O atual cenário causado pelo novo coronavírus ocasionou uma grande mudança na vida da comunidade escolar brasileira, com o fechamento das escolas como medida do distanciamento social, e escancarou a desigualdade social no campo da educação que já era conhecida por décadas em nosso país.
Professores, pais, educadores e as instituições foram surpreendidos com as aulas remotas (não presenciais). Quero destacar, em especial, o drama que os alunos do ensino médio estão passando, principalmente aqueles que sonham ingressar no Ensino Superior, pois vivemos grandes incertezas quanto à aplicação do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM).
Depois de uma grande pressão social e da mídia, o Ministério da Educação (MEC) e o Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais (INEP), que respondem pelo exame, anunciaram a prorrogação da data da prova em 30 ou 60 dias. Contudo, ainda temos grandes problemas, pois com as aulas remotas (não presenciais) a defasagem dos alunos tem aumentado muito, visto que nem todos os jovens possuem celular, computador, internet, televisão, casa, uma família para acompanhar os estudos e boa parte nem mesmo uma mesa e cadeira para estudar.
Algumas perguntas ainda estão sem respostas:
Como se preparar adequadamente para uma prova que é a porta de entrada para a universidade nessas condições?
Como garantir a equidade do ENEM com a dificuldade de milhões de jovens no acesso as aulas on- line?
O que fazer para suprir a defasagem escolar em tempos de pandemia?
A CNBB apoia o adiamento do ENEM, mas ainda acreditamos que 30 ou 60 dias não serão suficientes para tirar todo o atraso do conteúdo programático dos alunos. Outro problema que o MEC não respondeu é sobre a revisão do conteúdo da prova do ENEM, pois as avaliações já foram elaboradas sem levar em consideração o contexto da pandemia. Vemos por exemplo: um aluno da rede pública estadual que ficava 5 horas na escola por dia estudando as várias disciplinas, agora com as aulas remotas (não presenciais), o tempo de aula caiu para menos da metade. Isso cria uma grande lacuna pedagógica.
Queremos reconhecer o brilhante esforço dos professores que transformaram sua sala ou quarto em salas de aula. Pensando nisso, a Pastoral da Educação da Diocese de Santo André, por meio do Vicariato para Caridade Social, está preparando um Cursinho Preparatório para o ENEM.
O objetivo do projeto, que já acontece há três anos em nossa diocese, é ajudar os alunos na preparação para o ENEM e outros vestibulares. Qualquer pessoa pode participar das aulas, que este ano será on-line com as grandes áreas que o ENEM trabalha: Ciências Humanas e suas Tecnologias, Ciências da Natureza e suas Tecnologias, Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Matemática e suas Tecnologias.
Este projeto terá início em junho. Nas próximas semanas vamos disponibilizar as inscrições pelo site da nossa diocese
Prof. Renan Evangelista Silva
(Coordenador Diocesano da Pastoral da Educação)