Celebrar a Natividade de São João Batista é sempre um tempo favorável para pensar e rezar sobre o papel do ser humano frente ao grande mistério de Deus encarnado, Jesus Cristo. Podemos destacar três pontos: a alegria da vida, dom de Deus; a presença forte de João, desde o seu nascimento como nome que de tão forte solta a língua de Zacarias, seu pai; e o fato da mão do Senhor estar com ele.

Ao refletirmos sobre a alegria da vida, retomemos que a gravidez de Isabel era considerada impossível, pois ela já tinha idade avançada. Mas Deus mostra-se o Deus do impossível e contra qualquer lógica humana, Isabel concebe na velhice e logra bem esse tempo de graça. É tempo que alegra toda a comunidade que confia e vive o amor de Deus. A misericórdia de Deus se torna alegria dos entre “vizinhos e parentes” (cf. Lc 1,58).

“João é o seu nome” (cf. Lc 1, 63), assim escreve Zacarias que como graça volta a falar. É possível entender que João, nome forte, é aquele que incentivam a fala, profecia, a denúncia e o anúncio da conversão e da preparação para vinda do Messias. Louvar a Deus é ser testemunho de Deus e isso implica um compromisso com a justiça e a paz social.

Nesse sentido, o papel do cristão não combina com a omissão ou silêncio frente aos grandes problemas da humanidade. É preciso se inspirar em João que não teve medo de enfrentar os poderosos que oprimiam o povo, como ao enfrentar Herodes e isso lhe custar a vida. Em tempos marcados pelo medo e pela violência, devemos, como discípulos-missionários de Jesus, usar a voz para promover o bem comum, ou seja, o Reino de Deus.

Quem vai ser este menino? Era essa a inquietação da comunidade. João Batista foi aquele que tinha força da mão de Deus com ele. Essa força não se tornou motivo de glória pessoal, mas de singeleza e humildade para se colocar como aquele que não é digno frente ao Mistério. João recebeu a missão de preparar o caminho de Cristo, que veio depois, mas já existia antes de todo o tempo, pois é a Luz de Deus, a Palavra de Deus, o Verbo que eternamente existe. João sabe seu lugar na missão: ele diminui para que Jesus cresça (cf. Jo 1, 27) e prepara as pessoas não para serem seus discípulos, mas para seguirem ao Cordeiro de Deus (cf. Jo 1, 36).

A Natividade de João Batista nos faz reconhecer a alegria e a importância da vida, e que a cada um de nós Deus nos confia uma missão. O testemunho do precursor nos faz repensar nosso agir como cristãos. Ele como o último dos profetas, nos remete ao profetizar em nossos dias, não como adivinhar coisas futuras, fazer revelações estrambólicas, mas a importância da denúncia de tudo aquilo que é diabólico, que gera o mal, que causa dor e sofrimento ao propor divisões e contendas, uma eterna guerra de todos contra todos, que gera somente dor e sofrimento.

Celebrar João Batista é reavivar em nossas vidas a esperança de que a mão do Senhor sempre estará conosco, e através de seu exemplo humilde e autêntico, lançar neste mundo dilacerado por discórdias, as sementes da construção de um reino de fraternidade, justiça e paz. Viva João Batista! Viva o precursor!

Artigo desenvolvido por Jerry Adriano Villanova e Glauber Machado