A partir desta quinta-feira (25/06), a Diocese de Santo André inicia uma série de depoimentos de pessoas que superaram as adversidades e venceram a batalha contra a Covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus.
Convidamos para o primeiro testemunho uma das profissionais que estão na linha e frente, a enfermeira e técnica de enfermagem, Renata Paula, que também é coordenadora de Coroinhas e Cerimoniários da Região SBC-Anchieta, e nos traz um belo testemunho sobre o momento em que soube do teste positivo, os dias de tratamento, bem como o processo de recuperação da Covid-19. “O sentimento agora é de plena gratidão, aos amigos e parceiros de plantão nesta luta pela vida e em defesa da vida”, destaca.
O início
Renata conta que no dia 14 de maio de 2020 teve um pequeno resfriado. Medicada, os sintomas de tosse e coriza sumiram após quatro dias. Como profissional da saúde fez o exame da Covid-19 na semana anterior e o resultado deu negativo. No entanto, após esses mesmos quatro dias, outros sintomas como dores de cabeça e do estômago surgiram de repente. Mesmo assim, a enfermeira compareceu ao plantão. Em determinado momento, quando foi ajudar uma colega na sala de emergência, havia apenas um paciente, no qual seu diagnóstico era Covid-19. “Por volta das 22h30 esse paciente entra em parada cardíaca, eu já não estava passando muito bem e naquele momento tive vertigem, foi Deus quem me ajudou a ajudar a continuar”, confessa Renata, ao dizer que a equipe foi decisiva para reverter a situação.
O diagnóstico
A técnica em enfermagem foi para casa, mas algo não estava bem contigo. Ao acordar no outro dia, foi ao médico para fazer novos exames. No exame de raios X, aparece uma mancha no pulmão. Começou tratamento com antibióticos. No dia seguinte retornou ao plantão e junto a ele, as dores persistiam a acompanhá-la. A decisão foi realizar novamente o teste da Covid-19 para dirimir quaisquer dúvidas. A notícia não foi animadora. Dessa vez deu positivo. Nesse instante começava a saga de 14 dias de quarentena.”Tive todos os sintomas, insuportável, foi horrível, tirei forças de onde não tinha, mas eu sabia que Deus estava sempre ao meu lado para que eu pudesse ter uma boa recuperação”, recorda.
Apoio familiar
Renata revela que a convivência com a doença impõe muitos obstáculos. “Tive que me isolar, usar máscaras e luvas dentro de casa, tudo meu era separado, talheres, roupa de banho”, atesta. No entanto, a enfermeira diz que nessa situação, a paciência e cuidado dos familiares se tornam essenciais. “Minhas irmãs Andreia e Amanda cuidaram muito de mim. Foram a minha linha de frente como instrumentos de atenção, carinho e amor, assim como meus pais”, agradece.
A recuperação
Durante os 14 dias de isolamento social, Renata teve melhora gradativa dos sintomas e disse que em nenhum momento teve medo e enfrentar a doença. “Talvez eu tenha sido muito forte não só por conta da minha família que se preocupou e cuidou de mim a todo o momento, mas também porque tenho amigos que também se colocaram à disposição para me ajudar, ficaram ao meu lado e rezaram por mim”, avalia a enfermeira, ao mencionar os amigos da área da saúde, padres e fiéis e várias paróquias que se uniram em orações pela sua recuperação. “Em momento algum me senti desamparada, sempre senti a presença viva do amor de Deus ao meu lado.”
O recado
Renata deixa uma mensagem de conscientização para aqueles que muitas vezes não estariam acreditando na gravidade da pandemia. “É uma doença silenciosa que leva a morte. Você pode não estar sentindo nada e nem usar máscaras, mas você pode ser assintomático e ser o agente transmissor”, alerta.
A profissional recorda que a Covid-19 já vitimou quase meio milhão e pessoas em todo o mundo. “São vidas e não simplesmente números. Não esperem nem queiram que ela [doença] se manifeste em um dos seus familiares. Vamos respeitar as novas normas, segundo o Ministério da Saúde, e principalmente o distanciamento social. Tenhamos paciência, perseverança, sabedoria e acima de tudo fé”, avisa.
Para encerrar o testemunho, Renata relembra o lema da Campanha da Fraternidade 2020, a fim de explicitar os tempos que vivemos de pandemia: “Viu, sentiu compaixão e cuidou dele”.