A Pastoral Carcerária da Diocese de Santo André vai realizar o seminário sobre a questão carcerária, intitulada: “A Evangelização e a Reintegração Social”, no dia 12 de maio, das 8h às 13h, na Paróquia Bom Jesus de Piraporinha (Avenida Piraporinha, 118, Bairro Piraporinha, Diadema).
Tendo em mente que a “A reclusão não pode significar exclusão”, este seminário tem como objetivo divulgar e debater o tema, tanto nos aspectos da importância do processo de evangelização dentro dos cárceres entre as pessoas aprisionadas, quanto as condições humanísticas lá encontradas pelos agentes da Pastoral Carcerária, e principalmente as ações de reinserção ao convívio da sociedade em condições absolutamente igualitárias.
Estarão participando do debate os diversos agentes da sociedade envolvidos e a comunidade, tais como religiosos (bispo, padres, freiras, seminaristas), os agentes das diversas pastorais, especialmente da carcerária (estadual e regional ABC); membros da SAP – Secretaria de Administração Penitenciária, Secretário Estadual; Poder Judiciário (Juízes da Vara Criminal e da VEC, Ministério Público e Defensoria Pública); cidadãos e cidadãs da comunidade local e ex-detentos e familiares.
Programação
Local: Paróquia Bom Jesus de Piraporinha (salão paroquial)
Avenida Piraporinha, 118, Bairro Piraporinha, Diadema/SP – Estacionamento no local
Data: 12.05.2018 das 08h às 13h
08h – Credenciamento e Café de boas-vindas
08h30 – Composição da Mesa
08h40 – Abertura pelo bispo diocesano Dom Pedro Carlos Cipollini e pelo Padre Dayvid da Silva (sacerdote anfitrião)
Palestra – “Igreja, Evangelização e Reintegração Social”
09h20 – Exposição da Realidade, Programas e Projetos da PCr Regional do ABC e Estadual
– Sr. Francisco Nieto Segarra – Coordenador Regional da PCr/ABC
– Sr. Deivid Tadeu Livini Luiz – Coordenador Estadual da PCr/SP – CNBB-Sul 1
10h – Intervalo para Café
10h –Palestra – “A importância das visitas dos agentes da Pastoral Carcerária e as dificuldades encontradas no processo de Evangelização e na Reintegração Social”
– Depoimentos de 2 Ex- Presidiários: Srs. Daniel e Adauto
11h – “O papel da Defensoria Pública na luta pelos direitos da pessoa presa”
– Dr. Marcelo Novaes – Defensor Público do Estado de São Paulo
11h40 – Palestra: “Programas e Ações da Secretaria de Administração Penitenciária”
– Dr. Lourival Gomes – Secretário de Administração Penitenciária do Est. de S. Paulo
12h20 – Palestra: “O Poder Judiciário, a Superlotação do Sistema Carcerário e a Prisão Provisória”
– Dra. Milena Dias – Mma. Juiza da Vara de Execuções Criminais de Santo André
13h – Encerramento
O que é a Pastoral Carcerária
“As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias das pessoas de hoje, sobretudo das pobres e de todas aquelas que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias das discípulas e discípulos de Cristo.” (Gaudium et Spes)
“Estive preso e vieste me visitar” (Mt 25, 36). É com esse lema em mente que a Pastoral Carcerária (PCr), pastoral social ligada à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), age junto às pessoas presas e suas famílias. Com agentes presentes em todos os Estados do país, a PCr acompanha e intervém na realidade do cárcere brasileiro de forma cotidiana.
O Brasil tem atualmente a terceira maior população carcerária do mundo, em contínuo e exorbitante aumento desde o início dos anos 1990, revelando a perversa política de encarceramento em massa que está em curso no país, e que tem como alvo os grupos sociais marginalizados e empobrecidos, destacadamente jovens, negros e moradores/as das periferias e das áreas urbanas socialmente mais precarizadas.
