Diocese de Santo André

Padre Beozzo explica a realidade da Diocese na 2ª Sessão Sinodal Geral

A 2ª Sessão Sinodal Geral aconteceu em duas datas diferentes para atender a possibilidade dos delegados sinodais, que assim puderam escolher entre participar no encontro de sexta-feira, (12/05), à noite, ou no sábado, (13/05) pela manhã. O local foi o salão paroquial da Basílica Menor Nossa Senhora da Boa Viagem, no Centro de São Bernardo do Campo, e contou com a palestra do Padre José Oscar Beozzo, que se debruçou sobre as páginas da pesquisa contratada junto à USCS e brindou a todos com o resultado de seu estudo.

Após um momento de espiritualidade, a sessão sinodal geral foi aberta pelo bispo diocesano, Dom Pedro Carlos Cipollini que fez questão de ressaltar que “o Sínodo Diocesano nasceu depois de ter conversado com os 98% dos padres que estiveram na Casa Episcopal tomando um café. De todos ouvi que a Diocese precisava de um novo plano de prioridades. Conversei também com o povo e sempre ouvia a mesma preocupação”. E concluiu: “Mas todos diziam que tinha que ser um Sínodo em que pudesse fazer aparecer o rosto da Diocese de Santo André. E é isto que estamos realizando”.

O palestrante começou fazendo um paralelo com a convocação feita pelo Papa João XXIII, que convocou um Sínodo para a Igreja de Roma e um Concílio para a Igreja do mundo. “O papa se perguntava: Mas cadê o povo… Cadê as mulheres. E foi assim que ele conseguiu ouvir todos os segmentos ligados a Igreja, fazendo uma só pergunta: O que o Concílio deveria tratar. E agora vocês estão aqui fazendo a lição de casa para dizer o que precisa ser mudado na diocese. Me alegro ao ver o grande número de leigos presentes. E lembro que também por ocasião do Concílio Vaticano II se dizia que se convocasse a partir do Sacramento da Ordem, seriam poucos os participantes, mas a partir do Sacramento do Batismo, todos os batizados seriam ouvidos”. E especificou: “O Reino é maior que a Igreja. As ações para o Reino são para todos. E assim devemos ampliar o olhar para o povo que mais sofre. O olhar ecumênico é mais produtivo. Com os outros vamos conseguir enxergar aquilo que nós sozinhos não podemos ver. Que este sínodo da Diocese de Santo André seja especificamente de âmbito pastoral”.

Padre Beozzo depois falou da pesquisa encomendada pela Diocese. “A pesquisa resgata como foi o surgimento das sete cidades do Grande ABC, mostrando que se desenvolveu a partir, primeiro da Estrada de Ferro em 1868, e depois com a construção da Rodovia Anchieta nos idos de 1960. Para se ter uma ideia São Bernardo só tinha 80 mil habitantes na década de sessenta. Agora são dez vezes mais, chegando a 800 mil moradores”.

Sobre este crescimento explicou que “a população desta região cresceu de maneira excessiva graças em especial pela vinda dos imigrantes e migrantes que vinham a procura de emprego. O sistema migratório traz mudanças significativas, mudanças estruturais. São pessoas que chegaram sozinhas e por deixarem suas famílias em suas terras de origem, acabaram constituindo novas famílias. É uma realidade triste, mas real. Entre as mudanças, também a mudança de religião. As vezes dentro da mesma igreja, trocando de um grupo, entre os vários carismas, ou de uma pastoral, passando a vivenciar esta mudança. As vezes mudam para outras religiões, indo para igrejas mais perto de sua casa, onde por um motivo ou outro se sentiram mais felizes e acolhidos. E as vezes trocam por nenhum religião. Vejam que tivemos um crescimento super forte no número das pessoas que se dizem viver sem religião. Aliás no Brasil todo. Se em 1970 tínhamos 0,7% da população, agora são 7%, ou seja dez vezes mais. E só em Santo André este número cresceu 15 vezes e hoje são 15%. Tem cidade no Grande ABC onde os católicos já são minoria”.

Falando aos delegados citou: “Vejam que o desafio é muito grande. A população atual desta diocese é muito complexa, muito diversificada. Antes a Igreja Católica tinha o monopólio da religião. Hoje vive numa concorrência religiosa. Na pesquisa tem um depoimento que explicava que enquanto a avó vivia, segurava todas as gerações na religião católica. Quando ela morreu, cada um foi para uma igreja diferente. Portanto, temos que reinventar a missão. Antes tínhamos uma Igreja de manutenção, agora devemos ser, como o Papa nos pede, uma Igreja em Saída. A Igreja não pode viver em um casulo, sem mirar o olhar para o que acontece do lado de fora”.

Em sua explanação perguntou: “o que o Sínodo vai fazer para os que não vivem dentro de nossa Igreja, para os que vivem em outras religiões e até mesmo vivem sem religião? Se ficarmos só dentro da nossa Igreja estaremos falando para uma minoria. Por isso quero dizer da minha alegria por ver que o Sínodo começou pela pesquisa. Só assim para conhecer a nossa realidade, por mais dura que ela seja. Vimos na pesquisa que as pessoas procuram outras religiões por falta de acolhida. Sentiram-se abandonadas na hora da dor”.

Em outra análise Padre Beozzo disse que, “80% da população trabalhava na indústria. Por isso a primeira grande greve só poderia ter surgido no Grande ABC. Hoje a maioria está no Terceiro Setor, o de Serviço. Mas não se pode esquecer a história vivida”. Ele também recordou o fato de que “em 1958 estava em São Paulo e aconteceu a greve que durou mais de um ano na empresa de cimentos Perus. Vários segmentos da Igreja estavam ao lado dos trabalhadores, como o primeiro bispo desta diocese, Dom Jorge Marcos de Oliveira, que se identificava com as causas sociais”.

Em outro ponto da pesquisa é relatado que “até 1949 só tínhamos 8 paróquias nesta região. As populações que aqui viviam tiveram que esperar quatrocentos anos para que a primeira paróquia surgisse. Antes eram só pequenas capelas. Em vinte anos, de 1949 à 1960 foram criadas 55 paróquias. Mas nos anos seguintes este número voltou a cair. Tanto que tivemos uma década sem surgir uma só paróquia. Das atuais 100 paróquias, 36 delas estão em Santo André, demonstrando uma falha neste planejamento”.

Ao final pediu: “É preciso conhecer e entender o mundo. Ver o que mudou, e o que está mudando agora, e de forma tão rápida. Mais que fazer o Sínodo é preciso por em prática o seu resultado. Seria muito triste ver todo este esforço virar só um livro a mais a ser guardado na estante. É preciso vivenciar, por em prática o que estamos estudando hoje. Temos que pensar no depois do Sínodo. Montar o Sínodo é o mais fácil. Por em prática é o que demandará mais esforço”, completou.

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