No ano em que a Diocese de Santo André completa 65 anos, a Igreja Católica no Grande ABC recorda histórias de evangelização e lutas sociais na região
A Diocese de Santo André completa 65 anos de fundação no dia 22 de julho de 2019. Em mais de seis décadas são inúmeras histórias de evangelização, de pioneirismo em iniciativas e da luta por uma sociedade mais justa e igualitária.
E nesse contexto não poderíamos deixar de falar de uma figura relevante nesta trajetória que contribuiu muito para o crescimento da Igreja Católica na região do Grande ABC e deixou um grande legado social pelo empenho pastoral e diálogo frequente, principalmente, com os marginalizados e excluídos.
Trata-se do cardeal Dom Cláudio Hummes, que foi bispo da Diocese de Santo André durante 21 anos, entre 1975 e 1996. E o pastor da Igreja sempre está à disposição de Cristo e do seu povo. Assim, o arcebispo emérito de São Paulo e presidente da Repam (Rede Eclesial Pan-Amazônica) assume um novo desafio.
Nomeado pelo Papa Francisco no início de maio, Dom Cláudio será o relator geral para a Pan-Amazônia na Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos a ser realizada no Vaticano, em outubro deste ano. O tema do sínodo é “Amazônia: novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral”.
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Legado na Diocese
Prestes a completar 28 anos de sacerdócio, Pe. Edmar Antônio de Jesus relembra a sua ordenação feita pela imposição das mãos de Dom Cláudio, no dia 8 de dezembro de 1991.
“Tive a oportunidade de conviver com Dom Cláudio, tanto ainda como leigo, depois também no Seminário e posteriormente sendo ordenado presbítero”, recorda o pároco da Igreja Santa Luzia e São Carlos Borromeu, em Santo André.
De acordo com o sacerdote, um dos pontos altos do episcopado de Dom Cláudio era sua atuação pelos direitos iguais para o povo e solidariedade em prol da população carente.
“Acompanhamos também a trajetória dele junto as situações de greves que eram recorrentes naquele tempo no Grande ABC – final da década de 1970 e início dos anos 80 – e nessas situações pudemos perceber a presença dele como pastor, diante de uma situação social agravante e gritante, que a Igreja então procurou se colocar junto aos marginalizados, através dessa presença atuante e marcante do nosso caríssimo Dom Cláudio Hummes”, destaca.
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Pastorais sociais
Padre Nivaldo Lenzi, que completará 80 anos em julho, é um caso de vocação tardia. Após ficar viúvo em 1998, foi ordenado diácono permanente, em 2006, e presbítero, em 2008, pelo hoje bispo emérito da Diocese de Santo André, Dom Nelson Westrupp, após aprovação do Conselho de Presbíteros da Diocese.
Ele recorda a época em que atuava como leigo no episcopado de Dom Cláudio. “Inclusive foi ele (Dom Cláudio) que me deu os ministérios da Palavra e da Comunhão que permaneci durante 26 anos na Paróquia Cristo Operário, (na Vila Linda, em Santo André). Participei com ele da Pastoral Familiar e me lembro perfeitamente das comunidades eclesiais de base, as CEBs, e do trabalho na Pastoral das Favelas. Tenho nele uma pessoa muito importante para a Igreja da região”, conta Pe. Nivaldo, que chegou ao Grande ABC na década de 1970, vindo com a família da cidade de Santa Fé do Sul, no interior do Estado de São Paulo. Ele atualmente serve na Igreja Matriz de Rio Grande da Serra – Paróquia São Sebastião.
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Ação pioneira
Em entrevista concedida em fevereiro deste ano, Pe. Giuseppe Bortolatto relembrou do trabalho pioneiro na Pastoral da Carcerária, quando esteve à frente da Igreja Matriz andreense (1979 a 1983). “Assumi a missão a pedido do Dom Cláudio Hummes, bispo da Diocese Santo André, de 1975 a 1996, e foi uma experiência fantástica. A cadeia tinha virado a minha segunda casa”, relembra o padre que assumiu recentemente como reitor propedêutico do seminário Congregação dos Missionários de São Carlos, em Jundiaí.