Diocese de Santo André

O Bom Samaritano como paradigma da Misericórdia

Palestra na abertura da Semana Teológica da PUC-SP – 2016

Dom Pedro Carlos Cipollini – Bispo de Santo André – SP

Introdução

Penso que seja justo iniciar esta reflexão com uma frase do Papa Francisco, que tem se demonstrado o apóstolo da misericórdia em nosso tempo: “Da acolhida ao marginalizado que está ferido no corpo e da acolhida ao pecador que está ferido na alma, depende a nossa credibilidade como cristãos[1]. Ele diz ainda que a centralidade da misericórdia representa para ele “a mensagem mais importante de Jesus”[2]. A partir destas premissas gostaria de enfocar o tema que me foi proposto e que se demonstra de uma atualidade toda especial, não só por causa do ano da Misericórdia, mas também pela pertinência deste tema frente à dura realidade que nos cerca.

O Papa João Paulo II já havia recordado à Igreja que “a mentalidade contemporânea, talvez mais que a do homem do passado, parece opor-se ao Deus de misericórdia e, além disso, tende a separar da vida e a tirar do coração humano a própria ideia da misericórdia”.[3] O cardeal Walter Kasper, em seu livro bastante difundido, registra que “este tema, fundamental para a Bíblia e de atualidade para a experiência contemporânea da realidade, só ocupa, no melhor os casos, um lugar marginal nos dicionários enciclopédicos e nos manuais de teologia dogmática”.[4] O mesmo autor cita ainda Nietzsche, o qual ao proclamar a morte de Deus que abre espaço para o super-homem, com sua vontade de poder, firma: “não gosto dos misericordiosos[5].

No entanto, o próprio mistério de Cristo nos obriga a proclamar a salvação como amor misericordioso de Deus e a admitir que a Igreja vive uma vida mais autêntica quando professa a misericórdia, ela, a misericórdia, é “o mais admirável atributo do Criador e Redentor[6].

Na Bula de Proclamação do Jubileu Extraordinário da Misericórdia, o Papa Francisco afirma de forma contundente: “Misericórdia: é a palavra que revela o mistério da Santíssima Trindade. Misericórdia: é o ato último e supremo pelo qual Deus vem ao nosso encontro. Misericórdia: é a lei fundamental que mora no coração de cada pessoa, quando vê com olhos sinceros o irmão que encontra no caminho da vida[7].

O Papa Francisco retoma a opção pelos pobres da Igreja latino americana. A intuição ou desejo de João XXIII a respeito da “Igreja de todos e, em especial, a Igreja dos pobres[8], encontrou na América Latina um campo fértil. O pensamento e atitudes do Papa Francisco mostram, que o modo como a Igreja latino-americana recepcionou o concilio Vaticano II chegou ao Papado. Uma Igreja que olha com misericórdia para os pobres e age em sintonia com esta misericórdia.

Para Jesus a misericórdia se exprime no Sermão da Montanha, o qual se baseia no mandamento do amor, que inclui o mandamento de amar até os inimigos (cf. Lc 6,27). No coração do Sermão da Montanha está a misericórdia como expressão da perfeição divina: onde em Mateus Jesus recomenda sede perfeitos como vosso Pai do Céu é perfeito, Lucas recomenda “Sede misericordiosos como vosso Pai dos Céus é misericordioso” (Lc 6,36). A misericórdia de Deus é o poder divino que conserva, protege, fomenta, recria e fundamenta a vida. Ultrapassa a lógica da justiça humana que se resume muitas vezes ao castigo ou à morte do pecador (cf. Tg 2,13).

Vamos dar uma breve olhada para a nossa realidade, em seguida vamos examinar a parábola do Bom Samaritano e suas consequências para a Igreja e porque ela é paradigma para a ação pastoral e vivência do Evangelho hoje, a partir desta parábola.

  1. Crise antropológica

Muito se fala, se escreve e analisa a situação na qual nos encontramos. De uma forma simples e lapidar o Papa Francisco escreve: “A crise financeira que atravessamos faz-nos esquecer que, na sua origem, há uma crise antropológica profunda que consiste na negação da primazia do ser humano[9], enfatiza ainda que “o ser humano é considerado, em si mesmo, um bem de consumo que se pode usar e depois jogar fora[10]. Ao negar Deus ou ao negar seu lugar na sociedade se acaba por negar também a dignidade do ser humano.

Gustavo Gutierrez cita o presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento que dizia que nosso século XXI será “um século fascinante e cruel”. Graças ao extraordinário desenvolvimento da ciência e da técnica, abriu-se uma época fascinante. Para os ricos e aqueles que tem acesso ao conhecimento tecnológico, será fascinante! Estes tendem a formar um estamento humano internacional, fechado sobre si mesmo, esquecido dos pobres que padecerão situações verdadeiramente cruéis. “Com outras palavras, o futuro imediato não será, na verdade, fascinante e cruel para as mesmas pessoas”. [11]

A ideologia do indivíduo livre e autônomo, regido por um sistema econômico livre, baseado no empreendedor independente, e no mercado livre, não coloca mais barreiras ao individualismo. “O processo de personalização, impulsionado pela aceleração das técnicas, pela administração, pelo consumismo de massa, pela mídia, pelo desenvolvimento da ideologia individualista e pelo psicologismo, leva ao ponto culminante o reinado do indivíduo.”[12]

