Não basta dizer que é preciso dialogar. Quem apenas fala é chato e pouca atenção é depositada nele, mas quem dialoga, fala e escuta. Portanto, o diálogo é uma junção de dois aspectos que se torna um grande poder.

Contudo, o que é poder? Não é a superioridade de um sobre o outro, mas algo que pelo diálogo faz um ser com o outro. É o poder do diálogo de contribuir na construção do Eu e Tu. Como dizia o filósofo Lévinas: “O humano só se oferece a uma relação que não é poder”. O dialogar é a potência do pensar, agir, possibilidade de criar novas ideias e até modos de viver.

O homem é um ser que para ser não pode se limitar a si próprio, pois é um ente de abertura ou transcendência. O homem é vivo quando capaz de ir além de si mesmo. O diálogo é a grande ponta da passagem do homem de si ao outro, à natureza. Deixar-se ultrapassar e ultrapassar os limites em uma relação que seja ética com o outro se transforma em um sentido de viver e de ser.

As filósofas e os filósofos, em sua grande maioria, afirmam que quem dá sentido à vida é o homem. Com o uso do diálogo, o sentido que se dá é o da vida para o outro, não se esquecendo da dignidade pessoal. Bela visão ética. Não é uma ética de leis, mas de pessoas. Com isso é possível dizer que o diálogo serve como construção de conceitos novos e coletivos, além de quebrar alguns tabus, como também a valorização das diversas opiniões.

Algumas empresas fazem momentos de reunião, mas somente para lançamento de opiniões e ideias que relacionadas, ajudam no desenvolvimento da empresa. Isso é pôr em prática o diálogo. Usando de uma conhecida e muito falada categoria filosófica o diálogo é a dialética. Os benefícios trazidos à humanidade são vários, sobretudo, a possibilidade de um sempre vir-a-ser.

O cuidado, no entanto, é sempre bem-vindo, porque o não reconhecimento do outro; por meio do desrespeito de suas ideias, cultura, religião; é a morte do diálogo, fim da potência e talvez início da guerra, que jamais é santa. Com o diálogo há um poder para que se saiba que o homem é um ser de amor, de desejo, movido por uma linguagem e marcado por sua história e pela a história do outro.

 

Escrito por Jerry Adriano Villanova Chacon, filósofo e educador, membro da Pascom da Paróquia Nossa Senhora das Graças em Santo André.