Diocese de Santo André

“Janeiro Branco” eleva autoestima e desperta atenção com a saúde mental

Atividade organizada pela psicóloga e psicodramatista Madalena Cabral faz parte das ações de conscientização em prol dos cuidados com a qualidade de vida; ação ocorreu no dia 28 de janeiro, na Paróquia São Judas Tadeu, no Bairro Campestre, em Santo André

 

O propósito do encontro – que deve integrar calendário permanente mensal na igreja do padroeiro das causas impossíveis – com apoio da Pastoral da Saúde e sempre com temas diferentes – é divulgar e conscientizar as pessoas, por meio de ações do “Janeiro Branco”, mês em que são realizadas uma série de atividades em prol da saúde mental e do bem estar da população.

Medo, pânico, solidão… São alguns dos sintomas que desencadeiam inúmeras doenças na sociedade moderna. Para combatê-las e vencê-las, a principal solução é você, mesmo.

E a atividade com palestra e dramatização teve exatamente o objetivo de despertar a atitude em cada um dos 26 participantes que se reuniram no salão paroquial da “São Judas Tadeu”, em busca de respostas para muitas inquietações e sentimentos presentes em suas respectivas vidas.

A psicóloga, psicodramista e professora da pós-graduação em sociopsicodrama, Madalena Cabral, 63 anos, se utiliza da metodologia de intervenção nas relações interpessoais para incentivar as pessoas a revelarem suas aflições e percalços do cotidiano, a fim de identificar o método para os indivíduos retomarem a energia positiva e alcançarem a felicidade.

“Nosso objetivo é trabalhar as relações. Do sentimento, se aprofundássemos um pouco mais iria num relacionamento familiar da neta com a avó e que chegou no processo na tensão, de querer um colo, porque não importa a idade que temos. O importante é saber que somos seres em relações. Que as nossas relações é um dos aspectos principais da nossa vida”, explica. 

A especialista ainda destaca a relevância das técnicas de comunicação para atingir o resultado esperado. “A me ver no outro, posso me perceber melhor. E nessa percepção que tenho de melhor dentro de mim, posso transformar. E essa transformação vem com a ação […] a riqueza do psicodrama está na ação. Por isso que fui em busca dos elementos do grupo para trabalhar integrados, e não isoladamente. A nossa mente reflete os sentimentos e medos em nosso corpo. Por isso é importante o cuidado com a mente, que é o cuidado com a vida, sem se esquecer que somos seres em relacionamento o tempo todo”, avalia.

 

Primeiro ato 

Durante meia hora, a especialista “provocou” os presentes, em uma roda de conversa, a perderem a timidez e expressarem seus sentimentos e pensamentos naquele momento. Ansiedade, angústia, amargura, insegurança são algumas das palavras enunciadas. A partir deste primeiro contato, Madalena ensina que a saúde mental é de extrema importância para o bom funcionamento do corpo.

E a dor, muitas vezes compartilhada, ajuda na cura de uma doença, ou seja, a relação do contato humano. O carinho, o diálogo e a afetuosidade. Isso pode ser traduzido na prática.

Veja só: Determinada senhora levanta a mão na plateia. “Me sinto aflita e com dores no corpo. Uma angústia”. Para expor a situação na realidade, como se fosse um espelho, Madalena chama os voluntários Willian e Aline para encenarem o momento. Willian expressa a sensação de dores agudas no peito, com o corpo inclinado para frente e numa feição de desconforto. Aline está ao lado para demonstrar companheirismo. Instantes depois, William se recupera, com o auxílio de Aline, por meio de um abraço. Os sorrisos estampados nos rostos refletem diretamente na mudança de postura da senhora, que também recebe afeto de ambos. “Senti um alívio”, diz ela.

 

Segundo ato

A segunda parte do encontro é a retratação de uma cena do cotidiano. Os participantes são convocados a integrarem a encenação como se estivessem num centro comercial, perambulando entre as lojas e esbarrando uns nos outros, sem diálogo, cada um por si. Em determinado momento, Willian puxa a bolsa de Aline. Indignada, a mesma reclama. Porém, não encontra solidariedade das pessoas, impassíveis diante do delito. Por quê? Seria o individualismo em detrimento da coletividade?

Madalena questiona: “Qual motivo para tal ação”. William devolve: “Descarregar a raiva nos outros’. A moral da história é se não estiver bem consigo mesmo, a chance de fazer mal ao próximo é real. 

“Um fato importante para se ressaltar desta cena como um todo, o que fez o papel ali no assalto, na verdade é o que em nossa sociedade, hoje?  Se nós falamos que o intestino é que colocava para fora, é aquilo que a gente quer colocar para fora, mas não sabemos como fazer um processo de educação ou reeducação, que é tão primordial olhar para essas pessoas, também, num processo de reeducar”, alerta Madalena.