A PCr, busca ser a presença de Cristo e de sua Igreja no mundo dos cárceres, caracterizado pela superlotação, condições insalubres e tortura sofrida pelas pessoas privadas de liberdade. Portanto, em seu trabalho de atendimento religioso às pessoas presas os/as agentes pastorais promovem um serviço de escuta e acolhimento, anunciam a Boa Nova, contribuem para o processo de iniciação à vida cristã e para a vivência dos sacramentos, e atuam no enfrentamento às violações de direitos humanos e da dignidade humana que ocorrem dentro do cárcere, pois “todo processo evangelizador envolve a promoção humana” (Doc. Aparecida, p.399). Assim, a evangelização concretiza-se de forma integral, seguindo as orientações da Igreja: “As profundas diferenças sociais, a extrema pobreza e a violação dos direitos humanos (…) são desafios lançados à evangelização” (Puebla, 90).
Está claro que encarcerar mais pessoas, em sua maioria pobres e negras, não diminui a violência; ao contrário, o encarceramento serve para torturar as pessoas mais pobres e gerar ainda mais violência.
É urgente e necessário que se paute e defenda um urgente e necessário programa de redução da população carcerária. Visando isso, a Pastoral, em parceria com diversas outras organizações, movimentos e pastorais sociais, lançou em 2013 a Agenda Nacional Pelo Desencarceramento.
O documento visa viabilizar o desencarceramento e fortalecer as práticas comunitárias de resolução pacífica de conflitos, por meio de diretrizes como:
- Suspensão de qualquer investimento em construção de novas unidades prisionais;
- Limitação máxima das prisões cautelares, redução de penas e descriminalização de condutas, em especial aquelas relacionadas à política de drogas;
- Ampliação das garantias da execução penal e abertura do cárcere para a sociedade;
- Proibição absoluta da privatização do sistema prisional;
- Combate à tortura e desmilitarização das polícias, da política e da vida.
Com essas propostas e diretrizes, seguimos em frente na luta por um mundo sem cárcere!
Características da Pastoral Carcerária
1) Está junto das pessoas privadas de liberdade. Só a proximidade que nos faz amigos nos permite apreciar profundamente os valores das pessoas privadas de liberdade, seus legítimos desejos e seu modo próprio de viver a fé. À luz do Evangelho reconhecemos sua imensa dignidade e seu valor sagrado aos olhos de Cristo, pobre como eles e excluído como eles. Desta experiência cristã compartilharemos com eles a defesa de seus direitos”. (DA.398)
2) Busca a Libertação integral. Consciente de que precisa enfrentar as urgências que decorrem da violência e da miséria do sistema prisional, o agente de Pastoral Carcerária sabe que não pode restringir sua solidariedade ao gesto imediato da doação caritativa. Embora importante e mesmo indispensável, a doação imediata do necessário à sobrevivência não abrange a totalidade da opção às pessoas privadas de liberdade. Antes de tudo, esta implica convívio, relacionamento fraterno, atenção, escuta, acompanhamento nas dificuldades, buscando, a partir das pessoas privadas de liberdade, a mudança de sua situação. Aspessoas presas são sujeitos da evangelização e da promoção humana integral. (CNBB – Nº 94, parg. 71)
3) Luta para cancelar toda legislação e normas contrárias à dignidade e aos direitos fundamentais às pessoas privadas de liberdade, assim como as leis que dificultam o exercício da liberdade religiosa em benefício dos reclusos e busca, a quem transgride o caminho, o resgate e uma nova e positiva inserção na sociedade.
4) Respeita a dignidade da pessoa humana. Isso significa tratar o ser humano como fim e não como meio, não o manipular como se fosse um objeto; respeitá-lo em tudo que lhe é próprio: corpo, espírito e liberdade; tratar as pessoas presas como ser humano sem preconceito nem discriminação, acolhendo, perdoando, recuperando a vida e a liberdade de cada um, denunciando os desrespeitos à dignidade humana e considerando as condições materiais, históricas, sociais e culturais em que cada pessoa vive.