O Deus do Evangelho é o Emanuel, é Deus conosco. Ele se fez carne, habitou entre nós, trabalhou com suas mãos, sofreu e amou com um coração humano. É preciso assumir a condição de peregrinos dos cristãos, que nas estradas da vida, se fazem companheiros e irmãos de toda a humanidade. Essa condição nasce da experiencia do amor misericordioso de Deus que nos faz samaritanos de todos, para alcançar a todos com o anúncio da salvação de Cristo (Cf. Constituição Sinodal da Diocese de Santo André, n. 99) .
Desde 1981, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) propõe que a Igreja no Brasil viva o mês de agosto numa perspectiva vocacional a fim de suscitar a conscientização sobre o dinamismo das vocações que faz a Igreja tão rica em sua missão de continuar o mandato missionário de Jesus Cristo. A vocação é sempre um chamamento que Deus faz a cada homem e mulher, nesse sentido são muitas as vocações, sendo a laica aquela da qual nascem todas as outras.
A vocação dos leigos é a de pertencer e ser Igreja. O Catecismo da Igreja Católica trata com clareza a vocação do leigo dos números 897-913. Vale muito à pena fazer a leitura de cada ponto, pois há uma síntese que evidencia o que são os leigos, baseado na Constituição Dogmática Lumen Gentium (LG), n 437: “Por leigos entendem-se aqui todos os cristãos com exceção dos membros da ordem sacra ou do estado religioso reconhecido pela Igreja, isto é, os fiéis que, incorporados em Cristo pelo Batismo, constituídos em povo de Deus e feitos participantes, a seu modo, da função sacerdotal, profética e real de Cristo, exercem, pela parte que lhes toca, na Igreja e no mundo, a missão de todo o povo cristão”.
O fiel leigo em sua vocação é chamado a ser sal e luz na Igreja e no mundo. Daí ser preciso atender algumas exigências como chama atenção Renold Blank em seu livro “Ovelha ou protagonista: a Igreja e a nova autonomia do laicato no século 21”. A primeira exigência é a de recuperar a consciência de agente responsável pela transformação do mundo e da Igreja; a segunda a construção de estruturas de comunhão e participação e a terceira consiste em fugir do perigo da dicotomia entre irmãos clérigos e leigos preservando o valor e a dignidade de cada carisma na comunidade no serviço ao Reino de Deus.
O espaço primordial para a vivência da vocação laica é a comunidade eclesial participativa, pois comunidade onde não há participação e abertura não é comunidade. Eis um dos maiores desafios do leigo hoje, é ser sinal de acolhida e missão, pois numa lógica de Igreja comunhão e participação o papel das comunidades é o de expressar Deus conosco. A vocação do laicato é, sobretudo, a de, como Povo de Deus (cf. LG, cap. 4), caminhar pelas estradas da vida sem deixar de lado a centralidade do Reino de Deus como continuadores das promessas de Cristo no mundo. A Lumen Gentium (n. 31) faz a seguinte admoestação: “manifestem Cristo aos outros, antes de mais pelo testemunho da própria vida, pela irradiação da sua fé, esperança e caridade”.
A relação de fraternidade deve ser sempre presente na vida eclesial. Cabe ao leigo a valorização e o direito, com prudência e discernimento, “de expor o seu parecer sobre os assuntos que dizem respeito ao bem da Igreja” (LG, 37). Sempre respeitando a palavra dos pastores/magistério da Igreja. Em contrapartida, os pastores devem “reconhecer e fomentar a dignidade e responsabilidade dos leigos na Igreja” (LG, 37). Por fim, a vocação-missão do leigo é ser sal e luz no mundo.
Artigo desenvolvido por Jerry Adriano Villanova Chacon