Se o Senhor não guarda a casa, em vão trabalham as sentinelas (Sl 127)
Há um ensinamento que nos orienta a preenchermos os espaços de nosso templo com o Espírito Santo de Deus, pois nos vazios existenciais, quer sejam nos templos de concreto, quer sejam em nossa mente e coração, se o Senhor não for “o primeiro a ser buscado, o primeiro a ser amado, o primeiro a ser servido”; poderemos nos perder na escuridão contrária aos caminhos iluminados pela luz do Espírito Santo… “A nós descei, divina luz…”
A luz que aquece, delineia, colore, mostra a direção certa… encoraja e nos impulsiona… enche-nos de esperança enquanto nos afasta da mesmice sofredora do medo, movendo-nos com segurança no pensar, no falar e no agir. “Não há direção certa para quem não sabe aonde vai”, nos ensina um provérbio popular. Mas, há coragem e superação quando confiamos nossa vida ao Espírito Santo. Quando nos lançamos ao caminho de conversão que nos aproxima cada vez mais do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
Quando temos certeza de sermos filhos e filhas muito amados (as) por Deus, e deixamo-nos inundar pelos dons do Espírito Santo – Sabedoria, ciência, fortaleza, conselho, entendimento, piedade, temor a Deus, (1 Cor 12), um sentimento de força quase heroica nos sustenta enquanto experimentamos seus frutos, ingredientes da receita de felicidade para cada um de nós e para o mundo todo: paz, amor, alegria, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão e auto domínio. (Gal 5, 22-23)
Que bom seria se nos deixássemos moldar pelos dons do Espírito Santo… um a um assimilados… quão sábios e fortes seríamos… Tornar-nos-íamos pessoas melhores, e conseguiríamos sair para o mundo cantando a Oração de São Francisco: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz… onde houver ódio que eu leve o amor, onde houver ofensa que eu leve o perdão, onde houver discórdia que eu leve a união, onde houver trevas que eu leve a luz…
No parágrafo 99 da Exortação Apostólica Pós-Sinodal, Amoris Laetitia, vimos que devemos ser dóceis e que “Ser amável não é um estilo que o cristão possa escolher ou rejeitar: faz parte das exigências irrenunciáveis do amor, por isso “todo o ser humano está obrigado a ser afável com aqueles que o rodeiam”. Acostumemo-nos a acolher, com docilidade, o Espírito Santo que garante nossa alegria e nossa felicidade plena.
Nosso querido Papa Francisco, em sua homilia do dia 09/06, Solenidade de Pentecostes, na Praça São Pedro, falou que: “Sem o Espírito, Jesus permanece personagem do passado; com o Espírito, é pessoa viva hoje. Sem o Espírito, a Escritura é letra morta; com o Espírito, é Palavra de vida. Um cristianismo sem o Espírito é um moralismo sem alegria; com o Espírito é vida.”
Padre Hermilo E. Preto, saudoso padre de nossa Diocese de Santo André, certa vez nos disse que existe gente com o coração tão fechado e tão duro que consegue frustrar até a ação do Espírito Santo. A princípio, parece impossível esta afirmação, mas observando melhor, nota-se que tem mesmo, pois vivemos em um mundo material, esvaziado do espiritual, onde a cultura da morte caminha a passos largos. Onde os casos de suicídio aumentam progressivamente a cada dia. Onde a desconstrução dos valores aparece como uma novidade “modernosa” a que todos têm direito para ser feliz. Infelizmente, o afastamento de Deus, a ausência do Espírito Santo conduz às trevas, à infelicidade, à doença espiritual, à morte.
Deus é um Pai tão maravilhoso e ama tanto seus filhos, que mesmo diante das desobediências e ingratidões, nunca se cansou, nunca desistiu de cada um deles … por menorzinho que fosse ou que se fizesse assim… Fez alianças seguidamente… enviou profetas, reis e por último, a eterna aliança, mandou seu filho Jesus para nascer entre nós… padecer e morrer pela nossa salvação, ressuscitar dos mortos e após sua ascensão ao céu, enviar seu próprio Espírito – o Paráclito.
