Diocese de Santo André

Sexta-Feira 13: medo sem fundamento

O termo superstição vem do latim “superstitio”, mas a origem é bastante discutida e teve diversos significados ao longo da história.

A palavra foi usada para definir a religião dos cristãos e, mais tarde, no século IV, serviu ainda para descrever o paganismo. Quando o cristianismo se tornou a religião oficial do Império Romano, passou a ser empregada para descrever também o judaísmo e as heresias. Ao que parece, o termo indica algo que está embaixo, algo que é de menor valor ou de conteúdo inferior.

Em Roma, já tinha ganhado um sentido depreciativo, como sinônimo de exercício exagerado da religião. Cícero deu à expressão um sentido religioso, falando das pessoas que todos os dias ofereciam sacrifícios aos deuses. Plínio usou o termo para identificar o cristianismo.

No campo jurídico, uma lei de Marco Aurélio condenava quem induzia nas mentes fracas o excessivo temor da divindade ou quem praticava uma religião que aterrorizava as pessoas. “Superstição” seria, portanto, a prática exagerada da religião não oficial; o exercício descomedido dos ritos religiosos, por temor ou medo de uma intervenção divina.

O supersticioso excede nos rituais, insiste na repetição e regula cada momento da própria vida cotidiana a partir do medo de ser punido pela divindade. A pessoa supersticiosa é uma presa fácil e com frequência se torna vítima de charlatões.

O desconhecido sempre atraiu a curiosidade e muitas vezes provocou o medo e o controle do ser humano. O advento da razão iluminou muitas realidades obscuras, mas nunca foi capaz de sanar todas as inquietações do coração humano e, tampouco, consegue explicar todas as experiências individuais com as forças desconhecidas da natureza e da religião.

O ser humano foi adaptando suas maneiras de entender e conviver com o mistério e com o desconhecido. A dinâmica da sabedoria humana supera os limites da razão e lida com a natureza e com a vida com mais respeito e de forma integrada.

A superstição, definida nos dicionários como falsa crença, temor reverencioso de certos objetos, gestos palavras, animais considerados capazes de dar azar, sempre esteve presente no imaginário do ser humano e foi adquirindo sentido pejorativo ao longo da história.

A tendência ou a disposição de ânimo para aceitar superstições está presente em todo canto. O supersticioso é aquele que se deixa levar por falsas crenças e crendices, fazendo reverências a objetos, coisas, gestos ou animais, considerando-os capazes de dar felicidade ou infelicidade a alguém. As superstições são crendices populares sem explicações científicas, criadas pelo povo, que passam de geração em geração. Para o Catecismo da Igreja Católica (CIC 2111), a superstição é definida como um desvio do sentimento religioso e das práticas que ele impõe. A superstição pode afetar o culto que prestamos a Deus como, por exemplo, quando atribuímos um valor mágico à certas práticas legítimas ou necessárias. O Catecismo conclui que, atribuir eficácia exclusivamente à materialidade das orações ou dos sinais sacramentais, sem levar em conta as disposições interiores que elas exigem, é cair na superstição. O mesmo diz o Evangelho, quando denuncia publicamente os exageros ou simplificações e a contradição da conduta e a hipocrisia (Mt 23, 16-22).

Muitas práticas, consideradas hoje como superstição, nasceram em contextos históricos bem definidos e foram perdendo o sentido religioso ao longo do tempo; ou são consequências de difamações por propagandas negativas. O gesto simples de cruzar os dedos, por exemplo, perdeu o sentido religioso e se tornou apenas um desejo de boa sorte; mas, antigamente era o modo como os cristãos se identificavam e mostravam a sua fé. Nos lugares e épocas de perseguições, os cristãos cruzavam os dedos para demonstrar a fé sem serem notados.

Passar embaixo de escadas hoje é visto como uma prática de azar, mas antes era entendido como um gesto de desrespeito à Santíssima Trindade. A escada aberta ou fechada formava um triângulo, um dos símbolos da Trindade e passar por baixo dela representava uma ameaça ao equilíbrio e, consequentemente, um pecado.

O temor e as histórias em torno da Sexta-feira 13 tiveram origem nas difamações e propagandas divulgadas durante o processo de cristianização do Norte da Europa. Quando os primeiros missionários cristãos chegaram e encontraram a religião praticada pelos povos nativos, propagaram a história de que a deusa do amor e da fertilidade chamada Frigga, revoltada por ter perdido espaço para os cristãos, exilou-se no alto de uma montanha e todas as sextas-feiras se reunia com outras onze feiticeiras e com o próprio diabo, formando um grupo de 13, para praguejar contra a humanidade. Os missionários popularizaram a história de que a deusa Frigga era uma bruxa.

Outra lenda popularizada sobre a Sexta-feira 13, diz que 12 deuses estavam fazendo um banquete, quando Loxi, espírito do mal e da discórdia, associado à trapaça e malícia apareceu sem ser convidado. Ele induziu o deus cego Hoder a atirar uma flecha contra o próprio irmão Balder.  Uma lenda na Pérsia dizia que existiam 12 constelações que regulavam o mundo, cada uma durante um milênio e no 13º milênio o caos reinaria.

Jesus revelou o rosto misericordioso de um Deus que é Pai bondoso. Os Evangelhos estão repletos desta experiência com a misericórdia de Deus. Ele é o Deus da justiça e da paz e nele não há vingança nem castigo. O cristão não tem que cultivar o medo de Deus e nem precisa de artimanhas ou malabarismos para se defender de Deus.

Artigo desenvolvido por Pe. Clemilson Pereira Teodoro 

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