Diocese de Santo André

Homilia na Memória de Santa Cecília Virgem e Mártir – Sec. III

 22.11.2017   Missa Mosteiro de São Bento – S. Paulo

Encontro dos Coros de São Paulo

Dom Pedro Carlos Cipollini

Leitura: Os 2,16 – 22

Evangelho: Mt 12,46 – 50

Prezados irmãos e irmãs, hoje celebramos a memória de uma mártir muito querida na Igreja. Virgem venerada como padroeira dos músicos cristãos desde a Idade Média. Seu túmulo se acha na Catacumba de S. Calixto, posteriormente seu corpo foi levado para a Basílica a ela dedicada na mesma cidade de Roma. O responsável pelo traslado foi o Papa Pascual, que era devoto da santa. Na referida basílica já se celebrada sua memória desde 545. A própria existência da basílica é anterior ao ano de 313, quando cessaram as perseguições aos cristãos por parte do Império Romano.

O que sabemos de Santa Cecília, de sua vida, é pouco, mas, com certeza, fez parte do grupo das virgens cristãs, seu martírio, pela fé, deu-se através de sua decapitação.

À sua virgindade podem se atribuir a leitura na missa de hoje, trecho do livro de Oséias, no qual Deus, segundo o profeta, mostra seu grande amor para com o povo. comparado a uma virgem que será desposada por Ele. A virgindade é sinal do mundo futuro onde Deus será tudo em todos e ninguém pertencerá a não ser a Deus, como “esposo da alma”. Tanto no Império Romano como hoje, nesta cultura do corpo na qual vivemos, a virgindade assumida por causa do Reino de Deus, virgindade consagrada, tem valor de testemunho de um amor maior.

Desde os tempos apostólicos na Igreja a virgindade foi vista como sinal de consagração total, como vivência do amor de Cristo na sua radicalidade, capaz de preencher a vida inteira e lhe dar sentido. O Vaticano II fala da virgindade consagrada por causa do Reino, como “dom divino que a Igreja recebeu do Senhor, e que, com sua graça, se conserva perpetuamente” (LG 43).

O Evangelho fala das virgens prudentes e imprudentes. As prudentes levaram óleo para abastecer suas lâmpadas quando no meio da noite chegasse o esposo, as imprudentes, não. Qual o significado deste óleo para abastecer a chama luminosa que permite caminhar no escuro? Sem dúvida é a fé que ilumina nossa vida, esta fé que age pela caridade e nos permite ir ao encontro de Cristo. Santa Cecília viveu pela fé e deu testemunho desta fé através do martírio.

Consta de sua história que derramou seu sangue por Cristo Jesus! Preferiu morrer a deixar de amar Jesus e sua santa Palavra, que ela cumpriu com diligência. O martírio é no cristianismo o selo da fidelidade total a Cristo. Assim, Cecília que se consagrou a Cristo como virgem, foi fiel até à morte. Em nossa época de mudanças contínuas, na qual tudo o que é sólido se desfaz no ar, vale a pena refletir sobre a fibra destes cristãos e cristãs repletos da graça de Deus, mas também de uma vontade de ferro para segui-lo em todas as circunstâncias, amando a Cristo mais que sua própria vida!

É certo que Santa Cecília é venerada por seu testemunho de virgindade e seu martírio, mas o que fez de Santa Cecília uma santa tão popular? Em uma legendária narração de seus sofrimentos se diz que, enquanto ela era atormentada “se tocava uma música, mas ela cantava em seu coração somente para o Senhor”. A partir desta frase ela foi escolhida como padroeira dos músicos. Na realidade o verdadeiro músico não toca e canta somente no seu exterior, com suas habilidades artísticas, mas muito mais com seu interior. Somente quando uma música já foi assimilada no coração e na alma, ela vai ser expressa de verdade, com paixão; tanto pelo compositor como pelo seu executor.

A musica é uma arte. A arte é um dos melhores meios de comunicação entre os humanos, porque a música é a única linguagem universal. A música como todas as artes deve ser comunicativa, mas também consoladora! E a verdadeira música é a que comunica e consola. Alguém dizia que, “a música é, depois do silêncio, o que mais exprime o inexprimível” (A. Huxley).

Este inexprimível é o mistério de Deus. E se pensarmos que o melhor instrumento musical é a voz humana, podemos concluir que o canto coral é de modo especial, o modo mais harmônico de cantar. O canto de fato nos eleva e nos descortina o horizonte da eternidade como reza o salmo: “Cantarei para sempre as misericórdias do Senhor!” (Sl 89, 1).

Que Santa Cecília lá no céu una seu canto ao canto de todos vocês que formam esta magnífica harmonia de vozes, as vozes dos Corais de São Paulo. Sejam todos abençoados e fortalecidos pela beleza e harmonia eternas que é o próprio Jesus que nesta santa missa se manifesta em sua Palavra, na Eucaristia e na beleza desta liturgia.

Amém.

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