Artigo publicado no Diário do Grande ABC no dia 5/10/2015
Prezado leitor, peço sua permissão para chamar-lhe de irmão ou irmã, peço-a a todas pessoas de boa vontade:
Quero me dirigir a todos os que se encontram de coração aberto para acolher uma palavra minha a respeito da tentativa de inserção da chamada Ideologia de Gênero no Plano Municipal de Educação (PME), em alguns municípios de nosso ABC já votados e em outros por ser ainda.
Estive por estes dias na Câmara Municipal de São Bernardo do Campo, a convite de membros do legislativo bernardense, para palestrar sobre a Ideologia de Gênero. Essa ideologia consiste, em síntese, no seguinte: nós nascemos com um sexo biológico definido (homem ou mulher), mas, além dele, existiria o sexo psicológico ou o gênero que poderia ser construído livremente pela sociedade na qual o indivíduo está inserido.
Nesse contexto, deixaria de existir um homem e uma mulher definidos segundo a natureza para dar lugar a um ser humano sexualmente neutro, do ponto de vista psíquico. Ignorando a biologia, cada um decidiria seu sexo. O plano do Criador estaria subvertido pela criatura a partir de nossas escolas, repetindo o episódio bíblico da torre de Babel no qual os homens querem desafiar a Deus colocando-se no seu lugar (cf. Gn 11,1-9). Além do mais, negar a biologia é negar a ciência. Isto nada tem a ver com a homofobia, realidade da qual também a Igreja é contrária, mas refere-se à própria natureza do homem e da mulher.
Desejo, portanto, exortar a todos os irmãos e irmãs na fé e pessoas de boa vontade em geral para que busquem, com empenho, se informar sobre a tramitação do assunto junto aos vereadores, representantes do povo, em suas respectivas cidades. Uma vez informados, manifestem a eles, de modo respeitoso e firme, a sua posição contrária a essa perigosa ideologia. Ela subverte o conceito de família, que tem seu fundamento na união estável entre homem e mulher.
A Igreja quer participar, qual fermento na massa, do crescimento e do progresso de nossa sociedade, impregnando-a do Evangelho, sendo sal e luz (Mt 5,14). A Igreja tem o direito e o dever de fazer ouvir a sua voz quando a sociedade se afasta da reta ordem natural. O Concílio Vaticano II declara que “é de justiça que a Igreja possa dar em qualquer momento e em toda parte o seu juízo moral, mesmo sobre matérias relativas à ordem política, quando assim o exijam os direitos fundamentais da pessoa ou a salvação das almas”.
Portanto, só homens públicos impregnados de laicismo agressivo que desejam banir da sociedade a Lei de Deus, tem a atitude contraditória de buscar os votos dos eleitores na época das eleições e depois que ganham, votarem contra o sentimento desta mesma população, (note-se que: laicismo é algo bem diferente da laicidade que consiste na positiva separação e respeito à liberdade religiosa por parte do Estado). Não permitamos que a ordem natural seja subvertida por meio de conteúdos antinaturais ministrados em nossas escolas.
Esse laicismo foi experimentado na Câmara de São Bernardo do Campo, a Plenária estava lotada de pessoas contrárias à Ideologia de Gênero, de diversos credos, de diversas categorias profissionais, elas representavam o sentimento coletivo da população brasileira, mas umas 10 pessoas apenas, tentavam o todo tempo interromper a minha fala com tambores e apitos. É assim que a intolerência de alguns grupos que pedem tolerância se manifesta. Querem falar, mas não estão dispostos a ouvir nenhum discurso contrário. E vejam que eu me propûs, diante de um pedido deles a conversar com esse grupo quando a palestra terminasse. É isto para eles, a “democracia” do só eles falam e todos tem de se calar e obedecer.
Aos irmãos leitores, apelo à consciência, diante de Deus e do próximo, com o direito que lhe assiste enquanto cidadão brasileiro, combatam à Ideologia de Gênero, tão prejudicial à educação de nosso país.
Dom Pedro Carlos Cipollini
Bispo Diocesano de Santo André