Diocese de Santo André

Homilia da Ordenação Diaconal

dos diáconos transitórios, Cláudio, José, Marcos, Rudnei e Vinícius. Basílica Menor Nossa Senhora da Boa Viagem São Bernardo do Campo – 23/12/2017

Dom Pedro Carlos Cipollini

 Quero inicialmente cumprimentar todos os presbíteros aqui presentes, os diáconos permanentes, religiosos e religiosas, os pais parentes e amigos dos que serão ordenados, o Sr. Prefeito Orlando Morando e vereadores, e o querido povo de nossas comunidades e paróquias que se fazem presente bem como todos os que vieram de outras dioceses para participarem desta ordenação diaconal. Em especial saúdo os colegas de estudo e preparação para que este dia chegasse com mais brilho.

É na alegria deste final de Advento, que antecede o Natal, e que já celebramos, de forma antecipada em nossa Igreja, com esta ordenação diaconal. Aqui nascem hoje cinco novos diáconos transitórios, que serão a seu tempo, sacerdotes de nossa Igreja. É um presente para todos nós. Glorificamos a Deus por isso.

A primeira leitura (At 6,1-7), proposta pelo ritual e escolhida pelos candidatos, relata-nos a escolha, feita pelos apóstolos, de sete homens bons e justos, destinados a exercerem o ministério da caridade na Igreja nascente de Jerusalém. Fica evidente nesta perícope a preocupação da Igreja com o serviço aos pobres.

Servir e amar é a herança de Jesus, seu modo de ser, que os apóstolos transmitem à comunidade de forma concreta. Herança que deve ressoar hoje com mais força ainda em nossa Igreja. É daqui que tiramos a inspiração para idealizar o Vicariato da Caridade Social em nossa Igreja Particular.

Os apóstolos testemunham que Jesus foi livre perante seu poder e perante os homens, mas nunca usou esta liberdade em proveito próprio. Viveu este poder como poder recebido do Pai para o serviço dos homens: “eu vim para servir”. Como é para nós bonito de dizer, e como é difícil de se praticar! Jesus mesmo vai advertir em outro momento, não se pode servir a dois senhores ao mesmo tempo: a Deus e ao dinheiro (cf. Mt 6,24).

Celebramos no Natal o mistério da Encarnação de Jesus Cristo. Ele, que sendo Filho de Deus, se fez homem, e, sendo homem, se faz diácono (servidor). Este é um aspecto central do mistério de Jesus Cristo. O Senhor de todos se faz nosso diácono, servidor e escravo que trabalha para nos revelar o amor de Deus.

A grandeza do ministério diaconal que vão receber, queridos ordenandos, consiste na missão de fazer presente o diácono, o servidor, o Servo Jesus Cristo, no tempo da Igreja que peregrina neste mundo. Fazer presente o diácono Jesus, quer dizer, representar e fazer real na Igreja o mandamento do amor, porque amar é servir. Servir é a atitude de estar sempre perto dos que sofrem e assim transmitir os sinais do amor de Deus.

O diácono dá testemunho de um amor misericordioso, leva as pessoas a acreditar que, inclusive no sofrimento, aprende-se a confiar no amor de Deus. Vocês serão sempre diáconos. Sabiamente o Cerimonial dos Bispos prescreve que ele se revista da dalmática por debaixo da casula. Isto sinaliza que nossa missão primeira, por debaixo de tudo o que vier depois, é o serviço. Jesus nos recomenda que aquele que dirige, faça-o como quem serve.

Porque os diáconos, encarnam o diácono Jesus, eles são encarregados de sinalizar na Igreja, a prática das obras de misericórdia, tanto corporais como espirituais. Por serem testemunhas da caridade são encarregados também de anunciar a Palavra, pois a caridade sem a verdade não é verdadeira caridade. Assim como os ministérios do amor difundem o Evangelho, do mesmo modo, no ministério da Palavra se traduz o amor de Jesus Cristo.

O trecho do Evangelho que foi proclamado revela o quanto a atitude de Jesus, de colocar-se a serviço, marcou a Igreja primitiva. Neste relato mostra-se que, na perspectiva do Reino de Deus, os valores comuns que o mundo valoriza tanto, são derrubados. É somente na negação da lógica mundana e na opção de servir e dedicar-se totalmente aos outros, que se pode falar de primeiro lugar na comunidade dos discípulos de Jesus.

Esta perícope evangélica, está logo em seguida ao episódio no qual os apóstolos Tiago e João, pedem a Jesus para sentarem-se em tronos, um à direita e outro à esquerda quando ele estiver em sua glória. Tiago foi o primeiro apóstolo mártir da comunidade de Jerusalém, e a comunidade não deixa de relatar no Evangelho este seu momento de fraqueza, pelo qual Jesus teve de repreendê-lo. Isto para mostrar o descompasso de sua atitude em relação ao modo de vida de Jesus.

Dominar jamais, servir sempre, ensina Jesus, pois “o filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida…” (Mt 20,28). Com isso a Igreja nascente mostra-nos que a missão de Jesus está intimamente ligada com a missão do Servo Sofredor (cf. Is 42). Não basta somente servir, é preciso dar a vida, gastar a vida servindo, como gratidão a Deus por seu amor por nós. Só pode servir quem é agradecido, quem se sente redimido pelo amor de Deus que o curou, porque amou primeiro.

