Diocese de Santo André

Agradecimento na recepção do Título de Cidadão Honorário

16/3/2016 – Câmara Municipal de Santo André

         Boa noite aos presentes, noemadamente ….

 

Em nome de Jesus, gostaria de agradecer a esta homenagem à Igreja no ABC. Disto porque, pessoalmente, não me vejo com tantos méritos, e nem dotado de tempo para tê-los angariado, para receber este título que sem dúvida é uma honra. Estou aqui há 7 meses apenas, portanto, recebo esta honraria como representante de uma Igreja viva e atuante em Santo André: a Diocese de Santo André. Esta sim merece louvores, está desde o começo da cidade trabalhando para que ela seja melhor a cada dia e se desenvolva na justiça e na paz.

Honraria é uma palavra provém do Provençal Antigo, onde era omenatge, derivado do Latim hominaticus, de homo, “homem”. Era uma forma de um homem prestar honraria a outro nas épocas feudais, mas acabou tendo um sentido geral de “fazer honrarias”, “fazer homenagem”. Por sua vez título vem do Latim titulus, “cabeçalho, inscrição”. Adquiriu o sentido de “palavra que indica a posição hierárquica de uma pessoa”.

O Título de Cidadão Honorário equipara a pessoa homenageada a uma adoção oficial. A pessoa agraciada passa a ser um irmão, um conterrâneo, uma pessoa da terra, da cidade natal, apesar de não ter nascido no local. Concedida a quem fez, sem visar lucros, interesses pessoais ou profissionais, em defesa do povo do Município, o bem. Foi isto que a Igreja em Santo André fez e que eu como membro e pastor dela procuro fazer, o bem comum. Se algum mérito tenho foi o de dizer meu sim para vir aqui ser o bispo desta Igreja.

Mas o que é ser cidadão? O que é ter cidadania? O cidadão é o indivíduo que, como membro de um Estado, usufrui de direitos civis e politicos, por este garantidos, e desempenha os deveres que, nesta condição, lhe são atribuídos.[1] Já cidadania é fenômeno radicalmente antropológico, isto é do homem. Emana da estrutura pessoal. A lei pode regulamentar o exercício da cidadania, mas não a outorga ao ser humano. Cancelar a cidadania é atrofiar a humanidade.[2]

Para ser cidadão não basta ter certidão de nascimento, não basta votar, pagar tributos, obedecer a leis. Cidadania é compromisso histórico. É participação nas decisões e ações da sociedade. Cidadania é participação pluridimensional. É, ao mesmo tempo, participação política, econômica, social, psíquica, cultural e ética. E é justamente por isso que em nome da Diocese de Santo André recebo este diploma e esta chave; porque ela sempre foi arauta da cidadania, participa da vida social com sua solidadariedade, suas relações e com a conscientização de seus membros. Agradeço o que me é atribuido e o remeto à Diocese que represento como Bispo.

Ela faz isto também lutando contra as objeções de consciência de um Estado que muitas vezes não ouve seu povo; querendo impor situações desconfortáveis para todos. Cidadania é participação consciente, e é também por isto que trabalhamos. Nossa fé em Jesus nos encaminha para isto. Já na Carta a Diogneto, um dos mais antigos documentos do Cristianismo (120 d.C) se descrevia o cristão como cidadão: “Assim como a alma está no corpo, assim os cristãos estão no mundo. A alma está espalhada por todas as partes do corpo, e os cristãos estão em todas as cidades do mundo[3].

A Igreja é cidadã, porque ela é povo de Deus, inserido em um terreno concreto, em uma história concreta. O cidadão precisa ter consciência da realidade em que vive, trabalha, sofre e se inter-relaciona. A inconsciência favorece a manipulação e conduz ao adesismo que reforça o sistema desumano que empulha o país e crucifica o povo.

A Igreja em Santo André sabe que a cidadania requer participação na liberdade. A verdadeira muralha da cidade é a liberdade. Cidadania é participação livre e solidária. Ninguém é cidadão sozinho ou apenas para si. É cidadão com os outros. Todo cidadão é con-cidadão. E sem con-cidadania, prevalece o individualismo narcisista. Por isto também a Igreja não vive isolada na sociedade, ela dialoga com todas instâncias da vida social, sejam elas governamentais ou não.

