A Diocese de Santo André prossegue nesta quinta-feira (16/07) com o quarto capítulo da série especial “Curados para Amar”, que reúne depoimentos de pessoas que superaram as adversidades e venceram a batalha contra a Covid-19.
Nesta edição conheceremos a história da família da assistente administrativa Márcia Aparecida Lima dos Santos, 33 anos. Ela contraiu Covid-19 juntamente com mais três familiares: sua mãe Edna Aparecida Lima de Almeida, 69 anos, (foi catequista por mais de 20 anos, da Liga Católica e ministra da Eucaristia); o marido Rodrigo Sousa dos Santos, 32 anos; e a filha do casal, Maria Alice Lima dos Santos, 3 anos. Ela já atuou como coordenadora da juventude e catequista durante vários anos na Paróquia Nossa Senhora das Vitórias, em Mauá. Hoje frequenta as missas na igreja. Trabalhando num hospital de São Bernardo, no Grande ABC Márcia revela os momentos de tensão e dificuldades ao saber que a doença havia acometido as pessoas que ama, a oração como arma para lutar contra a enfermidade, a união da família para vencer a Covid-19 e ao final faz uma bela homenagem.
“Nestes momentos tão difíceis em nossas vidas que percebemos a importância da nossa família, e até mesmo da comunidade, que ajudaram a confortar nossos corações”, confidencia.
Diagnósticos e sintomas
Dos quatro familiares infectados pela Covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus, Márcia foi a primeira a ter os sintomas. O primeiro sinal de que poderia ter contraído a doença foi saber que estava com febre, no dia 25 de abril (sábado). “Dor de cabeça, também. Passei o fim de semana assim e decidi ir ao médico na segunda (27 de abril)”, conta. Fez o exame e dois dias depois chegou a notícia do teste positivo para Covid-19. Por outro lado, os sintomas de sua mãe Edna apareceram dois dias depois, em 29 de abril. No dia 3 de maio sentiu mal estar e precisou ser internada, já que tinha histórico de enfisema pulmonar.
Já o marido Rodrigo começaria a ter os indícios da doença no dia 1º de maio. Praticamente uma semana depois sentiria sintomas mais graves como falta e ar, sinalizando para sua internação no dia 11 de maio.
Por último, a pequena Maria Alice teve febre alta no dia 6 de maio. Tomou antibióticos durante dez dias. Melhorou. Não chegou a fazer exames, mas a médica disse não ter dúvidas de que também estava infectada pela Covid-19. “A gente sente um desespero, pois é algo que acreditamos nunca acontecer conosco. Ainda mais com a família”, relata Márcia.
Dificuldades e superações
A chamada quarentena para quem está com a Covid-19 pode ser um grande desafio. Conviver com a solidão não é das tarefas mais fáceis, num quarto trancada e sem visitas. Ainda mais quando as pessoas que ama clamam por sua ajuda. “Como fui a primeira a ter os sintomas, fiquei isolada cinco dias no quarto. Mas quando meu marido teve os sintomas, pediu para eu sair para ajudar a cuidar de nossa filha de três anos, porque não estava conseguindo cuidar sozinho. E minha mãe estava isolada na casa debaixo”, explica Márcia. A solidariedade de parentes que realizavam as compras no mercado foi de grande valia neste momento. No entanto, nada se compara a dor de saber que a família estava contaminada.
“Minha mãe foi internada depois, meu marido também e tive que cuidar sozinha da bebê. Essa foi a parte mais difícil de lidar com ausências e ao mesmo tempo enfrentar a doença”, confessa.
Fique em casa!
Esse é o recado da assistente administrativa, que presenciou de perto a gravidade da situação. “Mantenha o distanciamento social. Não tenha contato com outras pessoas. Higienize tudo que trazer para casa. A gente tinha todos esses cuidados, mas infelizmente não foram suficientes. É preciso ter o máximo de cuidado. Trabalho em hospital e não podia ficar em casa. Mas quem pode, fique”, clama.
A cura
Se libertar da Covid-19 é um processo lento para muitas pessoas. Cada indivíduo reage de uma maneira diferente. “Quem está enfrentando a doença peço que Deus traga paz no coração de cada um, que tenha tranquilidade de esperar. Tive a experiência do meu marido que demorou bastante para se recuperar, mas hoje está bem, graças a Deus”, comenta.
Segundo Márcia, o caminho mais curto para a cura é a oração aliada à confiança no trabalho dos profissionais da saúde. “Vamos todos juntos orar e pedir a Deus que acabe logo essa pandemia. Porque somente Deus para nos trazer conforto e paz aos nossos corações.”
A homenagem
Lembra que dissemos no início deste texto sobre uma bela homenagem? Pois bem, a ausência pode trazer tristeza e saudades para quem fica, mas o legado é eterno. Edna Aparecida Lima de Almeida foi ao encontro do Pai, no dia 14 de maio de 2020. De acordo com a filha, os ensinamentos e presença materna ficarão para sempre.
“Minha mãe sempre foi uma pessoa de muita fé. Uma pessoa de bom coração. Gostava de todo mundo. Não falava mal de ninguém. É o legado que fica para mim hoje: aprender a conviver com minha família, a ficar mais próximo dos meus familiares. Isso que eu guardo para mim, porque percebi neste momento tão difícil como a família é importante”, finaliza Márcia.