Neste clima, a perda de valores e mais ainda a perda de sentido, estabelece um vazio no qual os indivíduos se fecham sobre si mesmos; …   “o deserto cresce: o saber, o poder, o trabalho, o exército, a família, a Igreja, os partidos, já pararam de funcionar como princípios absolutos e intangíveis[13]. O vazio dos sentimentos e o desmoronamento dos ideais, não trouxeram como era de se esperar, mais angústia, mais absurdo ou pessimismo. Reina a apatia, a indiferença cresce, passa-se ao largo do sofrimento alheio. Revela-se um processo de indiferença pura no qual todos os gostos e todos os comportamentos podem coabitar sem se excluírem, o relativismo dá o tom. Apenas a esfera privada parece sair vitoriosa dessa maré de apatia em meio à qual triunfa o narcisismo gerado pela perda dos valores e finalidades sociais. “O espírito de abnegação está desvalorizado por toda parte enquanto se reforça a paixão do Ego, do bem estar e da saúde”.[14]

A crise econômica por que passamos está colocando a descoberto a periculosidade mortal do sistema econômico financeiro, do mercado que se converte em centro de poder, cada vez mais alheios ao bem comum, deixando sem proteção os fracos e pobres deste mundo. O Papa Francisco em poucas palavras traduz o resultado do individualismo e narcisismos reinantes: “Quase sem nos dar conta, tornamo-nos incapazes de nos compadecer ao ouvir os clamores alheios: já não choramos à vista do drama dos outros nem nos interessamos por cuidar deles, como se tudo fosse uma responsabilidade de outrem, que não nos incumbe. A cultura do bem estar nos anestesia[15].

Por tudo isto que brevemente abordamos até aqui, como uma moldura para o que vamos tratar, podemos afirmar que nesta mudança de época[16] na qual vivemos, estamos em uma crise antropológica. “Por isso a atual crise não é só uma crise econômico financeira. É uma crise da humanidade. O sistema que dirige nesses momentos a marcha do mundo é objetivamente inumano”.[17] Realmente a “lógica” do mercado é desumana e reina a cultura do narcisismo: “Acreditamos que nossa vontade é soberana porque sem postulados, livre porque espontânea, e é o dom mais excelso que possuímos[18].

  1. A parábola do Bom Samaritano: uma “lógica” diferente

Está parábola[19] está entre as mais famosas e comentadas de Jesus. Temos nela uma contraposição entre o que é da Lei (legal) e o que é do Coração (gratidão). A pergunta que motivou Jesus a dizer a parábola, brota de uma pessoa preocupada em cumprir a Lei para ganhar a vida eterna. Quem é meu próximo, ele pergunta, não pensa no sofrimento das pessoas. Este homem está mergulhado no legalismo religioso que ignora o amor ao necessitado e a compaixão. É deste tipo de pessoas que Jesus recebe as críticas mais contundentes.

Jesus quer convidar a andar pelo caminho da compaixão, pensa sobretudo nos dirigentes religiosos e pessoas piedosas. Esta parábola é uma advertência aos que se dedicam ao sagrado, a fim de não caírem na tentação de viver longe do mundo real, onde as pessoas lutam, trabalham, sofrem.

Na parábola do Bom Samaritano, Jesus delineia a fisionomia de seus seguidores: devem ser compassivos e solidários. Especialmente Lucas ressalta a dimensão social da fé, fugindo de esgotá-la em uma simples proposta política de empenho pela paz e justiça. Jesus convida a ir além. Fazer-se próximo ao que sofre é empenho prioritário da “fé que age pela caridade”(Gl 5,6). Esta parábola coloca uma situação limite, na qual o sacerdote e o levita são postos perante a alternativa entre a observância das regras de pureza cultuais, que deviam observar, e o socorro de um moribundo.

Jesus está diante de duas perguntas feitas por um doutor da lei. No Evangelho de Lucas, a primeira é: “O que devo fazer para ganhar a vida eterna?” (Lc 10,25). No Evangelho de Mateus e Marcos, que não narram a parábola do bom Samaritano, mas somente o diálogo com o doutor da Lei que introduz a parábola, a pergunta é: “Qual é o primeiro dos mandamentos?”(cf. Mt 22,34-40; Mc 12,2831).

Os rabinos organizaram os dez mandamentos em 613 preceitos, dos quais 248 positivos (um para cada osso do corpo humano) e 365 negativos (um para cada dia do ano).[20] A resposta de Jesus se baseia no Deuteronômio e Levítico: “Amarás o Senhor teu Deus e o próximo como a ti mesmo”(Dt 6,5; Lv 18,5). Resposta clara e precisa, ele oferece não um mandamento, mas uma resposta: amar. De fato, amar não é somente um mandamento, mas é uma escolha radical e constante, um modo de viver. Acima de tudo o amor é uma decisão e um compromisso”.[21]

A segunda pergunta: “Quem é meu próximo?” (Lc 10,29). É uma típica pergunta casuística, rabínica, própria de um teólogo moralista. Na realidade ele queria perguntar qual é a graduação, os graus diversos para considerar uma pessoa como “próximo”. Os rabinos consideravam o caso de um pagão ou samaritano ferido na estrada, respondendo à pergunta se ele devia ser socorrido ou não. A resposta é não, porque isto lhe tornaria impuro duas vezes, porque você estaria socorrendo um ferido que é não somente pagão, mas também herege.

