Diocese de Santo André

30 anos do falecimento de Dom Jorge: Um homem à frente de seu tempo

A Diocese de Santo André relembra neste 28 de maio de 2019 a memória e o legado de Dom Jorge Marcos de Oliveira, após 30 anos de seu falecimento. Acompanhe a reflexão do padre Felipe Cosme Damião Sobrinho, que relata grandes momentos do bispo na região do Grande ABC, como a atuação evangelizadora na sociedade, o caminhar ao lado dos pobres, a obra social Associação Lar Menino Jesus, a luta contra a ditadura, a paixão pela fotografia e a homenagem no auditório da Cúria.

Dom Jorge Marcos de Oliveira, primeiro bispo da Diocese de Santo André, nasceu no Rio de Janeiro em 10 de novembro de 1915. Exatamente há trinta anos, após um domingo de intensas atividades pastorais, partia para a Casa do Pai.

Sua vida e missão demonstram a grandeza de seus ideais humanos e a sua fidelidade ao Evangelho de Cristo.  Após seus estudos no Seminário São José no Rio de Janeiro (1928-1933) e no Seminário Central do Ipiranga (1934-1940), foi ordenado presbítero em 08 de dezembro de 1940 pelo Cardeal Sebastião Leme da Silveira Cintra, arcebispo do Rio de Janeiro.  Foi professor no seminário e assistente do Departamento de Vocações Sacerdotais da Ação Católica Brasileira.

Eleito bispo titular de Bagis e auxiliar do Cardeal Arcebispo do Rio de Janeiro em 03 de agosto de 1946, foi sagrado bispo em 27 de outubro do mesmo ano, sendo ordenante principal o Cardeal Dom Jaime de Barros Câmara e consagrantes Dom Manuel da Silveira D’Elboux e Dom Rosalvo da Costa Rego. Nos oito anos de bispo auxiliar do Cardeal Câmara ficou conhecido como Bispo das Favelas, por ser um dos primeiros a visitar e conhecer tão dura realidade.  Ao longo de sua vida, Dom Jorge sempre afirmou sobre essas experiências que transformaram sua vida e sua fé. Foi também Oficial Maior do Tribunal Eclesiástico Arquidiocesano e representante do Arcebispo Metropolitano junto aos poderes públicos.
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Na Diocese de Santo André

Foi nomeado primeiro bispo da Diocese de Santo André no dia 26 de julho de 1954, tomando posse de seu ofício em 12 de setembro na presença do Cardeal Adeodato Giovanni Piazza, secretário da Sagrada Congregação Consistorial.  Aqui encontrou uma Igreja local que precisava se estruturar tanto física como pastoralmente. Entrando solenemente na diocese em 24 de outubro do mesmo ano, conheceu e viveu seu ministério ao lado dos seus presbíteros e diocesanos.
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Obra social

Conhecendo profundamente a realidade do ABC, foi um grande lutador da justiça social, defendendo o operariado e as organizações sociais. Fundamentado na Doutrina Social da Igreja, foi um artífice no diálogo entre capital e trabalho, defendendo e sofrendo pela dignidade da pessoa humana. Em 28 de fevereiro de 1956 fundou a Associação Lar Menino Jesus, obra social diocesana, em defesa da criança e da mãe solteira, verdadeiro gesto profético para a caminhada da Diocese e a promoção humana em nossa região.
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Luta contra a ditadura

Nos duros anos da Ditadura Militar (1964-1985), foi perseguido com padres e leigos da Diocese pela sua defesa dos direitos humanos acima de ideologia político-partidárias. Dom Jorge denunciou a tortura e a perseguição aos Direitos humanos logo no início do Regime Militar.  Foi uma voz solitária muitas vezes.  Mas não deixou morrer a profecia.  Gritou o Evangelho de Cristo com a voz e com a vida, com a poesia e o sofrimento.
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Concílio Vaticano II

Homem de síntese, Dom Jorge sabia entender os problemas do mundo contemporâneo sendo um autêntico profeta. Organizou nossa Igreja do ABC de acordo com a renovação eclesial do Concílio Vaticano II (1962-1965). Participou das quatro sessões do Concílio, compreendendo-o como grande sinal de aproximação da Igreja Católica do mundo atual, em vista do diálogo e da paz. Nas atas do Concílio, elaborou quatro contribuições para a elaboração da Constituição Pastoral Gaudium et Spes. Foi um dos quarenta signatários do Pacto das Catacumbas, defendo uma Igreja serva e pobre.

Em 29 de dezembro de 1975, por motivos de saúde, Dom Jorge renunciou ao governo pastoral da diocese tendo como sucessor Dom Cláudio Hummes. Nos seus 21 anos de bispo diocesano, foi um bispo colegial, renovando as estruturas eclesiais, servindo as periferias existenciais e fortalecendo a comunhão e a participação. A formação dos primeiros conselhos pastorais se deve ao empenho de Dom Jorge de valorizar os ministérios e serviços.
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Paixão pela fotografia

A fotografia era um dos principais hobbies de Dom Jorge. Apaixonado pela vida, pela natureza, o bispo tinha um olhar peculiar para cada realidade, humanista. Usava três máquinas fotográficas da marca Leica. Numa foto da década de 1960, aparece com uma máquina Rolleiflex, que provavelmente a tenha usado nas sessões e bastidores do Concílio Vaticano II.
Como bispo emérito viveu seu ministério colaborando com Dom Cláudio e servindo ao povo de Deus. Dedicou seus dias à Associação Lar Menino Jesus e à Capela São José da Vila Assis Brasil em Mauá, hoje paróquia.  No meio do povo, foi um grande defensor da vida, profeta em tempos difíceis, poeta da esperança. Viveu radicalmente o lema de seu episcopado: “Omnia in Christo”.
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Falecimento

Aos 28 de maio de 1989 seu coração cansado de grandes lutas silenciou. Mesmo tendo uma greve de ônibus, as celebrações de seu funeral foram repletas do povo que agradecia o dom de sua vida e missão. Dom Jorge marca profundamente a identidade de nossa Igreja Diocesana, deixando-nos um grande legado em todos os aspectos.  Ele nos aproximou com verdadeiro exemplo do Evangelho de Cristo e da necessidade de servir com humildade ao Reino de Deus.
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Homenagem  

O auditório da Cúria leva o nome de Dom Jorge Marcos de Oliveira, uma justa homenagem. Foi o primeiro bispo, ali foi sua residência e é um local simbólico não só por ser a sede da Cúria, mas também pela história pastoral e profética de nossa Igreja Diocesana.

*Pe. Felipe Cosme Damião Sobrinho, presidente da Associação Lar Menino Jesus e professor da Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção – PUC SP

 

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