Celebramos hoje o Domingo do Bom Pastor e vivemos o 56º Dia Mundial de oração pelas vocações, no qual o papa Francisco nos deixa uma mensagem intitulada: “A coragem de arriscar pela promessa de Deus”. Sempre que rezamos pelas vocações, somos levados a refletir sobre o grande mistério de amor de Deus, que nos chama constantemente a uma vida em comunhão com ele e com nossos irmãos. Longe de ser uma aptidão pessoal ou algo que se restringe aos padres e religiosos, a vocação é algo que parte do coração amoroso do Pai, que nos chama, nos convida e nos conduz. Primeiramente, Deus nos chama à vida, nos traz à existência. Logo em seguida nos convida e nos atrai às águas batismais, a fim de que nos tornemos verdadeiros e autênticos filhos seus. A partir desse momento, Deus sempre estará ao nosso lado, nos chamando para os mais diversos ministérios e serviços, de modo que a uns Ele chama para a vida consagrada e a outros, para a vida laical e familiar, fazendo todos juntos acontecer já aqui o seu Reino de amor. Neste ano, em sua mensagem, o papa destaca dois aspectos que envolvem toda vocação: a promessa e o risco, partindo do relato do chamado dos primeiros discípulos junto ao lago da Galileia (cf. Mc 1,16-20). Tomo a liberdade de citar livremente e reproduzir alguns trechos da mensagem do papa, deixando o convite para a leitura da mensagem na íntegra. Diz-nos o papa: neste chamamento, Jesus vai pelo caminho, vê aqueles pescadores simples em sua lida cotidiana, aproxima-se, convida-os e faz uma promessa: “Farei de vós pescadores de homens” (Mc 1, 17). Aqui se nota que o chamado é iniciativa amorosa com que Deus vem ao nosso encontro e nos convida a entrar num grande projeto, apresentando-nos o horizonte de um mar mais amplo e de uma pesca mais abundante. Abraçar esta promessa requer a coragem de arriscar uma escolha. É preciso deixar-se envolver totalmente e correr o risco de enfrentar um desafio inédito; é preciso deixar tudo o que nos poderia manter amarrados ao nosso pequeno barco, impedindo-nos de fazer uma escolha definitiva. Quando estamos colocados perante o vasto mar da vocação, não podemos ficar presos às nossas redes no barco que nos dão segurança, mas devemos confiar na promessa do Senhor. De modo especial, no chamado à vida consagrada ou ao sacerdócio nos deparamos ao mesmo tempo com um entusiasmo e certo susto, pois tornar-se “pescador de homens” no barco da Igreja exige uma oferta total de si mesmo e um compromisso de serviço e fidelidade ao Evangelho e aos irmãos. Esta escolha inclui o risco de deixar tudo para seguir o Senhor e de consagrar-se completamente a Ele para colaborar na sua obra. Apesar de todos os desafios, não há alegria maior do que arriscar a vida pelo Senhor! – constata o papa, lançando um convite aos jovens: “não sejais surdos ao chamado do Senhor! Se Ele vos chamar por esta estrada, não vos oponhais e confiai n’Ele. Não vos deixeis contagiar pelo medo, que nos paralisa à vista dos altos cumes que o Senhor nos propõe. Lembrai-vos sempre que o Senhor, àqueles que deixam as redes e o barco para O seguir, promete a alegria duma vida nova, que enche o coração e anima o caminho”. Para que possamos saber se estamos sendo fiéis à nossa vocação temos um grande modelo a ser seguido: nossa mãe, Maria Santíssima. Em seu chamado também contemplamos uma promessa e um risco. A sua missão não foi fácil; ela, porém, não permitiu que o medo a vencesse. Seu “sim” é a resposta de quem quer comprometer-se e arriscar, de quem quer apostar tudo, confiando apenas na certeza de saber que é portadora de uma promessa. Ela, que manteve sua fidelidade em todos os momentos, poderá nos ajudar e nos conduzir sempre ao seu Filho Jesus, no qual encontraremos a resposta certa para todos os nossos anseios e inquietações. Assim, aproveitemos este dia para pedir ao Senhor da messe que mande mais operários para sua messe, fazendo surgir no seio da Igreja santas vocações. Somente a oração poderá nos mostrar o caminho certo a seguir, para ouvir a voz do Senhor, que nos convida com suavidade: “Vinde também vós para minha vinha” (Mt 20, 4). Como nos pede o papa, unamo-nos em oração pedindo ao Senhor que nos faça descobrir o seu projeto de amor para a nossa vida e que nos dê a coragem de arriscar no caminho que Ele, desde sempre, pensou para nós.
Pe. Everton Gonçalves Costa
Paróquia Sagrada Família (SBC Anchieta)
Assessor do SAV/PV