Quem deseja ser o maior deve tornar-se o servo, o escravo (doulos). Escravo é um modo de indicar o martírio que é supremo testemunho de amor à imitação de Cristo. Jesus revela aqui que o caminho do serviço foi transformado por ele, no caminho da verdadeira libertação pessoal e social.

A libertação será comprovada na história redimida, por pessoas que não buscam o poder dominação, mas trilham o caminho da não-violência, do não levar vantagem em tudo, para se colocarem a serviço. O Reino de Deus não prevalecerá por causa de discursos e da força de argumentos, mas por causa do testemunho de amor, que é serviço.

A procura de honras e protagonismos interessados, a busca do dinheiro para manter uma vida burguesa, instalada numa área de conforto, rompe a comunhão da comunidade cristã. A busca pelo poder e a vaidade é tão grave que Jesus reúne os discípulos para fazer-lhes uma severa advertência. Jesus quer deixar clara a diferença entre os que o seguem, e os que seguem os ditames do mundo: o mundo do pecado. Entre seus seguidores tem de ser diferente, diferente das forças do anti-Reino.

A grandeza na perspectiva do Reino não se mede pelo poder que se tem, pelo posto que se ocupa, pelos títulos que se ostenta, pelos muitos direitos reivindicados, esquecendo-se dos deveres. Quem ambiciona estas coisas na Igreja de Jesus não se torna o maior, mas se torna insignificante, ridículo e motivo de escândalo. Torna-se um estorvo para promover o estilo de vida que ensinou o Crucificado, para promover o Reino de Deus. Falta-lhe a qualidade básica para ser seguidor de Jesus: servir.

Jesus adverte: “não pode ser assim”, “tem de ser diferente”, deve-se arrancar do meio de seus seguidores esta “doença” que é a busca do poder, com seu corolário de competição, inveja, ressentimentos. Jesus adverte sobre a nova ordem: quem quiser ser grande, faça-se servo, não busque seus próprios interesses. A vontade de quem se faz servo é servir e dar a vida. Por isso se torna o primeiro: é o maior.

O que pensar disto que Jesus ensina aos discípulos? Hoje, em nossa cultura, quase ninguém quer ser grande, a maioria não quer ser herói e nem santo. Basta conseguir uma boa qualidade de vida, ter êxito profissional e bem estar. Na nossa cultura o importante é sentir-se bem, cuidar de si mesmo, da saúde, gerir bem o stress e não complicar a vida; viver à vontade e ser um “vencedor”. Viver sem depender de ninguém é o que se almeja. Ao invés de servir o próximo, é-nos ensinado a servirmo-nos de todos, utilizando as pessoas para os próprios interesses. Quem não sabe servir não sabe obedecer, a não ser a sua própria vontade soberana.

Jesus nos propõe um outro modo de ser, para quem quer triunfar na vida. Temos de sair de nosso egoísmo, abrir os olhos, sermos sensíveis ao sofrimento das pessoas, saber amar e mostrar este amor colocando-nos a serviço.

A Igreja precisa de pessoas como vocês meus caríssimos ordenandos, vocês que se apresentam dispostos a gastar a vida pelo projeto de Jesus. Dispostos a assumir a atitude correta para isso: Servir! Nossa Igreja diocesana de Santo André se alegra com vocês e por vocês. Nós agradecemos vosso sim e o esforço que fizeram para mantê-lo até aqui, e que continuarão fazendo para perseverar.

Vocês são bons e capazes, tenho um santo orgulho de vocês, assim como vossos formadores e o Clero. Não nos decepcionem, deixando de lado este amor primeiro a Jesus, que os fazem se entregar a uma vida de seguimento do Mestre, de forma mais estreita. Não imaginem ser possível seguir a Cristo sem cruz.

Os diáconos estão ligados de forma especial ao bispo. Por isso, permitam-me dizer algo sobre este laço que nos une. Não se lancem contra vosso bispo e seus sucessores, mordendo a mão que se impôs sobre vossas cabeças, faltando à promessa de respeito e obediência. Isto é obra de satanás e dos que para ele trabalham contra a Igreja, travestindo o orgulho ferido em reinvindicação de respeito. Lembrem-se do que nos ensina a Tradição dos Santos Padres da Igreja: onde está o bispo está a Igreja e ferindo o pastor se fere o rebanho. Santo Inácio de Antioquia escreveu: “Quem respeita o bispo, é respeitado por Deus; quem faz algo às ocultas do bispo, serve ao diabo” (Carta aos Ismirnenses n.9). Não caiam na tentação de romper a comunhão com belas desculpas, para fugir ao diálogo franco e fraterno com vosso bispo e com o clero. Preciso de vocês para levar avante meu ministério. Peço que orem por mim e me ajudem.

Hoje é como um Natal antecipado para nós que vos recebemos como presentes de Deus. Que milagre maravilhoso é o vosso sim em resposta ao chamado de Jesus. No coração generoso de vocês o amor de Cristo venceu, seu chamado os convenceu. Sigam em frente!

Não tenham medo, Ele estará convosco. Recorram sempre a Maria Santíssima, ela intercede e anima os seguidores de seu Filho, que se tornam filhos dela também! É com muita alegria que vos imponho as mãos. Venham para somar em nosso Clero. Em nome de Jesus vos asseguro como vosso pai e pastor: se trilharem o caminho do amor-serviço vocês serão felizes e farão felizes a muitos. Amém.

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