Jesus na parábola inverte de forma chocante a capacidade de estar sintonizado com Deus. Não é o sacerdote nem o levita, estritos praticantes da Lei que estão sintonizados com Deus, mas o samaritano, o que menos poderia se esperar. “O coração do samaritano estava sintonizado com o coração do próprio Deus. Com efeito, a compaixão é uma característica essencial da misericórdia de Deus… Compaixão quer dizer padecer com”.[22] Os samaritanos constituíam uma espécie de seita e adoravam a Deus no monte Garizim. Não eram judeus e não participavam da eleição de Israel. Não sendo judeus, os samaritanos não estavam entre os “próximos” que deviam ser amados.

Podemos dizer que: “Esta parábola está unida profundamente entorno da grande herança que nos deixou Jesus Cristo e que Lucas nos transmite”.[23] A atenção de Jesus para com os excluídos, a escolha dos pobres e oprimidos, a acolhida aos pecadores, a compaixão para com os que sofrem, a solidariedade para com todos sem distinção. Na verdade, ao responder a pergunta: quem é meu próximo, o evangelista, com esta parábola, convida a colocar-se diante do que fez Jesus: “Jesus Cristo é o bom Samaritano”.[24]

O texto afirma que o samaritano teve compaixão, expressão que o Evangelho reserva a Jesus que é movido por compaixão (cf. Lc 10, 33; Lc 7, 13 “misericórdia motus” na tradução da Vulgata). Jesus se fez próximo e amou até o fim (Jo 13,1), em meio à uma sociedade como a sua, que tinha uma preocupação extrema com a solidariedade grupal: “Depois do prestígio e do dinheiro, a preocupação fundamental da sociedade em que Jesus viveu era a solidariedade grupal”.[25]

Jesus preconizou uma solidariedade amorosa que não excluía absolutamente ninguém, não se deve dar preferencia à nossa família ou a nossos parentes e amigos (cf. Mc 3,34-35). Esta nova solidariedade universal deve suplantar todas as solidariedade grupais. “Não se pode negar que a história (do bom Samaritano) mais que outra ilustra o comportamento e ações de Jesus”.[26]

A pergunta inicial era: quem é meu próximo, indicado pela Lei? Jesus responde que o próximo é você mesmo, cada vez que te fazes próximo a uma pessoa que precisa de você. Ou seja, a pessoa que precisa de tua ajuda, é aquela que te dá a possibilidade de amar e assim ser salvo, ganhar a vida eterna. O próximo não é o ferido à beira da estrada, do qual nada se diz na parábola, o próximo é o que teve compaixão dele, o que se fez próximo. Somente a atenção ao sofrimento das vítimas pode arrancar-nos do egoísmo e da indiferença, e mostrar que o amor não é feito de palavras, mas de gestos concretos (cf. Mt 25).

Tudo começou quando o samaritano aproximou-se para ver e compreender o que tinha acontecido. “De acordo com Jesus, o importante na vida não é teorizar muito ou discutir longamente sobre o sentido da existência, mas andar como o samaritano: com os olhos abertos para ajudar qualquer pessoa que possa estar precisando de nós.”[27] O mor ao próximo no qual se encontra o segredo da vida eterna impõe de avizinhar-se aos outros, particularmente aos que estão sofrendo e precisam de ajuda.

Os Santos Padres da Igreja comentam magistralmente esta parábola. Orígenes nas suas homilias sobre o Evangelho de Lucas, referindo-se à parábola do Bom Samaritano, diz que o samaritano era acostumado a ajudar os outros, pois ele trazia consigo ligaduras e o necessário para tratar feridos, não só por causa desse único semimorto à beira da estrada, mas por causa de outros também, que por várias causas haviam sido feridos e precisavam de sua ajuda.[28]

Esta parábola é paradigma da misericórdia divina revelada em Jesus. “Misericórdia é o ato último e supremo pelo qual Deus vem ao nosso encontro… é a palavra chave para indicar o agir de Deus para conosco”.[29] A misericórdia é o sagredo mais íntimo de Deus (S. Vicente de Paulo). Na figura do bom samaritano a parábola também mostra o modo de agir do próprio Pai misericordioso que envia o filho e o Espírito Santo para curar a humanidade ferida (vinho e óleo sobre as feridas do homem caído à beira da estrada) segundo comentário de Orígenes referido acima. “Quando o evangelista escreve sobre os cuidados que o samaritano começa a prestar ao ferido (óleo e vinho podem fazer alusão ao Batismo e Eucaristia) indica que devem continuar na sua Igreja (albergue para o qual o samaritano levou o homem ferido), este é o local onde o homem pode se recuperar a saúde física e espiritual, até o retorno (parusia) de Jesus na sua glória”.[30]

