá perto deles e os ajudará com devoção. José viverá um forte amor a Maria, mas sem relações conjugais.
Ao enfatizar a intervenção divina, por meio do Espírito Santo, o evangelista não quer apenas narrar um fato extraordinário, miraculoso, mas afirmar que a origem de Jesus não foi uma iniciativa humana, mas divina. Por isso a Santíssima Virgem concebe seu filho que é homem e Deus de forma humano-divina. O nascimento virginal não é apenas um prodígio, mas é anúncio do Reino de Deus como realidade alternativa, fundada não na autoridade e iniciativa do homem, mas na iniciativa e na força de Deus, que estabelece conosco uma relação filial. Inicia-se em Jesus uma nova criação! Lá no paraíso Deus cria Adão sem ter mãe terrena. Aqui, o Filho de Deus se encarna sem ter pai terreno. É uma nova humanidade….Por Jesus, recebemos a graça da vocação, que é nos tornarmos filhos e filhas de Deus por adoção, como diz o apóstolo Paulo, na leitura aqui proclamada.
O projeto de Deus é excepcional e comporta um fato extraordinário: uma virgem dá à luz um menino que é “Deus conosco”, é o Filho de Deus que veio para nos abrir as portas para a comunhão com o Pai Celeste. Neste menino temos a filiação divina. Este é o projeto de Deus, um projeto de amor infinito. Assim, diante deste relato compreendemos que o Natal não é apenas memória de um fato extraordinário, mas convite a acolher Jesus com a mesma fé e coração aberto com os quais o acolheram Maria e José.
Maria é a nossa companheira na rota da esperança. Ela nos foi dada como mãe para alimentar essa esperança em nossos corações, com sua intercessão e com sua presença misteriosa em nossas vidas. José também nos acompanha com seu profundo silêncio e entrega nas mãos de Deus para cumprir sua vontade. Sempre louvaremos Maria e José por suas virtudes, pela aceitação desta missão extraordinária envolta na condição comum da vida, do trabalho manual, das tarefas familiares, participando da vida do povo.
Vamos acolher a mensagem desta palavra que nos foi proclamada. Reconheçamos que Deus toma iniciativas na nossa vida. Iniciativas que podem parecer desconcertantes, que exigem de nós conhecer a sua vontade, a qual se revela para nós sempre fecunda, porque traz vida.
Por grande coincidência, neste dia em que contemplamos a Santíssima Virgem, chega a esta paróquia seu nosso pároco. Como duvidar que é ela, a intercessora, que o traz? Em meio à nossa ação de graças pelos padres que aqui exerceram o ministério anteriormente, queremos agradecer a Deus o dom do novo pároco, o qual vem para servir e amar vocês, queridos paroquianos e paroquianas desta paróquia.
Todos sabemos da generosidade, devoção e resiliência de vocês que ao longo destes tempos difíceis perseveraram na fé e na vida em comunhão. Padre Vagner vem para somar, para exercer o ministério como “um bom pai de família”. É este o modelo que a Igreja apresenta do bom pastor maduro e capaz de dar a vida por suas ovelhas, buscando mais os interesses de Cristo que os seus interesses próprios. Sacrificando-se para que todos tenham vida e vida em abundância.
Atesto a vocês que nestes dez anos em que conheço padre Vagner, ele foi capaz de cumprir todas as missões que lhe foram confiadas, desde pároco de três paróquias, esta é a quarta, reitor do seminário propedêutico e agora também ecônomo e procurador da pessoa do Bispo nos assuntos administrativos da Diocese. Tem coração bom, muito respeito pelos paroquianos, firmeza nas decisões e devoção com as coisas de Deus. Peço que o acolham e colaborem com o seu ministério, assim como sempre acolheram e colaboraram com o ministério dos padres que por aqui passaram.
O pároco não é o monarca da comunidade que manda em tudo, também não é expectador que terceiriza tudo. Ele é aquele que Deus escolheu, ungiu e enviou para cuidar do rebanho, envolvendo-se na vida da comunidade. A palavra cuidado define o ministério paroquial.
Devido aos trabalhos que padre Vagner tem na Diocese como sinalizei, ele terá dois vigários paroquiais, um que já está aqui, Pe. Guilhermo e outro que virá em breve. Creio que assim, esta paróquia que é uma das maiores da Diocese em número de paroquianos, poderá ser bem assistida.
Que aqui seja vivida a fé através da pregação da palavra de Deus, da vida sacramental celebrada com cuidado e zelo, e pela comunhão entre todos os seus membros, unidos para evangelizar na acolhida e missão. Louvado Seja Nosso Senhor Jesus Cristo.