Diocese de Santo André

Ética das Virtudes

A pessoa madura e forte, é a que se desenvolveu plenamente vencendo os obstáculos que a vida impõe. E os obstáculos ao pleno desenvolvimento da personalidade se chama vício. O vício é um erro de cálculo na busca da felicidade. E virtude? Virtude (aretè gr. / virtus lat.= força), conforme a define o filósofo, “… é o que torna bom quem a possui e boa a obra que realiza” (Aristóteles). As virtudes são expressões do domínio de si, são fruto da liberdade bem orientada, é uma disposição adquirida de fazer o bem.

Das virtudes quase não se fala mais, isto não significa que não precisemos delas. Elas nos faltam, mas não de todo, do contrário como poderíamos pensa-las?

Na crise de valores em que estamos mergulhados falar em virtude saiu da moda. O mal uso do termo no passado (virtude seria característica de pessoas especiais, algo intimista, individual, impossível de atingir…etc.), mais o hedonismo reinante, fez cair em desuso falar de virtude. E também em vício, o oposto de virtude, já que é proibido proibir e, cada um é norma para si mesmo.

No entanto, aos poucos se percebe que é necessária uma “ética das virtudes” para vencer o espírito anticomunitário, laxista e consumista de nossa sociedade. Para renovar a linguagem das virtudes é necessário renovar a sociedade. O sábio oriental Confúcio, ensinava que três são os caminhos pelos quais chegamos à virtude: pela reflexão, o mais nobre; pela imitação, o mais fácil; pela experiência, o mais doloroso.

A virtude está ordenada ao agir, ao praticar o bem, ela é a saúde da alma.  O fim primordial da virtude é a adesão à verdade. No caso do cristianismo, é adesão convicta à vontade de Deus, à obediência ao Espírito Santo. Quanto mais você pratica a virtude, mais você se torna apto a praticá-la. É fundamental na virtude a tenacidade em perseverar no bem e em buscar as condições para realiza-lo. A virtude se nutre da fidelidade.

Lendo a Bíblia, aprendemos sobre as “virtudes teologais”, assim chamadas porque tem a Deus por objeto. São a fé, a esperança e a caridade. As virtudes teologais causam todas as demais virtudes: “Agora, portanto, permanecem estas três coisas: a fé, a esperança e o amor. A maior delas, porém, é o amor” (1Cor 13,13).

Na Palavra de Deus aprendemos também sobre as quatro virtudes chamadas Morais, ou cardeais (cardo=gonzo), são prerrogativas que qualificam a retidão humana, tem como objeto atitudes que favorecem a perfeição moral da pessoa, e a sua união com Deus que é suprema perfeição.

São elas: Prudência, que nos leva a escolher o que é mais conforme a vontade de Deus, habilitação para discernir o verdadeiro bem e para prover e decidir as condições de sua realização (cf. Mt 10,16; Mt 25,2). Justiça, é dar ao próximo o que lhe é devido, é santificar nossas relações com os irmãos, busca sincera de tudo o que favorece a relação e comunhão interna das pessoas entre si e das pessoas com Deus. (cf.: Mt 5,6 e 5-20; Ef 4,24).  Fortaleza, arma-nos para a luta, para a paciência nos trabalhos e sofrimentos, força para elaborar e trabalhar situações negativas para que elas não nos desviem do bem (cf. : Is 25,4).  Temperança (ou sobriedade), modera em nós a ânsia do prazer e subordina-o à lei do dever, fortificar-se criando o hábito de praticar o que é bom a fim de estar pronto para sintonizar-se com Deus (cf.: 1Ts 5,6; 1Pr  1,13).

Há uma virtude que em si contém todas as outras e que é a Caridade: o Amor de Deus e do próximo amado por Deus (cf. Mc 12,28-34; 1Jo 4,8). A caridade é entre as virtudes, comparada ao sol entre as estrelas, por todas reparte a sua claridade e beleza. A caridade é, portanto não só a síntese, mas a alma de todas as virtudes unindo-nos a Deus de forma mais perfeita e direta. A caridade é a essência da perfeição.

Assim podemos concluir que a virtude de uma pessoa é o que a faz humana de verdade, ou antes, é o poder específico que tem o homem de afirmar sua excelência própria, isto é, sua humanidade. Ser virtuoso é viver segundo a razão, e como esta é a parte mais nobre do homem, segue-se que a virtude é o supremo bem que no ser humano possa existir.

Por mais difícil que possa ser, torna-se hoje necessária uma “ética das virtudes” que nos faça mais humanos. São as virtudes que fazem um homem parecer e ser mais humano do que outro e sem elas, no dizer do filosofo Spinoza, seriamos a justo título qualificados de inumanos (cf. in Ética, IV, prop. 50). Será que estamos nos desumanizando aos poucos, nos tornando apáticos e indiferentes,  ao não propormos mais as virtudes como valores?

 

Artigo desenvolvido por Dom Pedro Carlos Cipollini para o jornal Diário do Grande Abc.

Compartilhe:

Mensagem do Bispo Dom Pedro Carlos Cipollini para a Diocese de Santo André

Dom Pedro Carlos Cipollini celebra 9 Anos na Diocese de Santo André

Homilia, Missa do Jubileu Diocesano 70 Anos da criação da Diocese de Santo André

Ginásio lotado com mais de 7 mil pessoas marca celebração dos 70 anos da Diocese de Santo André

Catedral diocesana celebra sua padroeira

Padre Toninho assume nova missão na Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora

Jovens Sarados comemoram 15 anos com missa presidida pelo bispo diocesano

ENCONTRO CHEGA AO FIM COM REFLEXÃO SOBRE PERSPECTIVAS PARA A AÇÃO EVANGELIZADORA DA IGREJA NO BRASIL

PARTICIPANTES DE ENCONTRO DESTACAM PROPOSTA DE SINODALIDADE NA AÇÃO PASTORAL DA IGREJA

“O COORDENADOR DE PASTORAL É UM MEDIADOR DA GRAÇA DE DEUS E PROMOVE A COOPERAÇÃO NA COMUNIDADE”, DISSE NÚNCIO APOSTÓLICO