A mais genuína compaixão não consiste em repartir, mas em compartilhar, fazer-se próximo. À pergunta sobre quem é meu “próximo”? responde-se: aquele de quem você se faz próximo. “O próximo não é a pessoa que encontramos no nosso caminho, mas é aquele com quem nos encontramos à medida que abandonamos o nosso caminho e entramos no do outro, no seu mundo… Aproximar-se do outro comporta um efeito duplo: nós nos tornamos próximos e o outro se torna nosso próximo; é um caminho de ida e volta”.[31]

A solidariedade de Jesus com todos os homens não era atitude vaga e abstrata em relação à humanidade em geral. Amar todas as pessoas em geral pode significar não amar pessoa alguma em particular. “A solidariedade com os ´ninguéns´ deste mundo, com as ´pessoas descartadas´, é a única maneira concreta de viver na prática a solidariedade com a humanidade”.[32] A parábola do bom Samaritano nos confirma o que escreve Santo Agostinho: “O amor a Deus ocupa o primeiro lugar na ordem dos preceitos, mas o amor ao próximo ocupa o primeiro lugar na ordem da execução”.[33]

Enfim, esta parábola contém uma dos mais profundos ensinamentos de Jesus: “Jesus declara que a misericórdia não é apenas o agir do Pai, mas torna-se o critério para entender quem são os seus verdadeiros filhos”.[34]

  1. A Igreja “samaritana”[35] dos excluídos em uma sociedade narcisista

 

A Igreja está a serviço do Reino de Deus e não há separação entre Cristo, Reino e Igreja.[36] A Igreja é semente do Reino[37], o Reino irrompe com Jesus, Senhor da Igreja, portanto quanto mais parecida com Jesus mais a Igreja será verdadeira. Podemos afirmar que quanto mais misericordiosa for a Igreja mais será uma Igreja autêntica, porque mostrará com mais nitidez a face de Cristo ao mundo. Para muitos talvez o Evangelho se tenha convertido numa moral. Para o cristão autêntico é um rosto, uma pessoa, Jesus: “rosto da misericórdia”[38].

Nas comunidades dos primeiros séculos, os doutores da Igreja chamaram a prática da misericórdia simplesmente de “práxis”.[39] Deus é misericordioso por sua natureza, ele salva com a sua clemência o que não pode salvar com sua justiça. Nosso vício maior como cristãos é que perdemos esta referência.[40] No entanto, a Igreja, além da fidelidade a Jesus Cristo, tem a responsabilidade histórica de “narrar” ao mundo a caridade, mostrando a sabedoria de Deus contraposta à sabedoria do mundo “Bem aventurados os que adormecem no amor” (Eclesiástico 48, 11).

Em um artigo publicado em 1990 o teólogo Jon Sobrino coloca a misericórdia como uma das “notas” da Igreja que se deve anexar às quatro notas tradicionais: una, santa, católica e apostólica. Neste artigo o autor pergunta; como é que uma Igreja se parece com Jesus? E responde: parecer com Jesus é reproduzir a estrutura de sua vida. [41] Para que a Igreja realize esta tarefa é necessário que ela se encarne na realidade, leve a cabo sua missão em favor do Reino de Deus, carregue o pecado do mundo e, finalmente ressuscite, tendo dado vida, esperança e alegria aos outros. O autor é da opinião de que o princípio mais estruturante da vida de Jesus é a misericórdia: por isso deve ser também o da Igreja.[42]

Para concluir dizendo que a Igreja deve ser “samaritana da misericórdia”, Jon Sobrino escreve: “Quando Jesus quer mostrar o que é um ser humano cabal, conta a parábola do bom samaritano. Nesta parábola se procura dizer-nos quem é o ser humano”.[43] Jesus apresenta o samaritano como exemplo consumado de quem cumpre o mandamento do amor ao próximo, alguém que, como Deus, age movido pela misericórdia. É este “princípio misericórdia” que deve atuar na Igreja, é a misericórdia que deve lhe dar forma e figura: “Isto quer dizer que também a Igreja, enquanto Igreja, deve reler a parábola do bom samaritano com a mesma expectativa, com o e mesmo temor e tremor com que a escutaram os ouvintes de Jesus, ela é fundamental, nela tudo se decide.”[44]

Atualmente é reconhecido que só uma Igreja da misericórdia consequente, é que se faz notar no mundo de hoje, e se faz notar com credibilidade, mesmo diante dos que se declaram agnósticos ou ateus. “A Igreja é Igreja quando existe para osoutros[45]

Uma Igreja que não resolve o problema do amor, o qual a leva ao exercício da misericórdia e à aventura da fraternidade, vai procurar cobrir sua nudez com o dinheiro e o poder. Quem se ocupa somente com o poder e o dinheiro não tem tempo de amar. Neste sentido, São Gregório Nazianzeno, bispo de Constantinopla, afirma em sua autobiografia que uma Igreja dividida pelas heresias e tentada pelo luxo se torna idólatra: “Eu apostaria no ouro, pois este metal agita e manipula tudo. Não é surpreendente que os bens deste mundo sejam para nós mais atrativos do que os dons do Espírito Santo”.[46]

De fato, na época do ministério do mártir Beato Oscar Romero como Arcebispo de San Salvador, o maior motivo da divisão foi entre os que naquela Igreja fizeram a escolha por seguir Jesus na opção compassiva pelos pobres, e os que não fizeram esta opção.[47] A opção pelos pobres enfatizada pela Igreja Latino Americana, como sabemos é na Igreja uma opção “cristológica”, não se questiona mais sua necessidade para a Igreja toda.[48] E sabemos que a compaixão, a misericórdia está na raiz desta opção pelos pobres e não somente a “indignação ética”. [49]

Uma Igreja samaritana da misericórdia deve ter uma face missionária e profética.

