Diocese de Santo André

A importância e o sigilo do sacramento da confissão

Estamos vivenciando o tempo da quaresma, que nos convida a aprofundar a nossa fé propondo alguns exercícios espirituais a fim de que nos preparemos de maneira digna e santa para a páscoa de Cristo. Um destes exercícios é a busca pelo sacramento da penitência ou confissão, como é muito conhecido.

Este sacramento compõe os sacramentos de cura e leva o fiel através da graça recebida pelo sinal sacramental a viver o caminho de conversão numa perspectiva de mudança de vida. Assim sendo, veremos como é importante o fiel buscar a reconciliação com Deus através da confissão e também compreender porque o confessor deve manter o segredo ou sigilo na confissão.

A confissão tem como objetivo reaproximar o fiel do amor misericordioso de Deus, muitas vezes distanciado pelo pecado. O Código de direito Canônico no Cânon 989 diz: “Todo fiel, depois de ter chegado à idade da discrição, é obrigado a confessar fielmente seus pecados graves, pelo menos uma vez por ano”. Isso significa que o fiel capaz de cometer pecados graves deve se reconciliar com Deus e a idade que indica essa capacidade é quando a criança completa sete anos.
Com isso vemos que buscar a reconciliação é resgatar no coração do fiel o amor de Deus que acaba se perdendo quando acontece a realidade de pecado. Mas para isso, é necessário que o fiel se coloque em uma atitude de humildade. Não pode ser um mero “cumprir preceito”, pois atualmente as pessoas querem ser absolvidas de seus pecados somente para afirmar que seguem aquilo que Igreja orienta. Mas o importante é ter a consciência de que é um caminho que começa no reconhecimento da falha cometida e na disposição em um esforço constante para não mais cometê-la.

A absolvição, portanto, não terá efeito algum se o fiel não se dispor a uma verdadeira mudança de vida. Por isso é importante procurar a confissão como um caminho de retomada da fé, tendo em vista aquilo que Jesus deixou como missão a seus discípulos:

Ele lhes disse de novo: “A paz esteja convosco! Como o Pai me enviou também eu vos envio”. Dizendo isso, soprou sobre eles e lhes disse: “Recebei o Espírito Santo. Aqueles a quem perdoardes os pecados ser-lhes-ão perdoados; aqueles que aos quais os retiverdes, ser-lhes-ão retidos”. (João 20, 21-23).

Jesus ressuscitado envia os discípulos em missão, concedendo o Espírito Santo e lhes dá a autoridade para o perdão dos pecados, assim entendemos que a confissão é um modo de nos reencontrarmos com o verdadeiro amor de Deus em nossa vida, não deixando escapar do nosso coração o desejo sincero de sempre reconciliar nosso coração com Deus.
Dessa forma devemos olhar a confissão como um compromisso profundo em nossa vida espiritual na certeza de podermos resgatar a confiança em Deus e assim seguirmos com consciência os seus desígnios. Assim, o sacramento seja para nós fiéis uma forma salutar de buscarmos a plena comunhão com Deus a todo momento. Não se deve ter mentalidade de que a confissão é só para corrigir pecados, mas também para nos propor um novo modo de enxergar a nossa fé.

Portanto, buscar a reconciliação com Deus é mais do que um preceito, é um reencontrar o caminho da fé na certeza de que estamos verdadeiramente abertos a receber a graça sacramental e levá-la a uma prática constante. Como o próprio Jesus afirmou aos discípulos que a misericórdia presente em nosso coração nos insere mais na comunidade de fé, quanto mais a praticamos, mais aproximamos o nosso coração de Deus.
Mas para uma confissão que realmente transforme a vida do fiel, o confessor deve acolher e demonstrar plena segurança para que o penitente possa falar sem qualquer receio. Muitas vezes as pessoas questionam se o padre pode falar o que ouve em confissão. Na verdade, não, pois o confessor deve sigilar por tudo o que falado em confissão, ou seja, manter o segredo de confissão.

O termo sigilo vem do latim sigillum que significa selo, lacre. Portanto, o confessor ao ouvir o penitente deve preservar o sigilo como um selo de confiança em relação à pessoa que está sendo ouvida.

“Diante da delicadeza e da grandiosidade deste ministério e do respeito que se deve às pessoas, a Igreja declara que todo sacerdote que ouve confissões é obrigado a guardar segredo absoluto a respeito dos pecados que seus penitentes lhe confessarem, sob penas severíssimas. Também não pode fazer uso do conhecimento da vida dos penitentes adquirido pela confissão. Este segredo, que não admite exceções, chama-se “sigilo sacramental”, porque o que o penitente manifestou ao sacerdote permanecesse “sigilado” pelo sacramento.” (Catecismo da Igreja Católica nº 1467)

Assim, entendemos que o confessor não pode falar ou usar em qualquer situação coisas que os fiéis manifestam em confissão, pois como servo do perdão de Deus deve sigilar e com muita paciência e caridade levar o penitente a se curar das faltas cometidas e alcançar de maneira profunda a misericórdia do senhor.

Esse segredo preserva o fiel na dignidade que representa o sacramento da confissão. Assim é importante perceber que na confissão o sacerdote, como ministro do sacramento, ou seja, instrumento de Deus perante o fiel, é digno dessa confiança. Contudo é possível observar a dificuldade de muitas pessoas em se confessar por inúmeros receios que podem ocorrer. Mas as pessoas devem crer que a graça de Deus está presente no sacerdote que irá ouvir a confissão e também que este guardará plenamente tudo o que ouvir. Procuremos fazer sempre uma experiência de confissão para que nossa fé seja sempre abastecida pela misericórdia do Senhor para que estejamos firmes, alegres e conscientes para viver uma santa Páscoa.


Artigo desenvolvido por Padre Jackson Henrique da Silva, da 
Paróquia Nossa Senhora das Dores

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