A toda hora e em todo lugar, peçamos: Vinde Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis e acendei neles o fogo do Vosso Amor. Enviai o Vosso Espírito e tudo será criado e renovareis a face da terra. Oremos: Ó Deus que instruíste os corações dos vossos fiéis, com a luz do Espírito Santo, fazei que apreciemos retamente todas as coisas segundo o mesmo Espírito e gozemos sempre da sua consolação. Por Cristo Senhor Nosso. Amém.
“Todo pecado e blasfêmia serão perdoados aos homens, mas a blasfêmia contra o Espírito Santo não será perdoada. E àquele que falar contra o Filho do homem, ser-lhe-á perdoado; mas, a quem falar contra o Espírito Santo não lhe será perdoado, nem neste mundo nem no futuro”. (Mt 12, 31-32)
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Um Testemunho
Casados há 43 anos, (06/12/75) confiamos nossa vida a dois e em família ao Espírito Santo.
Em nossa noite de núpcias, ajoelhados no chão, um de cada lado da cama, fizemos uma oração para que o Espírito Santo nos desse Sabedoria e Entendimento para lidarmos um com o outro, especialmente em nossas diferenças e limitações, pois tínhamos consciência de que não seria fácil, mas que queríamos ficar juntos até o final de nossas vidas.
E assim o fizemos todos os dias… até a chegada dos filhos…. e depois deles, principalmente. Agora, experimentando tudo isso com os netos, que em poucos dias, serão 9 crianças: 5 meninas e 4 meninos.
A primeira filha, 9 meses de gestação, em uma época em que ainda não havia ultrassom por perto para acompanhar o desenvolvimento do bebê, nasceu morta e ficou morta em meu ventre dois dias antes do parto. Entregamos toda aquela situação difícil a Deus. Sempre tivemos conosco que os filhos não são nossos. São filhos de Deus, temporariamente aos nossos cuidados. Depois vieram mais 4, e com esta turminha, um belo aprendizado … bebês, crianças, adolescentes… e adultos que na necessidade sofrem correções fraternas até hoje, pois nossa missão de encaminhá-los no caminho do bem continua… somos pais de adultos agora.
Na época da adolescência, em uma manhã de domingo, o mais velho (o único menino entre três meninas) declarou que não precisavam ir à missa, que rezar em casa, era a mesma coisa.
Esta conversa nos desestabilizou, pois sempre participamos da Igreja, pertencendo às Equipes de Nossa Senhora, Encontro de Casais com Cristo, ajudando nos Batismos e formação de noivos, assíduos à Missa e outras celebrações, filhos conosco sempre, já tinham recebido os primeiros sacramentos: Batismo, Eucaristia e Crisma.
Assustados diante dessa novidade juvenil, como sempre o fizemos, rezamos ainda mais para que o Espírito Santo nos iluminasse para podermos lidar com quatro jovens e suas manifestações “rebeldes”.
Foi uma semana intensa de oração… Vinde Espírito Santo, iluminai-nos… dai-nos sabedoria, ciência… e no sábado, temos certeza de que foi a Sabedoria Divina que falou por nós.
Estavam todos prontos para saírem para as costumeiras baladinhas, quando os abordamos e perguntamos onde iriam, como se não soubéssemos do que se tratava, ao que responderam; à baladinha, mãe, hoje é sábado.
Eu lhes disse: Nós os alertamos contra os perigos possíveis nestes eventos e nunca os impedimos de sair, mas tem algo martelando nossa cabeça desde domingo. Vocês disseram que não precisam ir à missa, que rezar em casa é a mesma coisa. Pois bem, hoje faremos uma experiência para provar o contrário. Vocês não irão à baladinha, dançarão em casa, é a mesma coisa. E não os deixamos sair.
Não é preciso dizer que nunca mais defenderam a ideia de que, em se tratando de missa, rezar em casa é a mesma coisa. Graças ao Espírito Santo, esta e tantas outras situações foram tratadas com coerência para o bem do caminho espiritual de toda nossa família.
Que o Espírito Santo continue a derramar sobre nós, os seus dons, pois muitos frutos temos experimentando ao longo desta caminhada em família. Amém.
Artigo desenvolvido por Osmarina Pazin Baldon