A abertura missionária, restitui à Igreja sua face misericordiosa. Em meio a situações difíceis as pessoas precisam encontrar acolhida nas comunidades cristãs, que no dizer do papa Francisco são como “hospital de campanha”. Mas isto não basta, as comunidades devem ser missionárias, irem ao encontro, procurar os feridos e caídos, as ovelhas perdidas. A missão é a forma mais eminente da prática da misericórdia fraterna, ela oferece a libertação mais radical da miséria humana: o contato com o Evangelho transmitido através da pregação e mais ainda da prática do amor. A missão leva ao exercício da misericórdia para com o que está no chão, fora, longe, é assim uma das formas mais radicais do “ágape” cristão.

A Igreja samaritana da misericórdia tem na profecia uma de suas dimensões essenciais. Ela continua a profecia de Jesus e o faz introduzindo no mundo o modo de agir de Jesus Cristo. Somente uma Igreja que vive profundamente a comunhão poderá ser missionária e profética: “A comunhão é a profecia sem a qual a palavra da Igreja será vazia”.[50] É na vivência da comunhão que desperta em nós a compaixão e a solidariedade, as quais que profetizam ao mundo com gestos e não só com palavras. A Igreja enquanto tal é profética, mas o exercício de sua profecia deve ser atualizado em seus membros.

A Igreja que até hoje se preocupou tanto com o pecado e a culpa é chamada a preocupar-se com o sofrimento e a miséria das pessoas tanto física como moral. O pecador não é somente um culpado, mas é também um sofredor porque não pode ser feliz no seu pecado. Temos de acreditar que as bem-aventuranças, antes que exigência moral, são anúncio de felicidade: “Chegou a hora de nos perguntarmos se a fé proporciona vida antes da morte”.[51] A profecia da Igreja se traduz também nas obras de misericórdia[52] e na sua doutrina social.

Trabalhar por uma Justiça sem misericórdia não é cristão. A alternativa às propostas das ideologias capitalistas e socialistas, de partidos e grupos, é a proposta da Igreja que parte da fé no Evangelho e propõe a dignidade da pessoa, a solidariedade e a destinação universal dos bens. André Frossard, um intelectual francês convertido escreveu: “Max tinha previsto tudo, menos o marxismo, que como se fosse um sacramento das trevas, produziu em toda a parte o contrario do que significava. ´A razão troveja em sua cratera…´, dizia o canto da classe operária. Hoje não se vê nada além da cratera, na qual ficou sepultada a pátria do socialismo e, com ela, umas esperanças atraiçoadas”.[53] Nenhum esforço para fazer progredir a humanidade, prospera sem o óleo da misericórdia e o vinho da compaixão e a Igreja os tem. Doutra parte, “não é a ciência que redime o homem. O homem é redimido pelo amor”.[54]

Deus tem uma música para fazer ressoar na história humana. Esta música é sua misericórdia. A partitura é o Evangelho e a orquestra é a Igreja, e esta Igreja deve tocar a partitura sem desafinar. “A primeira tarefada Igreja consiste em anunciar a mensagem da misericórdia[55] e deve fazê-lo de forma afinada.

  1. O Evangelho da Graça

Jesus ao proferir esta parábola tinha diante dos olhos um auditório de murmuradores invejosos, gente honesta, de casa, como o irmão do filho pródigo (Lc 15,27-28). Se nos colocarmos do lado destes murmuradores (cf. Lc 15, 1-2), poderíamos nos perguntar: o evangelho da misericórdia não acaba descambando para o permissivismo e o relativismo?

A parábola do Bom Samaritano nos apresenta por assim dizer o que a graça de Deus pode fazer em nós: sintonizar-nos com Deus, perceber a ação Dele no mundo e entrar neste dinamismo, fazendo parte do agir de Deus que é o amor misericordioso que serve. Aqueles que cumprem a vontade divina provam uma profunda paz e alegria e isto é manifestação da graça divina. “O Evangelho da graça, tem como correspondente em quem o recebe, o estigma da gratuidade. Não há nada de mais exigente que a gratuidade, porque não há limite ao contrário do evangelho da Lei… A exigência do Evangelho da graça, leva a superar toda legalidade e todos os papeis, porque nos toca no mais íntimo e nos convida ao dom de nós mesmos até à morte”.[56]

Em nosso tempo a teologia da graça está marcada pelos contributos bíblicos, a graça é o próprio Deus, é o dom do Espírito, pelo qual o amor de divino habita em nós e nos move a agir em sintonia com o modo de ser de Deus que é o amor misericordioso. O samaritano recebeu da tradição cristã o adjetivo de bom, o mesmo que é empregado por Jesus para designar o Pai (cf. jovem rico ), o misericordioso se assemelha a Deus.

