Diocese de Santo André

Mensagem para o Dia Mundial dos Pobres à Diocese de Santo André

Aos queridos irmãos e irmãs na fé batismal

em Nosso Senhor Jesus Cristo: presbíteros,

diáconos, religiosos e religiosas, leigos e leigas

e todas as pessoas de boa vontade,

Paz, alegria e bênçãos de Deus!

 

Por ocasião do segundo ano no qual celebramos a convite do Papa Francisco o “Dia mundial dos pobres”, venho até você para convidá-lo a refletir e agir, em favor desta causa evangélica que é a causa dos pobres que Jesus chamou para si nascendo pobre e vivendo no meio deles: “ungiu-me para evangelizar os pobres” (Lc 4,18).

Ao menos neste dia devemos tomar consciência da pobreza que atinge a maior parte da população mundial, em especial aqui na América Latina. Quem são os pobres? São os despossuídos, explorados ou marginalizados de todo processo produtivo, aqueles que não interessam ao mercado. O Papa Francisco nos convida a olhar com misericórdia os pobres deste mundo que são os preferidos de Deus.  

“O Dia Mundial dos Pobres pretende ser uma pequena resposta, dirigida pela Igreja inteira dispersa por todo o mundo, aos pobres de todo o gênero e de todo o lugar a fim de não pensarem que o seu clamor cairá no vazio. Provavelmente, é como uma gota de água no deserto da pobreza. Contudo, pode ser um sinal de solidariedade para quantos passam necessidade a fim de sentirem a presença ativa dum irmão ou duma irmã.  Os pobres precisam do envolvimento pessoal de quantos escutam o seu brado. A solicitude dos crentes não pode limitar-se a uma forma de assistência – embora necessária e providencial num primeiro momento, mas requer aquela «atenção amiga» (Papa Francisco, Mensagem para o Dia Mundial do Pobre – 2018).

Muitos, quando se fala da preocupação com os pobres, veem neste discurso certo resquício de paternalismo ou sentimentalismo que nada produz. No entanto, a pobreza é um desafio político para século XXI. Ao mesmo tempo que o desenvolvimento da humanidade alcança níveis altíssimos, com o avanço da tecnologia, multiplica-se o número dos que passam a viver na pobreza. Ela atinge um terço dos países do sul do Equador que tentam sobreviver, migrando da miséria para os países ricos do norte.

Os mais pobres continuam sendo vítimas da miséria com seu rosto de falta de educação, moradia, trabalho, comida… Está evidente que o mercado não reduzirá a pobreza, pelo contrário, aguça as desigualdades, ele não consegue assegurar justiça nem dignidade para todos, porque sua preocupação não é a pessoa, mas o lucro. O mercado hoje induz os países ricos a recusar solidariedade às maiorias pobres. O pobre hoje é muito mais o desempregado urbano do que o camponês. Eles serão cada vez mais as principais vítimas da degradação dos recursos naturais em curso.

Seria possível acabar com a pobreza? A erradicação da pobreza significa permitir que cada homem dispusesse de meios de vida, superiores a um limiar de dignidade internacionalmente definido. Somente a solidariedade poderá ajudar a mitigar o problema da pobreza, pois as nações pobres não poderão resolver sozinhas o problema dos pobres e excluídos. Infelizmente a globalização do mercado não é acompanhada da globalização da solidariedade e distribuição dos recursos.

O Papa São João XXIII constatou que o problema social assumiu proporções mundiais, o Papa São Paulo VI profetizou que o mundo está doente, acometido de um egoísmo crônico, do qual somente ficará curado quando a fraternidade e a solidariedade se instalarem entre os pessoas e os povos. Na América Latina a Igreja fez sua evangélica opção pelos pobres. Hoje o Papa Francisco se tornou referência mundial como advogado dos Pobres, projetando uma Igreja dos pobres para os pobres.

Olhando o panorama sócio político econômico podemos sentir a voz de Jesus Cristo que acusa: olvidais o que é mais grave: a justiça e o amor (cf. Mt 23,33). A consequência é o aumento dos pobres e miseráveis, dos excluídos e descartáveis. E quando se fala do pobre e da pobreza ou da situação do pobre segundo o Evangelho, não se está referindo somente à conduta do cristão e da Igreja, senão que concernem ao mistério íntimo e pessoal de Jesus Cristo. Além de normas éticas de compaixão com os miseráveis ou expressão de filantropia generosa, a pobreza é parte da revelação de Jesus sobre ele mesmo: em Cristo Deus aparece solidário com os pobres, fazendo-se um deles (cf. 2 Cor 8,9).

É a partir de tudo isto que o Papa Francisco instituiu para ser celebrado, o “Dia mundial dos Pobres”. É um grito profético, proferido em direção às consciências, para que não se esqueçam os pobres. Esquecer deles é esquecer-se de Jesus que se coloca no lugar deles.

Neste dia as Igrejas devem promover atividades de acolhida e cuidado para com os pobres procurando valorizá-los e chamar a atenção para a gravidade da situação de miséria, mais que pobreza na qual vivem milhões de pessoas.

A Igreja assume a causa dos pobres e se faz companheira de caminho deles procurando advogar sua causa pois “a Igreja é advogada da justiça e dos pobres” (cf. DAp 533). A luta e o empenho da Igreja em favor dos mais pobres tem causado perseguição e inclusive a morte de cristãos que são considerados testemunhas da fé. Caso exemplar é São Oscar Romero. A Igreja é Igreja de todos, mas especialmente deve ser Igreja dos Pobres que reparte com eles e doa de sua pobreza. A Igreja aprende de Jesus que encontrá-lo nos pobres é uma dimensão constitutiva de nossa fé nele.

Convido todos os diocesanos a participarem de alguma maneira, usando para tal, a criatividade que não falta em nosso meio e a generosidade tão característica do povo do Grande ABC. Cada paróquia, em suas comunidades, planeje um modo de testemunhar o amor aos pobres que clamam por justiça. Que seja um primeiro ato de justiça reconhecer que eles existem e precisam de nós para ajudarmos a libertá-los.

No próximo dia 18, domingo, durante todo o dia, haverá na praça da Catedral do Carmo a acolhida aos pobres que serão assistidos em uma grande confraternização. Momento de ajuda, atenção e carinho para com eles em nome de Jesus!

Quem dá aos pobres empresta a Deus diz o ditado popular.

Que Deus portanto, abençoe a todos!

 

+ Dom Pedro Carlos Cipollini

Bispo de Santo André

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