Catedral Nossa Senhora do Carmo – Santo André
3o Domingo do Advento
Sf 3, 14-18 – Fl 4, 4-7 – Lc 3, 10-13
Neste terceiro domingo do Advento mais uma vez somos chamados à conversão. É preciso converter-se à justiça do Reino.
João Batista é a figura profética chama e proclama em nome de Deus: “Convertei-vos!” À pergunta sobre o que fazer para converter-se o profeta indica o caminho da mudança de vida.
Queremos melhorar nossa vida. O que fazer? A proposta é viver no amor, viver na justiça. Jesus denuncia a piedade e o culto que não levam à justiça e a misericórdia.
O amor é a meta. Para amar é preciso ter convicção de que Deus nos ama e enviou seu filho que deu a vida por nós. Em Jesus somos amados infinitamente. Este amor eu devo direcioná-lo aos outros, vivendo na partilha, solidariedade e fraternidade. Somos chamados a ter uma atitude nova diante do poder e da riqueza.
Culpamos todo mundo de as coisas não irem bem, mas temos de sair de nosso egoísmo, nosso comodismo, nosso consumismo de cada dia.
Temos de entrar na dinâmica do amor que exige de nós sacrifício, mas um sacrifício redentor.
Hoje abrimos a Porta Santa da Misericórdia. A misericórdia de Deus é o coração do amor. O cristão que está convencido de que é amado por Deus, irradia um profundo respeito, confiança, esperança e gratidão. “Sede misericordiosos como o Pai” (Lc 6,36): Quem é misericordioso, tornar-se instrumento de cura para si e para os outros.
A Nova Evangelização, o novo modo de pregar o Evangelho, como nos ensina o Santo Padre o Papa Francisco, deve ser um modo à semelhança de Cristo que foi o Servo Sofredor, não violento. Para entrar na dimensão da misericórdia é preciso abandonar o ídolo mais perigoso que existe: nosso “Eu” (ego).
O nosso eu presunçoso e engrandecido. O eu soberbo, eu que é comparado na Bíblia ao bezerro de ouro adorado com danças. Se não tomarmos cuidado passamos a vida dançando ao redor de nós mesmos adorando o ídolo no qual se transformou o meu “eu”. E aí não teremos tempo de amar, nem de dar e receber misericórdia.
Mas a Palavra de Deus nos faz hoje um convite, uma recomendação: “Alegrai-vos sempre no Senhor”. Quem se liberta do seu “eu” do egoísmo se torna livre e assim poderá dar testemunho de alegria, a alegria dos redimidos. Esta alegria da libertação não deve ser um bem de consumo privado, há que testemunhá-la, partilhando-a com os outros. A alegria à qual somos convidados não é barulho e glamour, mas felicidade que brota de um coração redimido pelo amor misericordioso de Deus.
Diante do mundo com suas tentações e propostas de consumo e vícios o cristão deve mostrar a verdadeira alegria, deve acreditar no ser humano, no valor da vida e na sua vocação ao amor. Esta alegria é fruto da conversão, fruto do cultivo de um coração pobre. A alegria evangélica, mesmo em meio às contrariedades é a marca dos redimidos que sabem receber e dar amor e misericórdia.
Se há mais motivos de tristeza que de alegria – é só ver as más notícias – devemos evitar entrar no jogo do pessimismo. Nossa alegria vem da fé, da gratidão pela salvação que Deus realiza em nossa vida.
Para poder fazer festa, para que do coração jorre um canto de louvor, é necessário que a memória não esteja obstruída por rancores, ódios para com o próximo, que não esteja habitada por temores e medos.
A verdade que se manifesta a nós hoje é o Cristo misericordioso. Ele é a porta que se abre para nós. Passemos por ela! Não mais busquemos a nossa vontade, mas a vontade do Pai do Céu. Cristo Jesus é a verdade. Se formos verdadeiros diante de Deus seremos verdadeiros diante de nossos irmãos. E a verdade nos cura e liberta!
Vamos viver em nossa Diocese de Santo André o Ano Santo da Misericórdia com espírito de conversão, para sermos uma Igreja mais unida e fraterna, uma Igreja de missionários e não de mercenários. Vamos passar pela porta que é Cristo e nos tornaremos semelhantes a ele para a glória de Deus!
Amém!