A vida na graça é a vida do homem novo, criado em conformidade com Deus, na justiça e santidade, próprias da verdade (Ef 4,24). Hoje se descobre cada vez mais a dimensão social da graça: a comunhão com o amor divino converte a liberdade humana no espaço da reconciliação e solidariedade, superando qualquer intimismo e individualismo. “Não se pode viver como salvos em um mundo não redimido[57]. Por isso a urgência da compaixão samaritana.

A graça muda em sua raiz a relação com Deus, entre nós e com o mundo, convertendo tudo em acolhimento e gratidão. Ela muda as relações dentro da comunidade, em que deve reinar o serviço, a ordem da doação recíproca, gratuita e desinteressada, a exemplo da atitude do bom samaritano, e não a da justiça do tanto-quanto (Fl 2, 1-4). “Só o amor é o sinal distintivo do verdadeiro cristão”.[58] É certo que o amor ao próximo na radicalidade com que Jesus o formula é impossível sem a força que emana do amor de Deus, porém vem em nosso auxílio a graça de Deus.

A existência do homem deve ser considerada dom gratuito, existência presenteada, que não pode justamente por isso, permanecer fechada em si mesma, buscando somente a própria vantagem ou interesse, mas deve abrir-se, transformando-se em dom para todos. Sem isso o movimento do amor de Deus que é dado, seria interrompido e desviado. O amor gratuito infundido e derramado sobre o homem, não seria transformado mais em dom, mas em propriedade, não em serviço, mas em poder. Graça e serviço são duas realidades correlatas (1Cor 12, 4). A graça correspondida com gratidão leva ao serviço desinteressado aos irmãos em forma de dom de si a exemplo do que fez Jesus, o bom samaritano da humanidade.[59]

Pela graça se consegue ver as coisas como Deus vê e agir como ele age. “Quando os seres humanos veem o universo com compaixão veem o Senhor”.[60]Nisto consistiu a santidade do bom samaritano, diferente da santidade do Sacerdote e do Levita, que eram homens corretos mas não tinham atingido a santidade. Ilustro o que digo com uma frase de Chesterton: “A transição do homem bom para o santo é uma espécie de revolução, pela qual alguém a quem todas as coisas ilustram e iluminam Deus, torna-se alguém a quem Deus ilustra e ilumina todas as coisas”.[61]

 

Conclusão

“A experiência de um Deus Pai misericordioso foi o ponto de partida da atuação de Jesus”[62]. A partir deste dado, a parábola do Bom Samaritano representa na prática, para o cristão, o que vem a ser o amor de Deus na sua característica mais íntima que é a misericórdia. Misericórdia que será a palavra a ecoar por toda a eternidade: “Misericordias Domini in aeterno cantabo”(Sl 136).

O amor ao próximo na radicalidade com que Jesus o formula é impossível para nós cristãos, sem a força que emana do amor de Deus aurido na oração e nos sacramentos da Igreja. É este amor que confere sentido e valor a tudo o mais: “Se não tiver amor nada sou” (1Cor 13, 2). No absurdo deste amor que é o absurdo da cruz, na loucura deste amor, irrompe já no mundo o escatológico, o último e definitivo. Acontece a vinda do Senhor suplicada pela Igreja: “Vem Senhor Jesus, maranatha!” (Ap 22,20).

A parábola do bom Samaritano é paradigmática porque indica como viver o seguimento de Jesus. O gesto do samaritano deve inspirar a prática do amor dos discípulos de Jesus. “O conceito cristão de misericórdia é, portanto a chave da transformação de todo um universo em que o pecado ainda parece reinar”.[63] Em todas as religiões está presente a prescrição da prática da compaixão[64], até mesmo a cultura clássica grego-romana havia dado valor à “plilanthropia” (amor fraterno) e na “philoxenia” (acolhida ao estrangeiro) que a Carta aos Hebreus indica: “Perseverai no amor fraterno, não esqueçais a hospitalidade” (Hb 13, 1-2).

O papa Bento XVI escreve que a parábola do bom samaritano leva a dois esclarecimentos importantes. O primeiro é que muda o conceito de próximo que até então era atribuído aos concidadãos, abolindo todos os limites e universalizando-o. O segundo é coligar esta parábola com a parábola do juízo final (cf. Mt 25,31-46) onde o amor se torna o critério para a decisão definitiva sobre o valor e a inutilidade de uma vida humana.[65] O amor cristão é “agape”, amor capaz de dar a vida, incorpora em si a solidariedade (koinonia) na forma das obras de misericórdia corporais e espirituais,[66] e a justiça do Reino de Deus (I Cor 13, 1-8).