Cidadania é participação bifacial. Exige direitos e assume deveres. Só existe cidadania quando se garantem os direitos de todos e se cobram os deveres de todos. A cidadania elimina a assimetria social, em que os poderosos só têm direitos e os fracos só têm obrigações. Isto precisa ser trabalhado pela Igreja, por cada um de nós, mas também na cidade inteira. Para o cristão a cidadania plena só é possível quando Deus habita a cidade (Sl 47,9) e seus mandamentos são observados.

A Cidade de Santo André tem um portifólio muito bom de cidadania, sua população ultrapassa 700 mil habitantes. O município ocupa uma área de 175 km², resultando numa densidade demográfica de 4.030 hab/km2. Santo André é a décima quinta cidade brasileira mais desenvolvida, é a oitava cidade mais desenvolvida do Estado de São Paulo, segundo a ONU. Ela também é considerada a quinta melhor cidade do país para criar filhos.

Não obstante estes dados palpáveis possui uma história belíssima, da vila fundada por João Ramalho, reconhecida em 8 de abril de 1553 pelo governador-geral Tomé de Sousa até a instalação do município de São Bernardo do Campo de 1889, que incluía o território do atualmente denominado “Grande ABC”, que corresponde a Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra.

O nome “Santo André” ressurgindo em 1910, com a criação de um distrito às margens da São Paulo Railway ou Estrada de Ferro Santos Jundiaí. Nesta época, a região constituía o bairro da estação, do município de São Bernardo.

Muita coisa aconteceu desde este princípio também com a criação da Diocese de Santo André em 1954. Os bispos Dom Jorge, Dom Cláudio, Dom Décio e Dom Nelson, juntamente com muitos consagrados e consagradas, e uma quantidade sem fim de fieis que fizeram muito na fé e na solidariedade por esta cidade. Estes homens e mulheres viram as grandes multinacionais, estiveram ao lado dos operários. Acompanharam o crescimento comercial e educacional. É nosso dever continuar esta nobre missão de Evangelizar e desenvolver a promoção humana na sede diocesana.

Agradecido recebo este título e esta chave. Penso que se tornou um costume Pedros receberem chaves. Meu Santo onomástico, isto é, de mesmo nome, as recebeu de Jesus, eu as recebo da representação do povo. Possa com este símbolo também eu abrir as portas da Diocese de Santo André, da Igreja local, para indicar o caminho do Reino de Deus que se manifesta na justiça, na misericórdia e na paz.

Obrigado povo de Santo André, obrigado Câmara Municipal, obrigado ao vereador Toninho de Jesus e aos demais vereadores, obrigado Executivo e Judiciário, aos poderes militares e civis, só tenho a agradecer tanta acolhida recebida desde que aqui cheguei. A cidade de Santo André é acolhedora e fraterna, que Deus a conserve assim.

Com a graça de Deus, a proteção da Senhora do Carmo, a intercessão de Santo André Apóstolo, nosso padroeiro, continuemos a missão de Jesus, anunciar o Reino e promover seu amor no mundo.

Deus lhes pague, e a missão continua …

[1] Dicionário Aurélio

[2] http://www.vidapastoral.com.br/artigos/atualidade/o-que-e-preciso-para-ser-cidadao/

[3] Carta a Diogneto 6,1-2

Compartilhe:

“A paz começa na justiça e na fraternidade”, afirma Dom Pedro na primeira missa do ano

nomeacoes

Nomeações – 01/01/2025

Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus: Esperança e Fé na Véspera de Ano Novo

Paróquia Santo Antônio é dedicada a Deus

Diocese de Santo André inicia Jubileu Ordinário com celebração e peregrinação

De onde vem a paz?

Missa do Dia de Natal reafirma o convite à alegria e fé em Jesus Cristo

Homilia da Noite de Natal

Na Noite de Natal, Dom Pedro destaca a pobreza e humildade do Menino que salva o mundo

Jubileu de Ouro: 50 anos da Paróquia Santo Antônio celebrados com gratidão