Nas estradas da vida, as placas de conversão nos ajudam a retomar o caminho certo, caso tenhamos nos equivocado ou tomado o caminho errado; ou para retornar às origens. E foi justamente isso que aconteceu com São Paulo na estrada de Damasco, como relata o capítulo 9 dos Atos dos Apóstolos. “Estando ele em viagem e aproximando-se de Damasco, subitamente uma luz vinda do céu o envolveu de claridade. Caindo por terra, ouviu uma voz que lhe dizia: “Saul, Saul, por que me persegues?”
Quando, há alguns anos, visitamos as ruínas de Éfeso, na Turquia, o guia de turismo que nos acompanhava, nos apresentou o grande anfiteatro com capacidade para, aproximadamente, 24.000 pessoas, onde o apóstolo Paulo, destemidamente, tentou pregar o cristianismo a milhares de pagãos em um dia de festa dedicado à deusa Diana, mas que foi orientado a sair antes que fosse trucidado por uma turba enfurecida, adoradores que eram dos deuses pagãos.
Pelas ruínas, conseguimos ver e sentir um pouco da grandiosidade do que fora Éfeso em seus tempos áureos, na biblioteca, na via de mármore, nos templos dedicados a deuses pagãos, nos palácios de imperadores romanos… Enfim, também nos fez pensar que nada resiste ao tempo.. (“Passarão o céu e a terra. Minhas palavras, porém, não passarão” Mt 24, 35)…
Mas o que mais nos chamou a atenção, e nos intriga sempre, é a coragem deste santo, que de perseguidor de cristãos, converteu-se num grande propagador, o maior de todos, provavelmente, a levar a boa nova de Cristo a Filipenses, Efésios, Coríntios, Gálatas, Tessalonicenses, Romanos, e a tantos outros povos que podem ter escapado aos registros de grandes historiadores… Há muito ainda para se conhecer a respeito de São Paulo. O Paulo de Tarso. O apóstolo Paulo. Muito a se apaixonar pelo Reino de Deus ao ponto de se comprometer até às últimas consequências… como ele que deu sua vida para que o Reino chegasse a todos os povos…
Paulo não só conhecia muito bem as Escrituras, como também amava e defendia arduamente ao Deus do Antigo Testamento. E foi por causa deste grande amor a Deus que não aceitava o cristianismo, desconhecido por ele, a que chamava de uma nova seita, e por isso, começou a perseguir os cristãos.
E no caminho de Damasco, onde pretendia prender cristãos e também condená-los à morte, é que se deu o encontro com o próprio Cristo que o questionou, “derrubou-o do cavalo”, cegou-o com sua luz, para depois fazê-lo enxergar a quem perseguia, de tal forma que ele mesmo declarou: Assim, já não sou eu quem vive, mas é Cristo que vive em mim. A vida que agora vivo no corpo, vivo-a pela fé no filho de Deus, que me amou e se entregou por mim. (Gal 2,20)
O chamado à conversão e ao anúncio do Evangelho é para todos nós, pois entre a intelectualidade de Paulo (soldado romano) e a simplicidade de Pedro (simples pescador) cabemos todos nós. O importante é que façamos a experiência pessoal do encontro com Jesus, em algum ponto do caminho, para sermos ardorosos discípulos missionários como São Paulo. Melhor nos achegarmos a Ele, Cristo, pelo amor, do que pela dor. “Ai de mim, se eu não anunciar o Evangelho!” – 1 Cor 9, 16
Com a confiança de que “Se Deus é por nós, quem será contra nós?”, como nos ensina São Paulo em Romanos 8:31, como soldados de Cristo, possamos um dia, ter a certeza de ter combatido o bom combate, completado a corrida e perseverado na fé. 2 Tim 4:7.
Que a conversão de São Paulo seja um estímulo para fazermos o caminho que nos leva a Deus através do amor a nossos irmãos de caminhada. Retomando sempre, até acertarmos definitivamente a estrada que nos leve ao Pai. Amém.………………………………………
A Conversão
Por Irmã Ivonete Kurten – Paulinas – Recife, especialmente para nosso site;
O relato da conversão de São Paulo, em Atos 9, nos coloca na dinâmica do caminho. Paulo vai a Damasco com um objetivo claro – reto. Perseguir os cristãos e aprisionar os discípulos do “caminho” – como eram conhecidos. Pois é, exatamente, no caminho, na estrada, uma “luz” – sempre como aquela que nos faz enxergar além de nós – o tocou. É uma luz muito forte que o derruba.
O texto fala de uma queda, em seguida, uma cegueira, “não vejo”. Após este momento de escuridão, faz-se soar o chamado da comunidade na pessoa de Ananias – o mensageiro da aliança – que vai ao encontro de Paulo, que por três dias está na escuridão, alusão à ressurreição de Jesus, para dizer ao agora “irmão” na fé, o que ele, Paulo, deve fazer pelo Senhor Jesus que lhe apareceu no caminho. Seguidor do “caminho”, ou seja Jesus Cristo, pois na pessoa daqueles a quem perseguia está o próprio Cristo.
Seguindo o relato bíblico vamos sentir que a conversão de Paulo – é um novo olhar sobre a presença de Deus em sua vida. O messias anunciado e esperado é Cristo – há uma nova lei a se viver – não a lei pela lei, mas a lei do amor, da misericórdia e da fraternidade.
Paulo compreende isso. E este é o novo olhar de Paulo sobre o próximo e a nova experiência de Deus – na pessoa dos irmãos. Paulo tem uma nova compreensão do Projeto de Deus sobre ele, sobre as pessoas e o mundo. Sobre a vida, a misericórdia de Deus. Deus é amor e esta é a missão que recebe: anunciar Jesus Cristo, o filho amado do Pai, que pela sua paixão, morte e ressurreição, o salvou e salva a todos pelo amor.
A conversão de Paulo é esta revirada em sua maneira de pensar sobre Deus, para viver do amor de Deus.*
Artigo desenvolvido por Osmarina Baldon.