O Papa Paulo VI colocou a tônica do Concílio na caridade compreendida a partir da parábola do Bom Samaritano. Aquilo que João XXIII intuíra, Paulo VI levou a termo no concílio e assim pode se expressou: “Aquela antiga história do bom samaritano foi exemplo e norma segundo os quais se orientou o nosso Concílio. Com efeito, um imenso amor para com os homens penetrou o Concílio”.[67] O papa Francisco resgata de forma até mesmo contundente esta centralidade da caridade na sua expressão de misericórdia proposta pelo concílio Vaticano II. Ele nos indica que chegou o momento de recuperar a compaixão como a herança que Jesus deixou para a humanidade, o princípio de ação que há de mover a história para um futuro mais justo e humano.

Enfim, a parábola do bom Samaritano é paradigma da misericórdia divina porque nos mostra Jesus que não olha em primeiro lugar para o pecado mas para o sofrimento do ser humano (cf. Mt 9, 13;12,7). “A partir de sua experiência radical da compaixão de Deus, Jesus introduz na história um princípio decisivo de ação: “Sede misericordiosos como vosso Pai é misericordioso”.[68] Para Jesus o grande pecado é se colocar contra o projeto de Deus, resistindo em tomar parte no sofrimento dos outros e permanecendo fechado no próprio bem estar, em cômoda insensibilidade.

Termino citando o poeta Francis Thomson, que expressa com breves palavras tudo o que acabo de expor com tantos circunlóquios:

Procurei a minha alma, não a pude ver.

Procurei Deus, Ele me escapou.

Procurei meu irmão e encontrei todos os três[69]

[1] PAPA FRANCISCO, O nome de Deus é misericórdia, Ed. Planeta, 2016, p. 138.

[2] Idem p. 34

[3] JOÃO PAULO II in Dives in Misericordia n. 2

[4] Cf. WALTER KASPER, in. A misericórdia, condição fundamental do Evangelho e chave da vida cristã,

Loyola, S. Paulo, 2015, p. 22. “É necessário repensar do princípio ao fim a doutrina sobre os atributos

de Deus, concedendo à misericórdia divina o lugar que lhe pertence”, idem p. 23.

[5] Idem p. 28

[6] JOÃO PAULO II, Idem n.13

[7] PAPA FRANCISCO in Misericordiae vultus n. 2

[8] Alocução radiofônica do dia 11 de setembro de 1962, a um mês da abertura do concílio Vaticano II.

[9] PAPA FRANCISCO, Evangelii gaudium n. 55

[10] Idem n.54

[11] G. L. MULLER – G. GUTIÉRREZ, Ao lado dos pobres, Paulinas, S. Paulo, 2014, p.122

[12] GILES LIPOVETSKY, A era do vazio, ensaio sobre o individualismo contemporâneo, Ed. Manole,

Barueri, 2005, p. 8

[13] Idem, p. 18

[14] Ibidem, p. 197

[15] PAPA FRANCISCO in Evsngelii Gaudium n. 58. O Documento 102 da CNBB (Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da  Igreja no Brasil, 2015-2019), no seu Capítulo II intitulado Marcas do nosso Tempo, faz uma boa análise de nossa realidade.

[16] Cf. Documento de Aparecida n.

[17] J. A. PAGOLA, Jesus e o dinheiro, Vozes, Petrópolis, 2014, p. 11

[18] H. SMITH, A alma do cristianismo, Cultrix, S. Paulo, 2006, p.24. As religiões mergulham em uma crise

de transcendência em um mundo secularizado, os governos não podem oferecer, sentido e

esperança, desta forma o mundo dos negócios assumiu o comando, cf. idem p. 23.

[19] “As ações parabólicas de Jesus são pregações. Mostram que Jesus não só pregou a mensagem das

parábolas, mas também as viveu e as corporificou em sua pessoa. Jesus não só fala a mensagem do

Reino de Deus, ele a é ao mesmo tempo”, J. JEREMIAS, As parábolas de Jesus, Paulus, S. Paulo, 1986,

p.234.

[20] G. F. RAVASI, Il Vangelo di Luca, Dehoniane, Bologna, 1998, p. 122

[21] J. POWELL, Amor incondicional, Ed. Crescer, Belo Horizonte, 1995, p. 79

[22] PAPA FRANCISCO, Quem é o próximo, Audiência geral e, 27/07/2016 in L´Osservatore Romano, Ed.

port. n. 17 ed. 28 de abril 2016, p. 16

[23] Idem p. 125

[24] A. ROSMINI, Discorso 30/08/1835 in Spiritualià Rosminiana, Paoline,Milano, 1964, p 554

[25] A. NOLAN, Jesus antes do cristianismo, Paulinas , São Paulo, 1978, p. 91

[26] O. SPINETOLI, Luca, Cittadella Ed., Assisi, 1986, p. 383

[27] J. A. PAGOLA, O caminho aberto por Jesus, Vozes, Petrópolis, p. 183

[28] Cf. ORÍGENES, Homilias sobre o Evangelho de Lucas, Paulus, S. Paulo, 2016, p.235

[29] PAPA FRANCISCO, Misericordiae vultus n. 2 e 9

[30] O. SPINETOLI, in op. Cit. p. 384

[31] G. L. MULLER, Pobres para os pobres. A missão da Igreja, Paulinas, S. Paulo, 2014, p. 135 – 136.

