A Semana Santa 2020 foi vivenciada de uma maneira diferente. Pela primeira vez, os fiéis acompanharam de suas casas as transmissões pela internet. De forma inédita, os padres celebraram as missas sem a presença de público. Devido à pandemia do coronavírus, as procissões não foram realizadas. No entanto, a reflexão sobre o itinerário da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo teve, como sempre, a mesma fé e emoção diante da impossibilidade de as pessoas não estarem fisicamente nas paróquias, mas conectadas por meio da comunhão espiritual e unidas pela meditação da Semana Maior.
Unidos pela comunhão
Coordenador da Pastoral Presbiteral e pároco da Paróquia Bom Jesus de Piraporinha, em Diadema, Pe. Roberto Alves Marangon, define que celebrar o Mistério da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus, nesse momento de pandemia, nos permitiu experimentar, mais de perto, a profundidade do recolhimento. “No silêncio do coração, abrir os ouvidos aos apelos de Deus em nossa vida. No altar, na patena e no cálice, Jesus se faz alimento e nos ensina que a sua presença ultrapassa os limites do distanciamento físico, a comunhão nos une na contemplação e alimenta o desejo de sempre tê-Lo em nossos corações”, destaca Pe. Beto.
Sabedoria e paciência
Cerimoniária na Catedral Nossa Senhora do Carmo, Dayana Panassi pediu sabedoria, neste momento de dificuldades que o mundo atravessa, diante dos bancos vazios e sem rostos nas igrejas. “Estar na igreja sem as pessoas me fez sentir uma dor horrível, pois a dor que eu senti por estar longe da Eucaristia era a dor dos meus irmãos, e naquele momento tudo que eu pedi a Deus, foi que ele confortasse o coração de todos, para que tudo ficasse bem e voltasse ao normal logo“, avalia.
Semana de emoções
Entre os mais joviais, a experiência também trouxe muito aprendizado. É o caso daqueles que participam da Paróquia Nossa Senhora das Vitórias, em Mauá. “Uma semana muito abençoada, sempre em oração sentindo a presença de Cristo, apesar da falta que senti de estar na Casa de Deus”, comenta o coroinha Luan Gabriel dos Anjos Santos.
“Uma semana bem diferente dos nossos costumes, mas apesar disso não deixamos de estar unidos em oração, muita emoção e boas lembranças”, endossa a cerimoniária Eliza Mota Conselheiro.
A serviço da Igreja
A missão de Marcelo Rocco, paroquiano da Paróquia São João Batista, no Riacho Grande, em São Bernardo, foi levar as Santas Missas até as casas das pessoas, por meio das transmissões pelas redes sociais. Para isso, ele contou com o apoio do Frei Sérgio Malacarne, coordenação geral, pastorais da Liturgia e da Comunicação neste lindo trabalho de evangelização. “Tivemos um momento emocionante em que acendemos os sírios pascoais representando cada comunidade da Paróquia São João Batista do Riacho Grande. Nos sentimos a serviço da Santíssima Trindade”, relata.
União no silêncio
A serviço da Diocese de Santo André há mais de duas décadas, Irmã Wilma Carvalho revelou que esses momentos de isolamento social, sem o comparecimento nas igrejas, contribuíram para aprofundar a verdade da habitação da Santíssima Trindade em nós. Ela cita frase do cardeal Van Thuan, quando prisioneiro: “Escolher Deus e não as obras de Deus. Deus me quer aqui, não em outro lugar“, recorda Wilma, ao ressaltar que Maria nos ensina como viver essa união no silêncio.
Sintonia com o povo
O seminarista de Teologia, Douglas Colácio, recordou que mesmo o fiéis não podendo participar da procissão da Sexta-feira da Paixão, muita gente acompanhou do portão de suas casas esperando o carro passar com as imagens do Senhor Morto e da Senhora das Dores.“Foi algo lindo de se ver, uma experiência incrível, pela qual também desejo não mais passar. E acredito que o povo também, ansioso para no ano que vem participar presencialmente da Semana Santa. Estamos vivendo um tempo favorável de unir a família, de reviver o sentido de nossa fé e da Igreja Doméstica“, sintetiza.
Fé nos lares
Paroquianas da Paróquia Santa Luzia, de Ribeirão Pires, Márcia Potássio Euzébio e Roselene Caetité analisaram os aspectos positivos de celebrar a Semana Santa em casa. “Parabéns ao Padre Clemilson e a todos que não mediram esforços para que tivéssemos todas as celebrações da Semana Santa. Foram momentos únicos. A missa do Domingo de Páscoa foi uma das mais bonitas e simbólicas que já participei“, constata Márcia. “Agradeço o esforço de todos, por todo amor pela igreja e seu rebanho, por nos trazer Jesus todos os dias, pelas peregrinações nas capelas e por visitar o seu povo. Gratidão a toda equipe”, complementa Roselene.