Por isso, uma palavra amiga, uma acolhida verdadeira, o diálogo olho no olho, ou seja, enxergar o próximo como seu semelhante, são atitudes que ajudam a combater potenciais reações negativas e transformá-las em energias positivas na vida de cada pessoa.

Ao final, num gesto de confraternização, todos e todas se abraçaram e unidos registraram esse momento num retrato para a posteridade.

 

Metodologias

Na avaliação da equipe de trabalho voluntariado do Janeiro Branco, a atividade cumpriu todas as expectativas. Os psicólogos Willian do Carmo Silva, 29 anos, e Aline Andrade de Carvalho, explicam como é reproduzir as cenas por meio das emoções expressadas pela plateia.

“Temos que ouvir com o coração, também, e estar atento ao olhar das pessoas. Daquele instante vamos nos entregando na cena e transbordando os sentimentos, através dos nossos corpos e das nossas fisionomias. É uma gratidão. Como se fosse um presente nosso para eles. Se sentirem acolhidos, de certa forma”, descreve Aline.

“Entramos num relacionamento de tele com a pessoa e conseguimos trazer para nós aquilo que a pessoa está sentindo. A gente vai personificando isso em nosso corpo. Concretiza a angústia e sofrimento do outro. Isso permite a pessoa ter um olhar de fora. E olhando de fora, a pessoa percebe que o problema não é tão grande quanto ela é imagina”, emenda Willian. 

Também voluntária, a psicóloga e psicodramatista Patrícia Marinho Duarte Nascimento, 30 anos, expressou a visão como espectadora do encontro. “Percebemos uma mudança de como as pessoas entraram aqui antes e depois que saíram da atividade. Vai bem de encontro com a campanha do “Janeiro Branco”, que fala sobre o olhar dentro de si, das emoções. Foi de uma forma prática desenvolvida com sucesso, o poder de uma atividade como essa”, analisa.

 

Ecumenismo 

Expressando a diversidade de todas as ações pela qualidade de vida do ser humano, a psicóloga e professora de educação física, Soraia André César, 53 anos, é evangélica e congrega na Igreja Evangélica do Povo Livre e também atua como voluntária em prol das iniciativas envolvendo a equipe do Janeiro Branco.

“Nosso objetivo é estimular as pessoas a cuidar da saúde mental. Muitas pessoas não dão importância para esses cuidados. Primeiramente, em que estar bem consigo mesmo para fazer bem ao próximo. Jesus disse: ‘ama o próximo como a ti, mesmo’. Então, para eu amar o próximo, preciso estar muito saudável, me amando bastante para cuidar do outro e cumprir o mandamento de Jesus”, salienta.

 

Mais diálogo, menos distância 

Aposentado, mas ainda trabalhando como vendedor autônomo, Luiz Piantino, 70 anos, acredita que falta mais diálogo entre os seres humanos para atingir a verdadeira felicidade. “Hoje não se troca muita informação, olho no olho. Fica muito difícil, pois as pessoas estão cada vez mais falando com a máquina (computador, celular…). Então, você não vê sentimento, não vê olhar, não vê nada”, ressalta.

Também aposentada, Maria Schroeder, 73 anos, há meio século participa da Paróquia São Judas Tadeu, desde à época da capelinha e da chegada do padre Heitor de Carli (falecido) – que esteve à frente da igreja durante quatro décadas – ao integrar diversos grupos e movimentos. A paroquiana revela que já fez terapia com a própria Madalena, após a perda do marido e da mãe num intervalo de cinco meses.

“Já faz mais de dez anos, mas vivemos muitas vezes com insegurança na vida com decisões a tomar e está difícil. Tenho uma filha para fazer cirurgia no estômago. Mas graças a Deus a família está se unindo, novamente. A palestra mexeu com meus sentimentos”, confessa, ao dizer que a tecnologia tem os prós e contras.

“Essa atividade é para demonstrar que podemos viver mais próximos uns aos outros. E não cada um em seu canto no celular, em seu mundo particular”, completa. 

 

Pioneirismo e calendário permanente

Secretária do Conselho Pastoral Paroquial da Igreja São Judas Tadeu, a advogada Rosmari Melino Sorce, 61 anos, exaltou a importância do pioneirismo da ação. “A Madalena já vem trabalhando com o pessoal das pastorais. Neste ano, o padre Ademir (Santos de Oliveira, pároco) permitiu que abríssemos (os eventos) à comunidade. Trouxe a primeira palestra, que foi bem produtiva e dinâmica. Tocou muito o meu coração. Espero que as próximas sejam cada vez melhores”, comenta, ao projetar as atividades que ocorrerão todo dia 28 de cada mês, no intervalo entre as missas, sempre com uma temática diferente.

 

Serviço:

Mais informações sobre o Janeiro Branco: www.janeirobranco.com.br ou pela página no Facebook: janeirobrancoabcd

 

Reportagem e fotos : Fábio Sales

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