[32] A. NOLAN, in op. Cit p. 99

[33] Cf. SANTO AGOSTINHO, Evangelium Ioanis, 17,7

[34] PAPA FRANCISCO, Misericaordiae Vultus n. 9

[35] Cf. CELAM, Documento de Aparecida n. 26; “Iluminados pelo Cristo, o sofrimento, a injustiça e a cruz nos desafiam a viver como Igreja samaritana (cf. Lc 10, 25 – 37) recordando que as evangelização vai unida  sempre a promoção humana e à autêntica libertação cristã”, Idem, Ibidem.

[36] JOÃO PAULO II, Redemptoris Missio, n. 18

[37] Cf. in Lumen Gentiun n. 5

[38] PAPA FRANCISCO: “Jesus Cristo é o rosto da misericórdia do Pai” in Misericordie vultus n.1

[39] Cf. GALILEA S., A sabedoria do deserto, Paulinas, S. Paulo, 1986, p. 41

[40] Cf. SÃO JERONIMO, In Ionam, II, 9 – Sources Chretiennes n. 43, Ed. Du Cerf, Paris, 1956 p. 90.

[41] Cf. Sal Terrae, n. 927 (1990/10) pp. 665-678. Este artigo consta no livro do mesmo autor; Princípio

   Misericórdia: descer da cruz os povos crucificados, Vozes, Petrópolis, 1994, p. 31

[42] Idem p. 31-32

[43] Idem ibidem p. 34.

[44] Idem ibidem p. 38

[45] D. BONHOEFFER, Resistência e Submissão, Paz e Terra, S. Paulo, 1968, p. 186.

[46] Cf. in Autobiografia, cap. VI p. 55

[47] Cf. R. URIOSTE, Entrevista, ADISTA 30.03.1996 p. 6 (Mons. Ricardo Urioste foi vigário geral de San

Salvador entre 1977 a 1996).

[48] Cf. in BENTO XVI, Discurso Inaugural da V Conferência Geral do Episcopado Latino-americano em Aparecida. Cf. tb. Introdução do documento do Sínodo Extraordinário sobre os 25 anos do Vaticano II (1985). JOÃO PAULO II: “Ho fato e faccio mia tale opzione, mi identifico com essa”, in AAS v. 77 (1985) p. 503

[49] “Sem um mínimo de compaixão com esta paixão que afeta as grandes maiorias da humanidade, não é possível haver nem compreender Teologia da Libertação”, BOFF, C. – BOFF, L., Como fazer Teologia da Libertação, Vozes, Petrópolis, 1985, p. 13

[50] CNBB, Evangelização e missão profética da Igreja, Doc. 80/2005 capítulo II

[51] J. A. PAGOLA, Es bueno crer em Jesus, S. Pablo, Madrid, 2012, p. 17

[52] L. MANICARDI, Caridade em obras, Ed. CNBB, Brasília, 2016, excelente reflexão bíblico teológica sobre as Obras de Misericórdia.

[53] A. FROSSARD, Grandes Pastores, Ed. Quadrante, S. Paulo 2012, p. 18

[54] BENTO XVI, Spe Salvi n. 26.

[55] JOÃO PAULO II in Dives in Misericordia n. 14; W. KASPER, in op. Cit. P. 196.

[56] C. M. MARTINI, Il giardino interiore, Milano, 2016, p. 34

[57] G. COLZANI, Graça, in VV.AA., Cristos, Enciclopédia do Cristianismo, Verbo, Lisboa, 20014, p.393

[58] SANTO AGOSTINHO, Evangelium Ioannis, 76, 2

[59] B. MAGGIONI, Experiência Espiritual na Bíblia, in Dicionário de Espirituyalidade, Paulus, S. Paulo, 1993

(2ªEd.) p.431

[60] HILDEGARDA de BINGEM, Meditações. Ed. Gente, S. Paulo, 1993, p 101

[61] G.K. CHESTERTON, São Francisco de Assis, Ed. Eclesiae, Campinas, 2014, p. 65

[62] BOMBONATTO, V.I., A misericórdia e a catequese, Redescobrir a misericórdia in CEPDF/CNBB, (CATELAN, A. L., org.),Reflexões interdisciplinares sobre a Misericordiae Vultus, Ed. CNBB, 2016, p. 176

[63] T. MERTON, Nenhum homem é uma ilha, Agir, S. Paulo, 1958, p. 202

[64] “O cânone budista convida a praticar a maitri, isto é a misericórdia, compaixão, porque não há

nada de mais poderoso para extinguir o ódio, esta é a lei eterna… O hinduísmo exalta a “compaixão”

(Alcorão 76,8), (Majihima Nikaya I, 129)”, cf. in G. RAVASI, Il cardinale e il filosofo, Milano, 2014, p.    

   198-199.

[65] Cf. in Deus caritas est n. 15

[66] Cf. L. MANICARDI, in op. Cit.

[67] PAULO VI, Alocução por ocasião da última sessão pública do Concílio Vaticano II; Roma (07 de

dezembro de 1965)

[68] J. A. PAGOLA , Jesus e o dinheiro, Vozes, Petrópolis, 2014, p. 46

[69] Citado por Mons. Jacques Gaillot in Lettera agli amici di Partenia, Queriniana, Brescia, 1986, p. 65

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